quinta-feira, 30 de maio de 2013

Portugal recebeu 9 milhões por dia durante 25 anos – é obra! E vê-la????







































Se e quando lido com alguma bondade intelectual, o artigo de hoje do D.N. (VER AQUI) até nos pode parecer uma dádiva europeia que, eventualmente, em muito terá contribuído para a prosperidade do país que somos. Mas, repito, é mesmo necessário depositar-lhe muita benevolência de modo a que se possa aceitar o facto de termos dado um verdadeiro salto civilizacional com a adesão à CEE. Não por culpa da adesão em si mesma, mas sobretudo por culpa de quem a levou por diante: leia-se rota que entretanto lhe foi dada por gente de cá. De resto, o artigo limita-se - e bem - a dar a conhecer algumas das ‘grandes’ construções conseguidas e não tanto a fazer juízo de valor quanto às mesmas. Essa análise ficará para os próximos meses, altura em que o DN publicará as conclusões do estudo “25 anos de Portugal europeu”, uma iniciativa da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Aguardemos pois. Não nego que passámos para um patamar qualitativo que em nada se iguala ao vivido até então, sendo que também deve ser relembrado o estado geral de ‘pobreza franciscana’ em que Portugal se encontrava à data. Pobreza social e a quase todos os outros níveis, ainda resíduo do Estado-Novo e mais tarde de um mal-amanhado PREC, eu pergunto; mas era difícil mudar para melhor? Claro que não. É verdade que o país só tinha a ganhar com a entrada no clube dos mais ricos e avançados da Europa e daí não veio mal nenhum ao mundo. A ideia de uma Europa que nos ajudasse sempre foi algo acolhido com satisfação e esperança. E de facto ajudou-nos! O problema, como disse no início, e que me leva à questão sobre o tal pulo civilizacional que, decididamente, ainda não fomos capazes de dar, prende-se com o modo como foi, e é, gerida a grande oportunidade que nos ofereceram. No mais das vezes, mal e porcamente prosseguida por gente sem qualificações e com resultados que estão à vista de todos. Não querendo ser profeta da desgraça, não sendo minha intenção apagar o que de melhor nos trouxe a Europa comunitária, é também crucial que percebamos o dom que certos politiqueiros cá da terra, e outros ‘chicos espertos’ que aprenderam com os primeiros, têm para afundarem a esperança de um povo. Depois, se quiserem, chamem-me mentiroso!


- indicadores económicos e sociais periodicamente divulgados pela União Europeia (UE) colocam Portugal em níveis de pobreza e injustiça social inadmissíveis para um país que integra desde 1986 o clube dos ricos do continente.


- mas o golpe de graça foi dado pela avaliação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE): nos próximos anos, Portugal distanciar-se-á ainda mais dos países avançados. A produtividade mais baixa da UE, a escassa inovação e vitalidade do sector empresarial, educação e formação profissional deficientes, mau uso de fundos públicos, com gastos excessivos e magros resultados são os dados assinalados pelo relatório anual da OCDE sobre Portugal, que reúne com 30 países industrializados.


- diferente de outros (que fizeram também parte do 'grupo dos pobres' da UE ), Portugal não soube aproveitar para seu desenvolvimento os volumosos fundos comunitários que jorraram sem cessar de Bruxelas durante quase duas décadas, são alvo de concordâncias de analistas políticos e económicos.


- em 1986, Madrid e Lisboa ingressaram na então Comunidade Económica Europeia com índices semelhantes de desenvolvimento relativo e, só há apenas uma década atrás, Portugal ocupava um lugar superior ao da Irlanda no ranking da UE. Mas em 2001, foi comodamente superado por esse país.


- a convergência da economia portuguesa com as mais avançadas da OCDE pareceu desacelerar nos últimos anos, deixando uma brecha significativa nos rendimentos ‘per cápita’, afirma a organização. No sector privado, 'os bens de capital nem sempre se utilizam ou se investem com eficácia e as novas tecnologias não são rapidamente adoptadas', afirma a OCDE.


- a força laboral portuguesa conta com menos educação formal que os trabalhadores de outros países da UE, inclusivé os de dois novos membros da Europa central e oriental, assinala o documento. Todas as análises sobre as quantias investidas coincidem em que o problema central não está nos lucros, mas nos métodos para distribuí-los.


- Portugal gasta mais do que a grande maioria dos países da UE em remuneração de empregados públicos em relação ao valor do seu produto interno bruto, mas não consegue melhorar significativamente a qualidade e a eficiência dos serviços.


