quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O que por aí passa


Em Portugal, toda a votação em acto eleitoral passou a ser uma espécie de jogo, como o de damas ou o gamão, um jogo com o incerto e o errado, com nenhumas questões morais, acto naturalmente acompanhado de apostas como se de uma corrida de galgos se tratasse. Dou o meu voto, talvez, ao que considero mais capaz, mas estou fatalmente condenado a assumir que este meu direito não prevaleça! Não me disponho a isso mas a verdade é que me obrigam a entregar a minha preferência nas mãos de uma minoria usurpadora. Por muito que custe a essa cáfila intrusiva que tem inferioridade em número, o carácter e o voto dos eleitores que dão uma maioria não se discute. E a minha decepção com este sistema falacioso de representatividade radica na certeza de que um governo surgido de uma eleição popular, de facto não vale. O que vale são os desconformes egoísmos dos que se alimentam de miseráveis expedientes para chegarem ao poder. Afinal, a razão prática por que se permite que uma maioria governe, quando o respectivo voto do povo finalmente se coloca nas mãos do povo, não é a de que essa maioria esteja provavelmente mais certa, nem a de que isto pareça mais justo para a minoria, mas sim a de que a maioria é política e até fisicamente a MAIORIA. Mas, assim, eleições para que vos quero se afinal a verdadeira vontade dos eleitores não conta para nada? Com esta reles forma de pôr a governar os derrotados em eleições, institui-se pois nova regra de sufrágio; os votos jamais podem exceder as conveniências dos que perdem. Bonito, muito bonito! Da próxima vez que me pedirem para ir votar, irei com toda a certeza, mas apenas com uma convicção. Não a de tentar somar parcela à formação política que eventualmente me agrade, isso já não adianta, mas antes subtrair convictamente votos aos que, enquanto houver tutano, fazem manguitos aos eleitores sérios. Ora adeus! Entretenham-se com outros tutanos!


Mário Rui
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