quarta-feira, 24 de abril de 2013

A vitória

















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Em 1588 a Armada Invencível ("Grande y Felicíssima Armada"), também referida como "la Armada Invencible" foi uma esquadra reunida pelo rei Filipe II de Espanha para invadir a Inglaterra. A Batalha Naval de Gravelines foi o maior combate da não declarada Guerra Anglo-Espanhola e a tentativa de Filipe II de neutralizar a influência Inglesa sobre a política dos Países Baixos Espanhóis e reafirmar hegemonia na guerra nos mares. Mesmo com uma armada altamente eficiente e dotada dos melhores meios disponíveis na altura, Espanha saíu da refrega derrotada. O episódio da Armada foi uma grave derrota política e estratégica para Coroa espanhola e teve grande impacto positivo para a identidade nacional inglesa.

Não obstante se tratar de peleja de natureza diferente e com um diferente opositor, se alguma relação se pode estabelecer entre este histórico episódio e o que teve lugar ontem, no campo do Bayern de Munique, na disputa da primeira mão da meia-final da Champions, então poderíamos resumi-la a: todos os ídolos têm pés de barro. À míngua de melhor explicação para o sucedido, recorro ao génio de Pessoa para transcrever a verdadeira definição de vitória;

«« … estão cheias as livrarias de todo o mundo de livros que ensinam a vencer. Muitos deles contêm indicações interessantes, por vezes aproveitáveis. Quase todos se reportam particularmente ao êxito material, o que é explicável, pois é esse o que supremamente interessa à grande maioria dos homens. A ciência de vencer é, contudo, facílima de expor; em aplicá-la, ou não, é que está o segredo do êxito ou a explicação da falta dele. Para vencer - material ou imaterialmente - três coisas definíveis são precisas: saber trabalhar, aproveitar oportunidades, e criar relações. O resto pertence ao elemento indefinível, mas real, a que, à falta de melhor nome, se chama sorte. Não é o trabalho, mas o saber trabalhar, que é o segredo do êxito no trabalho. Saber trabalhar quer dizer: não fazer um esforço inútil, persistir no esforço até o fim, e saber reconstruir uma orientação quando se verificou que ela era, ou se tornou, errada. Aproveitar oportunidades quer dizer não só não as perder, mas também achá-las.»»

Fernando Pessoa, in 'Teoria e Prática do Comércio'

Mário Rui