sábado, 27 de março de 2021

Porque logo é domingo e a hora muda que muda e torna a mudar

Tem este tempo prazos que nos cansam tanto o desejo de aguardar por ele ou dele só nos deve ficar a paciência de modo a que o possamos ter? Por agora, só digo que não me atrevo a perceber-lhe o futuro, pois acho que me ia faltar tempo. Assim, pela distância de tão desconhecidos tempos, limito-me a trocar de tempo; dou um passo em frente como que se num lapso temporal não tivesse existido tempo.

 

Mário Rui
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Amanhã, não sei se me vou à descoberta. O dia deve estar bonito.


Nos montes de pedras miúdas e de argamassas antigas ou nas lamas constantes dos caminhos trilhados, há sempre uma contemplação misteriosa em que se adivinha uma ferrugem dolorida e apagada que sugere inquirir pormenores. E com isto vem-me à memória os que tiveram o seu vintém e um bocadinho de terra onde se faziam os belos nabos e as lombardas folhudas. Como figuras sentimentais na fachada, resistem as pedras, julgam-se rainhas. E são, nem o vento nem a chuva as despregam dos seus sítios, pedestais que sobreviveram às encruzilhadas da vida. O resto não escapou ao furor dos tempos. As janelas de tabuinhas da casa simples, foram-se. Desassombradamente o chão ficou a olhar para o céu, o telhado maquinou aventuras e acabou por desabar. Seria de noite e uma chuva forte a peneirar-se lá do alto deixou que as estrelinhas entrassem. Não foram camaradas por essa vez, pois com os anos, com estrondo, em migalhas, no meio dos infortúnios, tresloucados, ruíram os adobes e os frios penetraram as carnes. Por dentro, fecharam-se as portas que daí a nada, humilhadas e cheias de vergonha, tombaram também para cima do raso de terra, soluçando sem remédio a desconsolação daquela vida, ou noites, cheias de agruras. O vento veio para ficar, que falta não fazia, e até a lamparina de azeite se apagou no alongamento de tanta escuridão velha cuidadosamente suportada pela fome de quem só queria um pouquinho mais de sol na eira. O nabal, já tinha chuva que chegasse. Ficou apenas a dobradiça, a tal ferrugem dolorida e apagada que sugere inquirir pormenores, mas mortinha de todo. É caruncho, dirão alguns. Mas não é, digo eu. Hoje, mesmo com aspecto roído e esmagado, é uma pequenina sentinela que guarda sentida memória de sofridas modéstias. Gosto de olhar para a ferrugem, fala-me de gente que no meio da lida aturada de tempos idos, sempre soube apaziguar a jornada.


Mário Rui
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O mundo já não é uma vocação. Passou a ser tentação!

Estilista americana vende camisola poveira como sendo sua e cobra dez vezes mais que uma original (AQUI)

Pronto, e é isto, a globalização. Uma arma poderosa, tão anónima e falsa quanto os nomes dos “artistas” por detrás dos quais se esconde o vale tudo. E ainda há gente que fica encantada com o enredo desta aldeia global. É que nem vale a pena perguntar por quem os sinos dobram; eles dobram por vós, ou será por nós? Nesta altura já só espero por um curso de Verão que me elucide sobre o preço a pagar por tais bens que agora não têm dono, são de todos, são comuns, são do mundo. Até que venha alguém capaz de pôr o mundo nos eixos. Por ora, vamos para onde vamos e sem observarmos as cautelas requeridas. E há que aguentar a barca, mesmo que a pilhagem ocorra à escala planetária. De outro modo tiram-nos a boia de salvação, afundamo-nos, ou somos lançados para a margem.


Mário Rui
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Um aeroporto é muitas coisas


Ora, ora! E eu a pensar que este folhetim já tinha 100 anos quando afinal só tem um pouquinho mais de meio século. É por isso que há apenas dois géneros de empresas – as que estão a mudar e as que vão falir, embora também não seja de confiar na sabedoria despersonalizada de alguns actuais ‘pilotos automáticos’…



Mário Rui
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Por aí


 

Mário Rui
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Pardilhó - Estarreja d'outrora


Mário Rui
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Por aí





 Mário Rui
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Porque hoje é sábado

De Primavera, de sol, mas fechados, agrilhoados, sós, com aquela pouca importância que o modo conventual de estar parece dedicar-nos, essa irrazoável preferência que a clausura atribui a si mesma e que nos magoa, insulta. A imobilidade até pode ser um estado desejado por instantes. Mas, se prolongado, rapidamente enfastia.

 

Mário Rui
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Em 13 de Junho de 1890.