- com mais professores por quantidade de alunos que a maior parte dos membros da OCDE, também não consegue dar uma educação e formação profissional competitivas com o resto dos países industrializados.


- nos últimos 18 anos, Portugal foi o país que recebeu mais benefícios por habitante em assistência comunitária. Porém, passados nove anos de aproximação aos níveis da UE, em 1995 começou a cair e as perspectivas hoje indicam maior distância.


- aonde foram parar os fundos comunitários?, é a pergunta insistente em debates televisivos e em colunas de opinião dos principais periódicos do país. A resposta mais frequente é que o dinheiro engordou a carteira de quem já tinha mais. Os números indicam que Portugal é um dos países da UE com maior desigualdade social e com os salários mínimos e médios mais baixos da Europa comunitária.


- também é o país da UE em que os administradores de empresas públicas têm os salários mais altos. O argumento mais frequente dos executivos indica que 'o mercado decide os salários'. Consultado há tempos o ex-ministro das Obras Públicas (1995-2002), o socialista João Cravinho, desmentiu esta teoria. 'São os próprios administradores que fixam os seus salários, atirando as culpas ao mercado', disse.


- nas empresas privadas com participação estatal ou nas estatais com accionistas minoritários privados, 'os executivos fixam os seus soldos astronómicos (alguns chegam aos 90.000 euros mensais, incluindo prémios e regalias) com a cumplicidade dos accionistas de referência', explicou Cravinho. Estes mesmos grandes accionistas, 'são por sua vez altos executivos, e todo este sistema, no fundo, é em desprezo pelo pequeno accionista, que vê como uma grossa fatia dos lucros vai parar a contas bancárias dos administradores e directores', lamentou o ex-ministro.


- a crise económica que estancou o crescimento português nos últimos dois anos 'está sendo paga pelas classes menos favorecidas', disse. Esta situação de desigualdade aflora cada dia com os exemplos mais variados. O último é o da crise do sector automóvel. Os comerciantes queixam-se de uma quebra de quase 20 por cento nas vendas de automóveis de baixa cilindrada, com preços entre 15.000 e 20.000 euros. Mas os representantes de marcas de luxo como Ferrari, Porsche, Lamborghini, Maserati e Lotus (veículos que valem mais de 200.000 euros), lamentam não dar satisfação a todos os pedidos, ante um aumento de 36 por cento na procura.


- estudos sobre a tradicional indústria têxtil lusa, que foi uma das mais modernas e de maior qualidade do mundo, demonstram o seu enfraquecimento, pois os seus empresários não realizaram os necessários ajustes para actualizá-la. Mas a zona norte onde se concentra o sector têxtil, tem mais automóveis Ferrari por metro quadrado do que a Itália.


- um executivo estrangeiro de informática diz que, segundo a sua experiência com empresários portugueses, estes 'estão mais interessados na imagem que projectam do que no resultado do seu trabalho'. Para muitos 'é mais importante o automóvel que conduzem, o tipo do cartão de crédito que podem exibir ao pagar uma conta ou o modelo do telemóvel, do que a eficiência da sua gestão', disse, aceitando que há excepções. Tudo isto vai modelando uma mentalidade que, ao fim de contas, afecta o desenvolvimento de um país', opinou. A evasão fiscal impune é outro aspecto que castrou investimentos do sector público com potenciais efeitos positivos na superação da crise económica e o desemprego, que atinge uma fatia altíssima da população economicamente activa. Os únicos contribuintes cabalmente para os cofres do Estado são os trabalhadores contratados, que descontam na fonte laboral.


- nos últimos dois anos, o Governo decidiu carregar a mão fiscal sobre essas cabeças, mantendo situações 'obscenas' e 'escandalosas'. 'Em lugar de anunciar progressos na recuperação dos impostos daqueles que continuam rindo-se na cara do fisco, o Governo (conservador) decide sacar uma fatia ainda maior daqueles que já pagam o que é devido, e deixa incólume a nebulosa dos fugitivos fiscais, sem coerência ideológica, sem visão de futuro', criticam muitos economistas.


- a prova está explicada numa coluna de opinião de José Vitor Malheiros, aparecida há tempos no diário Público, que fustiga a falta de honestidade na declaração de impostos dos chamados profissionais liberais. Segundo estes documentos entregues ao fisco, médicos e dentistas declararam (….), os arquitectos de rendimentos anuais em média de 17.680 euros (21.750 dólares), os advogados de 10.864 (13.365 dólares 9.277 (11.410 dólares) e os engenheiros de 8.382 (10.310 dólares). Estes números indicam que por cada seis euros que pagam ao fisco, 'roubam nove à comunidade', pois estes profissionais não dependentes deveriam contribuir com 15 por cento do total do imposto sobre rendimento por trabalho singular e só tributam seis por cento, disse Malheiros. Com a devolução de impostos a fechar um exercício fiscal, estes 'roubam mais do que pagam, como se um carniceiro nos vendesse 400 gramas de bife e nos fizesse pagar um quilograma, e existem 180.000 destes profissionais liberais que, em média, nos roubam 600 gramas por quilo', comentou com sarcasmo.


