sábado, 13 de abril de 2013

O sonho da reforma ou a reforma do sonho.



















O sonho da reforma ou a reforma do sonho. O último estádio da amputação do nosso esforço de gestão participativa

"As opções podem incluir a aplicação de uma tabela salarial única, a convergência da legislação laboral e dos sistemas de pensões do setor público e privado", escreveu Pedro Passos Coelho, numa carta enviada na quinta-feira ao Fundo Monetário Internacional (FMI), à Comissão Europeia (CE) e ao Banco Central Europeu (BCE). ‘Jornal i’


 
De facto convém mesmo mudar esta gente, este sistema, este regime, este modo de fazer política (ler aqui). Todo o mundo sensato já há muito percebeu que o fosso em que nos meteram tem, e deve, de ser pago aos que nos resgataram. Mas não se julgue que por piedade quanto aos mais desfavorecidos, estes resgatadores de almas, os de dentro e os de fora, nos vão ajudar verdadeiramente! Até nos podem remir, mas sempre e só a troco de dinheiro, de presentes envenenados, de vidas extorquidas a quem julgou estar a erguer uma pátria digna desse nome. Nós! A quarta pessoa que, em primeira análise, a única que se deve fazer, retrata uma ou mais gerações perdidas de um Portugal que jamais se erguerá entre as brumas da memória. Simplesmente finou-se! Como diria Alfred Keil, sendo que agora é também tempo de o contrariar, já nem os raios de uma aurora forte, que eram como beijos de mãe que nos guardavam e nos sustinham contra as injúrias da sorte, já nem esses, nos enchem de esperanças. Aos juízes que confirmaram a inconstitucionalidade das leis e que de facto não assinaram qualquer resgate com a troika, não podem ser endossadas culpas pelo estado a que outros nos votaram. Não nos distraiam os políticos com falsas histórias quanto à actuação do TC. O único pecado que lhe atribuo está no facto de aceitar a indigitação partidária para tão alta e nobre missão. Jamais assim deveria ser uma vez que, nestes termos, fica muito triste a condição de um sábio velho que se fez recomendável pela sua ciência e longevidade, mas quase tudo deita a perder quando aceita a má companhia de certos políticos julgados finórios. O Tribunal tem de ser mais que isso! Não poder ser a blindagem de uns tantos interesses partidários, mas antes o fiel depositário das justas aspirações de quem mais sofre. Independente da cáfila da desventura portuguesa. Só espero que no futuro, essa genuína maioridade que a todos aproveita e na qual ainda acreditamos, ainda que dela já desconfiemos, se livre dessa canga de bois que tudo reprime, tudo força e só nos oferta sujeições. A política que nos governa há tantos e tantos anos. Está aí mais uma derrocada social perpetrada pelos mesmos de sempre e com a assinatura dos mesmos de sempre: Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia, Banco Central Europeu e, por fim, apesar de não menos importante, governo português. Os nossos ‘amigos’ resgatadores devidamente acompanhados pelos abusadores de nós próprios. Destinatários de mais esta injustiça? Os mesmos de sempre, os que trabalham. Mas antes de prestar informação concisa e amiga a estes últimos, convém sempre pedir licença aos reais donos do país. Triste gente esta, a do nosso governo. Gente vassala! A que se subjuga pacificamente, tudo come e tudo cala e nos come as papas na cabeça. E ainda há quem diga que a indignação não nos paga a dívida. Pois não! Então fiquem-se esses que assim entendem, carregados só de frustrações e ressentimentos e continuem a criar apenas momentos de interpretação deste tautológico saldo contabilístico. Não tirem é aos espoliados o devir, a justeza do protesto! Quanto ao mais, sempre convirá lembrar que já vimos o que nos deram, até hoje, os figurantes que seguraram este infausto poder. Entrincheirados como estamos entre estas duas ou três eternidades que se alternam e sem resultados a contento dos que precisam, talvez seja altura de as varrermos de vez de cena. Há outras realidades e de uma coisa eu estou certo: pior não farão certamente. Já não é possível. Ora, assim sendo, só podemos contar, mesmo que em pequena dose, com melhor. Só falta abrirmos portas diferentes. Façamo-lo!

Mário Rui