Mário Rui
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Constrangimento do postigo

Constrangimento do postigo: nunca se sabe quem dá e quem bebe. E nesta questão nuclear, há tanta fusão que não dá para entender a razão pela qual tanta gente ainda insiste em lá ir para tentar comer alguma coisa.



Mário Rui
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quinta-feira, 18 de março de 2021

Unilever vai retirar a palavra “normal” das embalagens dos seus produtos de beleza


Na cotação da beleza, o “normal” não é coisa atraente (LER AQUI)

O novo “normal” dos tempos que correm dá, na verdade, saltos mortais. O meu vai mais devagar e é por isso que ainda hoje ando a ler a vida do padre Anchieta, que decididamente foi o santo que mais milagres fez neste mundo. Ademais, sempre desconfiei da sanidade dos produtos para a Beleza Positiva. Agora, tudo é mais exagerado, mais teatral. As aparências contam mais do que o conteúdo, pois essa é a forma encontrada para driblar as nossas angústias. Enfim, a vida é um palco, a Beleza Positiva é um mundo moderno tal como Hollywood o concebeu e o ‘show’ tem de continuar. Por favor, liguem os holofotes! Afinal também nós podemos comprar a magia, ir ao baile, conhecer a fada ou o príncipe e vivermos em cima do nosso pedestal felizes para sempre, desde que o “normal” seja abolido. Os defeitos, portanto, não se encontram no mercado em si, mas nos próprios gostos linguísticos de cada qual. Perverso demais, eu sei, mas verdadeiro.



Mário Rui
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Arte Xávega - 1928




Mário Rui
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Por aí




Mário Rui
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Covid-19




Mário Rui
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Por aí









Mário Rui
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O postigo

Reapaixonei-me pelo postigo, esse parente pobre do horizonte que se quer ver e sabe-se lá de que soma de esforços não depende a vida nesta imobilidade de vistas.

«Em primeiro lugar está proibida a venda ao postigo em qualquer estabelecimento do ramo alimentar… a venda ou entrega de qualquer tipo de bebida, mesmo cafés…», disse Costa.

Pobre horizonte, fecham-te lentamente como o véu de um templo que se cerra.

E se um dia quisermos sair para respirar o ar livre de uma bela manhã de Primavera, vamos lá ver se não nos arranjam outros postigos que nos cortem as lonjuras.

Não será tudo isto prudência a mais?



Mário Rui
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Lou Ottens - o inventor da cassete


 “Morreu, a 6 de Março, com 94 anos, o inventor da cassete, Lou Ottens, mas a morte foi apenas anunciada esta quarta-feira pela família. Com a cassete, Lou Ottens revolucionou o mundo, particularmente a forma como as pessoas ouviam música. Em 1960, o holandês tornou-se o responsável máximo pelo departamento de desenvolvimento de produto da Philips, tendo desenvolvido a famosa cassete de fita magnética, que viria a ser apresentada três anos mais tarde numa feira de eletrónica em Berlim”.

Foram horas e horas a fio, as que passei a tratar tantas harmonias que se modulavam com a mão firmada nos botões, os ouvidos suspensos na beleza das formas sonhadas numa contemplação de ser música interior. E pouco depois, começava a alvorada. Rebobinava-se a fita e começávamos a versejar ao mesmo tempo. E as melodias caiam-nos no regaço com a afabilidade com que se queriam associar aos nossos folguedos. E já foi no outro século, mas o tempo não me fugiu!


Mário Rui
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Crosby, Stills, Nash & Young


PÉROLAS!!!

11 de Março de 1970

Lançamento do álbum de estúdio ‘Déjà Vu’ de Crosby, Stills, Nash & Young.


Mário Rui
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Cegonha



Mário Rui
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Desconfinando a paciência



Mário Rui
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Capa do jornal "O Concelho de Estarreja" - edição de Março 2021


 

Mário Rui
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domingo, 7 de março de 2021

É preciso ter uma lata do caraças!

Afinal, a causa foi modificada. Antes era “As mulheres e o emprego: um tema do Homem”, com ‘h’ grande, pois claro, o respeitinho é muito bonito.

Agora, já é “O retrato da igualdade de género nas empresas em Portugal”. “Desta vez um debate com homens e mulheres”. Lindo, o fraseado…

E quanto a géneros, a coisa passou de 5-1, para 6-5. Jesus, quanto a estratégia táctica, não faria melhor no Benfica.

Melhorou substancialmente, a conferência, é certo, mas o problema é que cheira muito a desculpas de mau pagador vindas de gente que não pensa.

Já agora, quase me passava, amanhã é o Dia Internacional da Mulher.

E quando nós, machos e pretensos másculos pela nossa simulada vida de carreira ao ar livre mostrarmos uma expressão carrancuda por arrogante, façam o favor de nos arrancarem a máscara.