- se um país 'permite que um profissional liberal com duas casas e dois automóveis de luxo declare rendimentos de 600 euros (738 dólares) por mês, ano após ano, sem ser questionado minimamente pelo fisco e, para mais, recebe um subsídio do Estado para ajudar a pagar o colégio privado de seus filhos, significa que o sistema não tem nenhuma moralidade', sentenciou.

Mário Rui

sábado, 25 de maio de 2013

Portugueses preferem o subsídio de desemprego


















Ricardo Salgado: “Portugueses preferem o subsídio de desemprego” (Ver aqui)


O subsídio de desemprego já sofreu cortes significativos, em tempo e valor, nestes dois anos de troika. O FMI e a OCDE defendem ainda mais cortes nos relatórios apresentados em Janeiro e Maio, respectivamente, sobre a reforma do Estado, particularmente para os desempregados com mais idade e de longa duração. Uma ideia que começa a fazer o seu caminho fora e dentro do governo. Ontem, durante a apresentação das potencialidades do Alqueva a investidores agrícolas estrangeiros, Ricardo Salgado, presidente do BES, banco que apoia a iniciativa em, conjunto com EDIA, Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva, foi questionado sobre o elevado número de imigrantes a trabalhar na região e foi rápido na explicação: "Há imigrantes que substituem os portugueses que preferem ficar com o subsídio de desemprego". E continuou: "Se os portugueses não querem trabalhar e preferem estar no subsídio de desemprego, há imigrantes que trabalham, alegremente, na agricultura e esse é um factor positivo".

“Jornal i”

Análise tão simples, tão sem-sentido, palavras tão vulgares, só deveriam levar este senhor à reflexão antes mesmo de falar. Ou então, ainda melhor; tentar perceber junto da maioria dos desempregados das razões pelas quais uns preferem ficar em casa e outros bem gostariam de continuar a trabalhar. Mas enfim... É mais um caso já estudado e jamais chegará a um “case study”. Ainda bem. De resto, alguns cientistas apoiam a tese de que as pessoas que falam sem pensar têm um superego enfraquecido e não conseguem trabalhar regras sociais. No entanto, isto não invalida o sábio conselho de Thomas Jefferson: senhor Ricardo, “quando estiver zangado, conte até dez antes de falar; se estiver muito zangado, conte até cem". Se estiver mesmo muito zangado, digo eu, continue até mil!

