quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Não há populismo mais belo do que a fome. Mas o que é demais é moléstia!

 
É uma pena que se confundam alhos com bugalhos, mas pior é quando um cisma mascarado de dedicações humanitárias se quer afirmar de bom carácter e se torna apenas tolo quando visto por dentro. E Portugal é assim em muita da bodega política, mas também da instrução pública, que se julga da nobreza da doutrina acabando depois na fanfarronice dos dúbios, néscios e presunçosos. Extinto o último “brilho” da tolice instituída, só deixam atrás de si um fétido forte a curral. Beber até cair, numa boa queima das fitas, uma praxe a preceito e o enxovalho aos mais frágeis, isso sim, é Mundo. E se adicionados uns fumos e mais umas loucuras avulsas de grande plano utilitário, logo percebemos como são os que, mandando, estão sem dúvida alguma ao serviço de intenções compadecidas. Uns amores, embora todos de parlenda hábil, apenas! Mas, não sei se pela preguiça do clima, se por activismo de sofá em demasia, continuamos a ser um povo de sono. Cada vez mais domesticados e sem que tal nos preocupe por aí além. Comemos tudo o que nos impõem. Não importa se é tratar melhor o bicho do que o Homem, se é proibir a vaca que por cá já é sagrada para alguns, tudo vale para convencer pasmados. E é este populismo, em particular o dos que agora fazem do grunhido uma eloquência, que permite deixar passar tantos dislates, tantos excessos. Estamos à mercê do primeiro vendedor de banha da cobra que nos promova a irracionais. E, por este caminho, já não faltará muito para que seja o cavalo a montar o homem, o cão a pôr a trela ao dono e o comum português um estorvo para o gato. O mesmo será dizer que, futuramente, tudo o que anda sobre dois pés é inimigo. Vem aí novo “Triunfo dos Porcos”, mas por razões diversas das de George Orwell, seguramente. E o cidadão, mesmo vertical, mas impávido e sereno, está preparado para ser tudo quanto o populismo queira? Não sei, mas talvez seja já tempo de percebermos que a noção do real não corresponde exactamente à dos assuntos de hoje e pela simples razão de que todos estes meios de impressionar, poucos votos renderão.
 
Mário Rui
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