sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Sociedades ditas secretas














Clicar para ver a Lista dos Maçons do GOL ! Parece já estar desactualizada mas ainda assim merece uma vista de olhos.

31 de Agosto de 2012

Mário Rui

Na minha santa e pura ignorância a propósito de muitíssimos assuntos que sempre acompanham o meu dia-a-dia, há um que, há já algum tempo, me vem assaltando o espírito. Não porque me cause prejuízo próprio, julgo eu, mas porque se trata de matéria a que nunca dei grande importância, mas que desde sempre me intrigou a ponto de forçosamente me levar a ler algo sobre a mesma.

E essa minha curiosidade assume um papel de maior relevo na justa medida em que se trate de assunto que por si só se auto-denomine de secreto.

Eu bem sei que a ignorância é o estado mais puro da felicidade mas, mesmo assim, às vezes dá-me para ser infeliz em resultado da busca, da procura de respostas para perceber certas coisas.

No caso vertente, deu-me para tentar entender o que é isso da Maçonaria em Portugal. Não me interessa aprofundar muito o assunto mas apenas tentar compreender, qual a química, a composição intrínseca do mesmo, seus efeitos e já agora as suas propriedades.

Pois bem, de tudo o que consegui reunir à volta do tema, e não me apeteceu ler o Diário de Notícias que, sobre a matéria, consagrou várias páginas a este fenómeno social, em algumas das suas últimas edições , ficou-me a ideia que afinal Maçonaria significa qualquer coisa como sendo de universal, ritualista – como odeio o culto de certos rituais- fraterna, filosófica e progressista, tendo por objectivo primeiro o desenvolvimento espiritual do homem com vista à edificação de uma sociedade mais livre, justa e igualitária.

Que grandes e sublimes propósitos, digo eu e porventura alguns outros, blindam esta corrente que , como então escreveu Eça de Queirós, “a Nação é a escola presente para a Super-Nação futura. Amar a Pátria e a Humanidade é um dos deveres dos Maçons”. Aí está outro bonito pensamento que, dito por quem foi, até me poderia levar a acreditar em tais altruístas fins a que se propõe a Maçonaria.

Mas alto! Atenção que a coisa assim dita até me faz lembrar um poeta que, diz-se, era o poeta do regime nazi. Mas passemos à frente. Talvez não valha a pena dissecar muito sobre aquele enunciado de valores que fiquei a conhecer como sendo as referências que norteiam, ou procuram nortear esta tal Sociedade Secreta. É altura de acrescentar que, ao que a mim diz respeito, sociedades secretas sempre me deram volta à cabeça e, quem sabe, se não estará aí a razão para de quando em vez ter de tomar uns comprimidos para as minhas angústias, depressões e desilusões.

Bom, mas cada um é como cada qual. Como facilmente se perceberá, já estou a desconversar a propósito do tema da crónica de hoje, não porque não a queira perceber, mas tão só porque de facto começo a vislumbrar que a bota não bate com a perdigota. Quando assim é, cria-se em mim uma certa peregrinação de desconfianças e interrogações para as quais não tenho solução a dar quanto mais respostas.

Fico-me então pelas interrogações e comentários que, como disse no início, se fundem na minha santa e pura ignorância, senão mesmo estúpidez.

Assim sendo, eu acho que estas e outras sociedades secretas acabam resultando num conjunto de homens ditos nobres – serão?- que separam de si os seres nos quais se manifesta o contrário destes estados de alma elevados e altivos.

Devo estar enganado, mas então qual a razão substantiva para tanto secretismo que a envolve? Dos anos de vida que já levo, e relativamente a tais pretensas bondosas acções, quer-me parecer que qualquer tipo de homem nobre sente-se a si próprio como determinador de valores, valores que procura disseminar e que nunca os idealiza ou põe em prática de modo secreto.

Homens nobres e valentes são os que pensam assim e que, com profundo respeito pelos outros não tão dotados, lhes oferecem desinteressada e abertamente os seus préstimos. E, estes préstimos, podem e devem ir desde a ajuda aos violados, aos oprimidos, aos sofredores, aos não livres, aos incertos de si próprios e até aos ignorantes como eu.

Do que li e apreendi no regaço da minha ignorância, e desculpem os Maçons, a Maçonaria de hoje não tem os valores e os princípios do espírito Maçónico que, incialmente, me pareciam ser as regras fundamentais de tal Sociedade. Não o sinto e, portanto, assim o denuncio.

Quanto ao secreto, sinto que as portas assim fechadas são de facto o melhor meio para dominar o Poder, para o subverter em proveito próprio. Seja na Justiça, na Saúde, na Educação e no mais que lhe queiram acrescentar. Será aí, nesse diabo desses secretos actos, que algum dia assentou a prosperidade de Portugal? Será por isso que sempre fomos a cauda do pelotão?

Que me tenha sido dado conhecimento do progresso do meu país e dos meus concidadãos com a acção filantrópica da Maçonaria, das duas, uma: ou eu nunca descobri tal desiderato só porque sou burro e mal sei ler, ou então essas Sociedades Secretas são tão, mas tão secretas, que até nem sabem que existem.

Mas concedo-vos o benefício da dúvida e então tudo o que para trás deixei escrito não passou de uma hora de efervescência minha, de aflição patriótica ou então de uma espécie de inundação sentimental. E ao divagar sobre esta última possibilidade, acontece-me pensar que já são poucos os que se querem preocupar com assuntos sérios. Prostam-se de barriga para baixo perante tudo o que é maçudo e difícil de compreender. Hoje, é a era das massas! Dos que por tudo e por nada protestam mas sempre sem acção que conduza!

Crónica escrita em 19 de Novembro de 2011

Mário Rui