Mário Rui

A controvérsia do palhaço





































Não gosto do jeito como MST escreve. Nunca gostei, e então no dia em que publicou inverdades, ou se quiserem meias-verdades, na revista “Grande Reportagem” e a propósito da poluição industrial na vila de Estarreja (anos 80), revelou-se-me como sendo mais um menino bem, parte do mainstream que não tem fome mas antes apetite a mais. Dito isto, julgo estar à vontade para, por uma vez, abdicar consciente e assumidamente desta minha relutância em lê-lo e achar que não terá cometido crime de lesa-pátria quando chamou “palhaço” ao PR, Cavaco Silva. Desde logo porque “palhaço”, segundo o mais fiável dicionário da língua portuguesa, é uma pessoa que diz ou faz disparates, ou coisas engraçadas, ou que não é habitualmente levada a sério. Não mais que isto. Bem vistas as coisas, qualquer um dos significados assenta que nem uma luva à personagem visada, não me parecendo pois que agrave por aí além o paupérrimo desempenho que a mesma tem tido enquanto não aliada do povo sofredor! Até posso dar de barato que a terminologia utilizada é susceptível de integrar a prática do crime de ofensa à honra do Presidente da República. Mas então, para os indignados com tal epíteto, quais virgens ofendidas, tantos anos de verdadeiras palhaçadas e com palhaços reais a brincarem com a cidadania e honradez de todos nós, não os agasta? Não lhes deu vontade de vociferar, de bradar, como agora fazem? Ora, ora, vão-se catar! O que MST disse, ou escreveu, pode não ser anunciador de bons princípios, mas tem pelo menos o mérito de, no interjogo entre opinião e contra-opinião, fortalecer os limites de actuação de algumas figuras públicas que atacam os outros, os mais fracos, julgando-se sempre a coberto de qualquer ataque. É assim a vida, mesmo quando a linguagem não é a mais apropriada. O desempenho político do presidente, da república em si mesma e dos demais actores de uma peça de terceiras séries têm sido tão confrangedores para Portugal que, mesmo que quiséssemos, não seríamos capazes de lançar mão de adjectivos solenes para caracterizar o desprezo que por nós nutre a actual oligarquia – leia-se “famílias políticas” – que manda no país. Relativamente ao dito ou escrito de MST, e apetecendo-me enfeitar o ramalhete, até adiantaria mais; a escrita, a palavra, a indignação, mesmo se malcriada, não é mais que o fórum de negociação que pode levar à melhoria do nosso modo de vida. Não serão certamente estes fóruns de negociação máquinas de produção de consenso com uma garantia de sucesso. Mas também está provado que o contrário, o ficar caladinho, educadinho, não funciona. Então, de entre as duas atitudes, prefiro a primeira. Sempre gostei de dar primazia a um modelo de racionalidade não ambígua. De palavreado bonito mas sem substância, estamos todos fartos! Da opinião política que nos domina, ainda quando se recomenda por muito competente, educada, amigável e liberal, igualmente estamos cansados. Tem sido como os terramotos; destroe e nada edifica! Conforme estamos, não vejo diferença entre o pensamento de MST e a prática política que subjuga o povo português. E agora digam-me; quem é que não respeita as regras de educação ou de vida em sociedade? Um ou outros? A impunidade só é segura, quando a cumplicidade é geral. Mesmo não gostando de MST, ainda bem que, às vezes, o apodam de mal-educado. No assunto aqui vertido não lhe ficou assim tão mal essa condição. Pelo menos não foi cúmplice nem incerto. Foi ele mesmo. E bem! Gosto de instantes assumidos. Abomino opiniões e políticas com futuro tenebroso.

Mário Rui

terça-feira, 21 de maio de 2013

Afinal é Conselho de Estado ou é mais um Concelho do Estado?


















Afinal é Conselho de Estado ou é mais um Concelho do Estado?

Após sete horas de reunião, os conselheiros escusaram-se a fazer declarações. No comunicado oficial do Presidente da República, é sublinhada a necessidade de reformas que ajudem ...ao crescimento e emprego. Assim, as palavras, digo bem, as palavras aprovadas, foram: equilíbrio entre disciplina financeira, solidariedade e estímulo à actividade económica. La Palisse corou de vergonha na tumba. Ele que antes de morrer, ainda vivia. Quanto a decisões tomadas ou a tomar, zero! Pois bem: se um personagem astral visitasse Portugal e, com ânimo de julgá-lo, lhe perguntasse por que tipo de homens, de entre os que habitam o país, peferia ser dirigido, não há dúvida que Portugal diria, prazenteiro e seguro da sua opinião que, por estes também não!

Mário Rui

Ponto de vista ou posto de escuta?





Mário Rui

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Respeito de deputado


















Sr.Carlos Abreu Amorim; serão estes os Magrebinos que o elegeram deputado mais os que em Gaia terão eventualmente pensado votar em si? Pobre deputado!! Aprenda lá que todas as discussões, qualquer que seja o assunto, devem convergir sempre para estas duas palavras-chave: 'respeito pelos outros' e 'respeito por nós próprios'.


Mário Rui

Devastação ética





















É grande a devastação ética provocada por este grosseiro deputado da Nação. É gente desta que decide das nossas vidas. Socialmente é mais um «morto-vivo» que pulula e se multiplica rapidamente e com abundância, pese embora a indolência política extrema em que habitualmente está. Paisagem de puerilidade exemplar esta que alguma desta classe nos mostra. Fica pelo menos de pé a última evidência do que vai ser um candidato à cidade de Gaia! Lamento, pois Gaia merecia melhor!!!!

