terça-feira, 27 de outubro de 2015

Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo



Tem dias em que não me apetece escrever e, se nesses dias escrevo, é porque vejo neste recinto com cancelas e grades, dividido em várias partes, uma porta que não se abre aos calmos, sorridentes, mas taciturnos com o resto da vida que lhes sobeja. Penso na armadilha que essas portas nos armaram e nos homens que revelam um sentimento de perigo do que poderá vir deles. Até que consigo abrir uma cancela e fico com a harmonia dos que me acalmam, os simples - acham alguns pobres de espírito – mas que são grandes pela singeleza de carácter e que nos dizem tudo sem traição!  
 
Mário Rui
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Não, não e não


Não, não e não (LER AQUI)! Desculpem lá. Podemos estar todos falidos, podemos ter o dorso curvo de tantos sacrifícios, podemos ir fuzilando as nossas próprias cóleras pelo tanto que nos pedem, podemos domesticar ferocidades de temperamento por sabermos que estamos num país violentamente empobrecido e até podemos ir concedendo, ainda que hermeticamente fechados, o benefício da dúvida a quem tem de gerir o pouco que Portugal tem. Mas tudo isto não se pode trocar por cinismos a que alguns votam os mais carentes, dizendo-lhes despudoradamente que isto é uma luta imprescindível. Caramba, isto é fazer violência à mais necessitada natureza de quem não pode! A vida dos que lutam pela vida, o desespero da luta pela existência, a desesperada guerra em que muitos se vão, merece mais respeito! Se temos de perder uma pessoa que nos é muito querida, serão estes excrementos de leis que fazem justiça à condição humana? Mas pode um escravo da doença ser dupla vítima pela maleita e pela injustiça de alguns homens? Sabem, seus burros legisladores, a bondade que nasce do cansaço de sofrer, às vezes é um horror mais suportável do que esse silencioso mas matreiro colapso dessas câmaras de decretar leis que vocês idealizam. E se ninguém vos chamar os nomes que eu vos chamei, um dia v.exas. transformarão os baptismos em culto de fraqueza e os enterros em humor! Há dor que está no peito de quem se sente arrombado para a vida e a mim dói-me saber que também há gente que não sente qualquer dor pelo padecimento de quem se despede de nós. Não haverá por aí sítio melhor onde se procure dinheiro que remedeie tão pegajosa tristeza em que estamos? É mesmo necessário aconselhar que coma menos quem está morrendo de fome? Não dá para pedir aos fartos que comam menos? E essa da “esperança de vida de três anos de vida” faz-me pensar se não terão os legisladores virado deuses. A vontade constante de Deus passou agora para as vossas mãos? Peço desculpa pela linguagem, mas se em todas estas medidas a força da indiferença acaba por triunfar, porque é que devo ser educado com a ingratidão?
 
Mário Rui
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Entrega do Prémio Nobel


27 de Outubro de 1949: entrega do Prémio Nobel

O médico, professor e investigador português António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz (1874-1955), Avanca – Estarreja, partilha o Prémio Nobel da Medicina com Walter Hess (1881-1973), pela "sua descoberta do valor terapêutico da leucotomia em certas psicoses".

 
Mário Rui
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