segunda-feira, 27 de junho de 2011

O fim do mundo está próximo… a sério!


Tenho-me sentido muito deprimido ultimamente por achar que os meus textos não têm tido a adesão que eu esperava. Por isso, arranjei um título falacioso (uma espécie de falsa promessa) que despertasse a vossa atenção – sim, porque eu também gosto de me sentir mimado. É isso que também fazem os políticos, não é?!
Mas pensando bem, se o mundo estivesse mesmo próximo do fim, de certeza que começaria na televisão portuguesa. A verdade é que tenho pensado seriamente no que leva as pessoas a submeterem-se a humilhações públicas na TV e não consigo encontrar uma explicação plausível para isso.
Aquilo que eu acho que se passa em alguns programas da televisão portuguesa hoje, se vos interessa saber, é de uma decência ao nível de um curral de porcos mal engendrado, no qual ninguém se atreve a entrar dada a imundice que por lá vai.
Vamos começar pelos programas da manhã e ficamo-nos por aqui que já não aguento o cheiro. O que é que passa pela cabeça das pessoas que se aceitam como convidados desses ditos programas para se humilharem publicamente, abrindo o livro da sua vida privada a meio Portugal, revelando pormenores que só interessam aos fracos de espírito e cometendo o erro fatal de se vitimizarem por tudo o que lhes acontece?
E o que é que passa pela cabeça dos directores de programas das respectivas estações para concordarem com esta política de invasão à vida alheia em prol das audiências? E quem fala nos directores, fala nos respectivos apresentadores que, ao que parece, preferem fugir aos seus princípios, se os têm, em detrimento dos cifrões no final do mês. Não há valores, dignidade, respeito e decência nas pessoas que todos os dias dão a cara por esses programas e que muitos de nós tomamos como exemplo?
Como é possível que directores, apresentadores, produção e convidados no estúdio se sujeitem e promovam situações ridículas, humilhantes e que mais não fazem do que denegrir a imagem de um Portugal com uma mentalidade por si só tão pequenina? Como é possível escarafunchar publicamente a vida alheia, submetendo tudo e todos a um estado de apatia intelectual e pobreza de espírito?
O que nos interessa a nós as histórias de assassinato, morte e crime, de traição, incesto e violência que nesses programas dissimuladamente se fomentam para esgravatar a vida privada dos outros, que não aquelas que nos dizem directamente respeito a nós e que em toda e qualquer circunstância queremos e devemos resguardar do olhar reprovador e tantas vezes escarnecedor dos outros?
É pena que parte da programação da televisão portuguesa e quem a ela se submete atinjam um grau de inteligência tão baixinho que também me humilham a mim enquanto português.
Mas no final tudo acaba bem e eu já me sinto melhor porque vocês acabaram por ler mais um texto meu e porque vem aí a Árvore das Patacas. Ligue já!

Rui André