Mário Rui

quinta-feira, 16 de maio de 2013

As geografias do futebol














































Amigo do F.C. do Amanhã, não é o teu caso, mas a áspera fuzilaria apontada sempre aos mesmos não tem sido nada meiga, tranquila ou sequer valiosa de espírito. Talvez até mais pelo motivo último, sou levado a ripostar lançando mão do elogio aos adversários, algo irónico, é certo, mas tão só para lembrar que a crueza dos últimos resultados já castigou severamente todos os benfiquistas. Eu mesmo e outros tantos feitos eu! É forçoso confessá-lo! Percebo que jogando-se em campos opostos sempre nos dá redobrado gozo a vitória da nossa cor. Talvez possamos, e devamos, ir mais longe no contentamento que nos preenche. O que não devemos contratar são ódios viscerais destilados pelos olhos e feitos sair pela boca, ou bocas, de gente que julgava mais racional. Repito, amigo do F.C. do Amanhã, estás isento deste particular. Para o melhor e para o pior, é só um jogo. Por acaso é de futebol, podia ser de outra coisa qualquer, mas convém ter sempre viva a ideia de que encanastrados de vimes como estamos, só podemos embrutecer ainda mais este país com as "alegrias bacocas" a que tenho assistido. Todo o adepto de futebol, qualquer que seja o clube, deve ao País, além da décima, um soneto! Abraços e felicidades para os demais que chutam bola e só um pouquinho de sorte para o meu que tem transviado pontapé. Demanda simples!

Mário Rui

Benfica, sempre!

















Sabem meus caros, descobri hoje que efectivamente existe um Benfica em cada um de vós. Quero dar-vos os parabéns por isso e considero absolutamente admirável a forma fácil, esclarecida e eloquente com que constantemente discorrem acerca do meu clube. Transforma-vos em autênticos entusiastas do mesmo. Esse fascínio diário camuflado de ódio exacerbado aproxima-nos de uma forma incrível. Obrigado por viajarem connosco em cada partida por esse mundo fora! São incansáveis no nosso crescimento e acho formidável que nos ponham sempre à vossa frente no que toca a diálogos apaixonantes! Conseguisse qualquer benfiquista conhecer as suas próprias estatísticas como vossas excelências conhecem as nossas e estávamos perante verdadeiros académicos de uma temática (sempre fundamental em qualquer planeta socioculturalmente evoluído) que é o futebol! Um bem haja a todos os seres humanos! Como se diz na minha terra: “sindes os maiores!”.

Nota: Este texto é de autor desconhecido, mas acredito que benfiquista genuíno. Chega-me!


Mário Rui

quarta-feira, 15 de maio de 2013

A armadilha da globalização







































É de 1997 mas ainda assim actual. A questão é: quem ganha e quem perde com a globalização? O debate ficou mais acirrado com a publicação de "A Armadilha da Globalização", tendo como subtítulo "assalto à democracia e ao bem-estar social". Esta obra tornou-se um best-seller internacional e já foi traduzida em 20 idiomas. Apresenta uma análise corajosa e detalhada quanto ao modo como o livre mercado e a dança financeira internacional drenam os recursos das nações, causando o desemprego e o empobrecimento da população.

Hans-Peter Martin e Harald Schumann, os autores de "A Armadilha da Globalização", são jornalistas da revista alemã Der Spiegel. No livro, fartamente documentado, eles apresentam alternativas para salvar a democracia com uma face social e afirmam que, a continuar como está, o mundo caminha para a sociedade "20 por 80", na qual apenas um quinto da população terá trabalho e uma maioria de excluídos receberá pouco mais do que pão e circo.

Mário Rui

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Do lado de cá de mim





Do lado de cá de mim

Aos vinte nunca me lembrei que fazia anos. Não havia necessidade de toldar os doces sonhos que me ocupavam. Via luzes de todas as cores, dias que passavam tão velozes que só o aproximar das inefáveis subtilezas que nos enchem o nosso ‘eu’ me acalentavam a ideia de que o seguinte seria ainda melhor. Aos trinta já duvidei se não seria a noite a melhor companheira. Era fugidia e descobri-lhe outro encanto. O de passar despercebido entendendo outros sons, outras vivências, outras jornas, afinal, bom, mas não mais que outro click. Aventurei-me porque quis. Aos quarenta comecei a repudiar tudo o que me queria reeinvindicar já que não era objecto dado em penhor a ninguém. Foi o momento em que percebi que era melhor compreender a razão dos outros e isso ajudou-me à descoberta de mim mesmo. Já era outro “eu” e começava a ter pena do desfalecimento de muita gente próxima. Quando chegaram os cinquenta vislumbrei uma recta mais curta e então fiz o possível por analisar o que é a duração de uma vida de homem. Ainda não tenho conclusões mas uma coisa já apreendi. É curta! Demasiado curta. É por isso que outra coisa me ficou dos cinquenta. É que a felicidade habita no coração dos que conseguem deixar legado. Companheira, filhos, amigos, ramos, folhas, frutos. O amor não se pensa. É! Eu sei que há gente que já não nos quer quotidianos, com os nossos silêncios, os nossos desafios, as nossas certezas e incertezas mas, mesmo assim, se nos trocámos pelos objectos da nossa própria criação, não há razão para lá não permanecermos. Não quero falar em reconstrução porque a casa não está vazia e muito menos é poeira ou núvem que tudo envolva. Pode estar em desordem mas não nos tirem a desarrumação. Faz-nos imensa falta! Perto dos sessenta, toda a gente precisa de viver com a simplicidade das coisas que são. Estou a tentar observar da razão porque vos escrevo. Não, não é por ser aniversário. É só para dizer aos que porventura me esfarraparam, às amigas e amigos que apaixonada e consentidamente me degradaram, que me refrescaram a boca, aos que me ajudaram a seguir em frente, a todos, mas mesmo a todos, só devo uma palavra amiga. A quem me lembra o modo como os anos passam, fica também um abraço fraterno posto que, afinal, uma ‘pequenina grande’ parte dos segredos de todos vós, faz também parte dos meus segredos. Podem sentar-se todos ao sol e sem pensamento reservado! Irra, felizmente só temos pessoas amigas. Fiquem bem.

