sábado, 28 de junho de 2014

Vendedores de promessas



“Aeroporto de Beja perdeu o seu único voo comercial. Os voos charters entre Paris e Beja estavam prometidos durante todo o verão e o mês de outubro. Foram agora cancelados.
 
 A decisão de acabar com as viagens surpreendeu os responsáveis do turismo alentejano. De um total de 24 voos previstos (entre partidas e chegadas), foram realizados apenas oito. Desde o dia 16 que não aterra qualquer avião comercial em Beja”
Jornal Expresso



Tudo isto foi feito, e mal, com dinheiro meu. Dinheiro sacado ao meu súor, ao meu esforço e sem que da empreitada se tenha visto retorno que pudesse eventualmente consagrar quer a obra em si e a sua utilidade, quer a prudência ou sequer bom-senso por parte de quem a mandou fazer. Falo obviamente dos mil mercadores e fazendeiros daqui, mais interessados em subordinar tudo a um comércio traiçoeiro, interesseiro, pérfido mesmo, do que propriamente preocupados com o que de essencial enobrece um país. Falando de um modo prático, apenas apetece qualificar tais suspeitos desígnios, estes que assim tornaram o progresso lento e duvidoso, como sendo projecto de total ausência de discernimento ou de senso moral. E ainda há quem diga que “obreiros” destes são bons cidadãos, homens que servem o Estado. Não fazem nada a sério ou que seja eficaz e por isso deveriam ser chamados era de inimigos do Estado. Não merecem mais respeito que o dedicado a um espantalho e não obstante a designação parecer rude ou hostil, a estes que não propiciam ganho algum aos seus semelhantes, não hesito em afirmar que são apenas perturbadores da ordem. Se o dinheiro que me subtraíram para esta e muitas outras obras como esta jamais me irá ser devolvido, ou melhor aplicado, então a única paga que me ocorre é expressar-lhes a minha insatisfação, ingratidão, enfim negá-los simplesmente. Não existem, nem política nem socialmente, mas mesmo negados deveriam ser julgados em sede especial para o efeito: no Tribunal da Tranquilidade Pública. Mesmo que já não governem uma certa república das bananas.
 
Mário Rui
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