Mário Rui
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RÁDIO VOZ DA RIA – ESTARREJA: “Aconteceu a 6 de Março de 1989”

Com aquela serena compreensão dos multíplices aspectos das coisas e de quem as faz, é agora tempo de dizer que valeu a pena o esforço de então, esse ganho para Estarreja, certos de que estávamos a criar um cunho de novidades de um a outro canto da nossa terra. E fizemo-lo sempre na busca dos testemunhos de suma valia que vingam como subsídio para quem no futuro pretenda contar as histórias das diferentes fases do movimento dos nossos passos. Não é preciso mais para se ver a importância e o valor do trabalho que lhe dedicámos. Ainda bem!

 

Mário Rui
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Por aí





 

Mário Rui
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Teatro Aveirense – 140 anos


Os trabalhos de edificação foram concluídos em 1881, tendo a inauguração do teatro ocorrido em finais desse mesmo ano. No dia 5 de Março de 1882 realizou-se a estreia da primeira peça de teatro, encenada pela Companhia do Teatro Nacional D. Maria II de Lisboa, a qual se manteve alguns dias em Aveiro com representações diárias.


Mário Rui
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Ambas têm mocidade e ambas têm velhice, as casas e as janelas.


Mário Rui
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Covid-19 não é a palavra do ano. Saudade foi a eleita em 2020


Há dias em que, se me perguntassem o que eu queria ser, responderia: tudo. Mesmo que nos outros me apetecesse ser nada. Curvas, picos, planaltos, ou seja, vivendo na montanha russa com um ano de coronavírus e a vida de pernas para o ar mais o que falta ainda saber. Entretanto, a ciência lavrou o seu decreto; vacinem-se! Temos saudades de quê? Não sei. De outras saudades talvez, sabe-se lá. Se calhar de gargalhadas, assobios, de rosas adolescentes e de aromas inebriantes. Sonho tudo. Estalidos, mil ruídos, mil rumores que são toda uma eterna tentação num ano de surto que foi um furto. Saudade, é palavra de boa-fé.

 

Mário Rui
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A CIP e o Dia da Mulher


 “Por ocasião da comemoração do Dia Internacional da Mulher, a CIP-Confederação Empresarial de Portugal realiza, no dia 08 de março às 09h00, uma conferência digital onde o palco será de homens. O objetivo é desmaterializar o Dia da Mulher, celebrá-lo como um legado histórico e não como um dia de luta. Pretendemos discutir, entre líderes masculinos, o que trava a ascensão de mais mulheres a cargos de gestão”.

Certamente que sou eu que estou errado na análise. Mas, que diabo, para tratar de assuntos de mulheres, não deveriam os homens, que tanto gostam de dormir acompanhados, de levar à conferência muitas mais ao invés de uma única? É que a coisa assim organizada faz-me lembrar aquele fervor de antigos guardadores de águas que em vez de cuidarem da margem do rio, só pensavam em pôr o rio à margem. Mas não liguem ao que digo, estou velho e cada vez mais menos percebo deste mundo. Já fico contente em tão-só saber que ainda posso abrir as janelas para fazer entrar ar, esse precioso gás que, apesar de às vezes não ser muito puro, vem a mim sem dependência de o ter de perceber. O meu mal é justamente abrir os vidros para fazer entrar outros ares que não entendo. Agora imaginem que teria de os compreender, ou aceitar, a esses ares do novo existir, e hoje já estaria maluco. Tenho muita preguiça de fazer o que não devo, felizmente. Esse deve ser o meu pecado imortal e vai comigo para onde eu for. Na rua, já ouço a rapaziada gritar «olha o balão!», como nas noites de Santo António. Mas que diferença de realidades!


Mário Rui
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O que nós ‘corremos’ para ver estes eleitos do volante!



24 de Maio de 1942 / 26 de Fevereiro de 2021

Morreu a lenda dos ralis dos anos 70 e 80 Hannu Mikkola, com 79 anos.

O finlandês voador Mikkola venceu por três vezes o Rally de Portugal, em 1979, 1983 e 1984.

A carreira de Hannu Mikkola durou 31 anos, iniciou-se ao volante de um Volvo PV 544 em 1963, mas o seu período de ouro foi durante as décadas de 70 e 80.

Mikkola, durante a década de 1970 participou em numerosos ralis, a bordo de um Ford Escort, e em 1979 foi um candidato ao título mundial, perdendo apenas nos últimos ralis da temporada.

Venceu por sete vezes o Rali dos 1000 Lagos na Finlândia, vencendo também o Rali da Grã-Bretanha por quatro vezes.


 
Mário Rui
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