Mário Rui

sábado, 11 de maio de 2013

A vitória

















O que de melhor existe numa grande vitória é ela mesma poder tirar ao vencedor o receio da derrota. Evidentemente.

Mário Rui

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Taxar depósitos acima de 100 mil é 'boa notícia'


















É notória e gritante a falta que nos faz uma voz tão assertiva quanto a deste verdadeiro gúru financeiro, tornado há algum tempo o único, o verdadeiro "Querido Líder", "Comandante Supremo", "Nosso Pai", o grande condutor do bem-estar colectivo da nação (ver aqui). À beira dele, o outro, o Kim Jong-un, não passa de menino de coro. Tão proféticas e profilácticas têm sido as suas insanas intervenções que só nos resta o pranto nacional como forma de agradecimento por tão abnegada postura em relação à nossa felicidade. Monstro assim que preconiza o roubo à mão-desarmada, já vale sem arma, das poupanças dos cidadãos de terra que se chama ‘Poortugal’, haveria por certo de ser internado. Rapidamente e em força, como um dia disse, e mal, um outro pai da nação. Então não é que descortinou “uma boa notícia” na possibilidade dos depósitos acima de 100 mil euros poderem ser chamados a contribuir para a reestruturação e resolução dos problemas dos bancos. Dito de forma digna, significa que esta aberração, pois claro que contrária à ordem regular da natureza, defende que os rendimentos dos espoliados luso-cidadãos devem ser roubados aos mesmos em favor da famélica banca e banqueiros. E com honras de aviso prévio de definhamento inexorável como se de uma morte anunciada se tratasse. A ser verdade o que diz, e só isso já me chega, então estaríamos em presença do melhor remédio para mais nada fazermos. Trabalhar em nome de quê ou de quem? Excelente meio para fazer parar o país. Será que é isso mesmo que este “Ultra rich” vislumbra? E será que também os depósitos dele estarão por cá? Não creio! Seguramente sossegados e a coberto dos olhos indiscretos duma inepta Comissão Europeia, por forma a que não lhe possa pôr a mão em cima. Já se esgotou a paciência para ouvir ou dar atenção a congeminações absurdas feitas por gente menor. Não são sequer palavras para serem lidas e muito menos discutidas por todos os que buscam seguir adiante. Não requerem qualquer concordância prévia para serem tão-só pensadas por nós. É isto que é indispensável em época de difícil reconstrução e confusas esperanças. Concedamos então a esta gente iníqua, já que mais não merece, este nosso intranquilo modo de ver as coisas más que nos fazem pois que, para palavras loucas, orelhas moucas. Não obstante, não nos julguem amorfos. Até podemos compreender que num regime democrático o estar em transformação é o seu estado natural: o que se revela anti-natural e muito bem o percebemos é a continuada existência destes seres que nada acrescentam à vida em sociedade. Acham que o dinheiro está acima de tudo e de todos. Até quando? Depende de nós!

