terça-feira, 16 de abril de 2013

Boston, Abril 2013- de novo o terror!
































A verdade é que a sociedade moderna não acredita que possa estar em segurança sem, consciente ou inconscientemente, tomar medidas para salvaguardar essa segurança. Estas medidas significam, antes de mais, a orientação e a vigilância da conduta humana; significam controlo social. Este, por sua vez, pode ser exercido de duas maneiras. Podemos colocar as pessoas numa situação que as impeça de fazer coisas que não queremos que façam; ou colocá-las numa situação que as encoraje a fazer coisas que queremos que façam. Não queremos que certas coisas sejam feitas por serem julgadas prejudiciais à ordem social. Desejamos que outras coisas sejam feitas porque julgamos que irão perpetuar e revigorar a ordem social. Quer queiramos evitar a conduta indesejável quer queiramos incentivar a acção desejável – proporcionar as condições apropriadas é a tarefa crucial. Mas esta tarefa divide-se em duas: a prevenção e o incentivo. A prevenção é o objectivo da administração, se existe razão para se crer que, deixadas ao seu critério, as pessoas se comportarão de maneira contrária à conduta que a manutenção da ordem social exige. O incentivo é o indicador, se acreditamos que outras pessoas, se lhes for dada oportunidade, optarão por acções que julgamos irem reforçar a devida ordem das coisas. É a isto que diz respeito a oposição entre heteronomia e autonomia, controlo e auto-controlo, arregimentação e liberdade.

Zygmunt Bauman

Mário Rui