Mário Rui

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Taxa de desemprego em Portugal bate recorde e chega a 17,7%




















Taxa de desemprego em Portugal bate recorde e chega a 17,7%

Afinal o que mais dificulta a nossa compreensão não são as nossas convicções apaixonadas mas antes a experiência vivida no dia-a-dia. A Europa já viveu e pensou em tempos de feroz guerra, quando os canhões troavam e as bombas explodiam. Para os que cresceram nessa altura o contraste das suas vidas foi tão impressionante que muitos se recusavam a ver qualquer futuro. No entanto a ansiada paz acabou por chegar e a prosperidade, bafejando uns e não tanto outros, lá trouxe acalmia, esperança e sobretudo um roteiro optimista para a maioria dos povos. Hoje, com uma guerra de diferente natureza, e sendo certo que por agora sem sirenes, bombas ou canhões, lá voltámos ao ciclo do barco sem âncora. O mesmo é dizer que a confiança básica no provir, condição única e absolutamente fundamental para a continuidade da nossa identidade, esfumou-se. Veja-se o desemprego galopante por esse velho continente e mais em particular em Portugal. É um estranho, não sendo porém alguém que pertença a um mundo “desconhecido fora daqui”. É um ser que, por permanecer, nos obriga a pensar em enxotá-lo, o que se torna num processo que pode levar muitos anos, ou mesmo nunca acontecer. A familiaridade que já travou connosco é de tal ordem que, o governo do país, até parece já ter pensado em que circunstâncias se pode confiar no estranho. Ouço ‘bondosas’ e cálidas palavras de crer, de crédito quanto às políticas assumidas, mas o que não sinto nem vejo são procedimentos acertados que nos levem à criação de boas relações de parentesco com estes guardiães do tudo e do nada. Apenas nos fornecem as suas próprias interpretações e, com tal modo de dizer e fazer, só ficamos com uma pequenina informação gerada por meio de sabedoria esotérica. Não vale nada pois está no domínio do empírico. Ora, acontece que assim sendo, estas parcas informações desvinculam-nos do futuro que nos levou à luta de uma vida por um horizonte que sonhámos melhor. O meu problema está no facto de achar pouco provável a reconstrução de cais que albergue barco e sobretudo âncora. Hoje, a vida em sociedade tem mais a ver com o risco, com a insegurança, e se calhar assim é apenas porque apanhámos no nosso caminho “gente transcendental”, que estudou e aplicou uma ciência dita especializada mas que, no fundo, mais não fez senão um discurso formal de incertezas. Tudo gira em torno da decisão probabilística, esquecendo-se a imprudência de tal modernidade. Sem disputa bélica como outrora, vivemos nova guerra. Deslumbramo-nos diante do jogo livre dos insignificantes e assim damos acesso às incongruências que eles pretendem colar à nossa cada vez pior condição de existir. Interessante é perceber se esta má disposição das partes que constituem um todo não é igual à que deu lugar à guerra de que antes falei. Com uma substantiva diferença. Finda a contenda, a Europa assistiu à firmeza de homens que, como dizia La Bruyère, participavam da ideia: “Há uma vergonha de se ser feliz face a certas misérias”. Já desapareceram todos e pese embora terem deixado legado, poucos, muito poucos, o quiseram chamar a si. Ou por incompetência, ou por avareza.

Mário Rui

segunda-feira, 6 de maio de 2013

“Big Brother is watching you”








































Estava só. O passado estava morto, o futuro era inimaginável. Que certeza tinha ele de poder vir a existir ao seu lado um único ser humano vivo? Tirou do bolso uma moeda de vinte e cinco centavos. Ali também, em letras muito minúculas porém nítidas, liam-se as mesmas frases; do outro lado, a cabeça do Grande Irmão. Até mesmo da moeda, aqueles olhos o perseguiam. Nas moedas, nos selos, nas capas dos livros, nos distintivos, nos cartazes, nos maços de cigarros – em toda a parte. Sempre os olhos a fitar o indivíduo, a voz a envolvê-lo. A dormir ou acordado, a trabalhar ou a comer, dentro ou fora de casa, na casa de banho ou na cama – não havia fuga. Nada pertencia ao indivíduo, excepto alguns centímetros cúbicos dentro do crânio.

George Orwell

Mário Rui

sábado, 4 de maio de 2013

Projecções, planos, reformulações, ajustamentos, cortes, impostos e balelas






















Cansados de reformas, projecções, planos, reformulações, ajustamentos, cortes, impostos, contribuições, austeridade, rescisões, despesa corrente, mercados, mobilidade, requalificação, solidariedade, convergência, equidade, salários, pensões, instabilidade, equiparação, meta, défice, códigos, tabelas, excedentários, programas e, por fim e por agora, tudo igual a fracasso! Realmente este governo não governa! Até pode estar a tapar os buracos que outros cavaram, mas governar não sabe! Vai, isso sim, directamente ao ganha-pão de cada uma das pessoas que trabalham para o Estado ou das que descontaram uma vida inteira e têm reformas ou pensões. Parece ser a única coisa que conta, tão pobre é o pensamento político e social desta gentalha. Gaspar, o que verdadeiramente manda, deveria estar em lugar seguro tal é a confusão que lhe vai na cabeça. Seguro e escondido dos olhares do povo posto que a ciência económica que aprendeu nos bancos da escola, qualquer que tenha sido, mais não lhe conferiu senão saber astrológico. Tanto estudo, tanta sapiência e não dá uma com princípio, meio e fim. Mas será que todo este caldo de incompetência não falece? Mas será que não conseguimos, nós mesmos, entender que estes brilhantes alunos, Passos é outro bom exemplo, paridos pelas “jôtas”, supremos protectorados do povo que há-de vir, são apenas a face vísivel do vergonhoso embrulho de miserabilismo da nossa vida enquanto nação? Mais ultrajante ainda é o modo como é usado o verbo frente a qualquer câmara de televisão. Tudo vai mal, mas a cada alocução pública, os governantes verborreiam de tal modo que até parece ser esse o momento da esperada viragem. Boçalidades, é o que ouvimos. Nada mais que boçalidades. Mentiras e mais mentiras, decisões que não só enterram cada vez mais o país como não satisfazem as condições-limite em que nos encontramos. Cada medida tomada é assim uma decisão arriscada: não passa afinal de um comprometimento dos parcos recursos presentes com um futuro incerto e desconhecido. Uma empresa, o Estado, deve ser construído com base na confiança, que, por sua vez, é construída com base na comunicação séria e na compreensão mútua. Se, pelo contrário, líderes fracos trazem sempre grandes fraquezas, então significa que a empresa falhou. Até podíamos conceder algum bónus à pobre prática político-social destes reles e impreparados gerentes. O problema é que, mesmo se o fizéssemos, algum conhecimento que lhes assistisse seria inútil até que fosse convertido em boas acções! E, a julgar pelo cenário, jamais teríamos boas acções. Basta! Todos os pressupostos se têm revelado errados, todas as metas inatingíveis, todos os indicadores se têm mostrado em degradação acelerada com as medidas de austeridade impostas. Qualquer distraído da mais baixa condição percebe isto. Percebe que a catastrófica via em que nos meteram apenas desgraça o país. É necessário deter, romper a cadeia de acções negativas e criar, por pequeno que seja, um espaço livre da cacofonia deste deprimente espectáculo. É aos homens e mulheres de maior juízo e competência que é dado atravessar, com danos mínimos, as revoluções políticas das nações. Nunca aos que se igualam aos actuais regentes da orquestra que desafina Portugal. Eu, feito um parvo protagonista desta história surreal, já há muito que descobri a “opressão” e me “radicalizo” ao ponto de me alistar como um fervoroso partidário do movimento que pugna pela extirpação destes falsos homens da batuta. Assistir a actos discursivos como o de ontem, que preconizam ainda mais violência e burla, mascarados de heroísmo patriótico, só agrava a nossa condição de escravidão! Mudem-se os tiranos, acolha-se o sensato.

Mário Rui

quarta-feira, 1 de maio de 2013

1.º de Maio


















O fenómeno social mais assombroso e surpreendente – e certamente o menos compreendido – foi, e é, a necessidade do renascimento das velhas lutas por causas que à maioria das pessoas dizem respeito. O direito à saúde, ao emprego, a uma vida digna. Tempo houve em que industrializar significava cada vez mais desenvolver, enriquecer, criar condições e padrões de vida elevados. Tudo isso é hoje alvo de retrocesso. Em suma, todos esses projectos de “qualidade de vida” viram-se destronados por um sistema político e financeiro que continua a abster-se de enfrentar tais desígnios. Sim, afinal o sistema continua é a estabelecer questões de mera sobrevivência. À direita ou à esquerda, as sociedades tidas como modernas não têm aportado grandes oportunidades aos que delas mais necessitam. Então, se tudo segue igual, faz mais sentido concentrar a nossa energia em temas que, de facto, não recebem a atenção dos donos do mundo. Mesmo que nos chamem opositores extremistas, vale sempre a pena perseguir qualquer objectivo que nos possa interessar. As sociedades novas também se edificam mediante a gradual acumulação de tais objectivos e, mesmo se criativamente negativos, acabam por nunca ser meras lutas de soma zero. Ademais, se para outra coisa não servirem, serão garantidamente novas formas de entendermos que as más medidas de emergencia postas em prática são, subrepticiamente, convertidas em procedimentos normais, como que regulamentação imposta em tempo de fartura.”Ir ao povo” para “servi-lo”, “organizá-lo”, conduz normalmente à manipulação e resulta com frequência em antipatia ou hostilidade. É por isso mesmo que o 1.º de Maio continua a fazer sentido.

Mário Rui