quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Vão e voltem que desse modo ajudarão muita gente a mudar de opinião a vosso respeito.

Afinal fico satisfeito pelo facto de não ser o único a perceber que, neste nosso mundo, ainda prevalecem o lucro e a ambição desmesurada, em lugar da solidariedade para com o país que vai definhando. Assim o disse em crónica anterior, assim o continuo a assumir. E mais! Sobre esta deslocalização parece-me mesmo que todos querem ascender ao trono. Como se a felicidade dos milhões estivesse sobre o trono. Para aqueles que se exilam voluntáriamente, sós ou aos pares, e atendendo às circunstâncias em que o fez o grupo Jerónimo Martins, só nos resta não erguer a mão contra eles. Pelos vistos outros lhe seguirão os passos, e o nosso destino não é tornarmo-nos enxota-moscas. Vão e voltem que desse modo ajudarão muita gente a mudar de opinião a vosso respeito.
Mário Rui


O porta-voz do CDS, João Almeida, sugeriu hoje que os consumidores têm «todo o direito» de adaptarem o seu perfil de consumo na sequência da decisão do grupo Jerónimo Martins transferir a sua sede social para a Holanda.
A declaração de João Almeida, também vice-presidente da bancada do CDS-PP, foi feita no período de declarações políticas do plenário da Assembleia da República e causou manifesta surpresa entre as bancadas da oposição.
Ao longo desse debate, Bloco de Esquerda, PS, PCP e Partido Ecologista 'Os Verdes' defenderam mudanças na lei ao nível da tributação dos lucros das empresas em território nacional, tendo em vista impedir a sua fuga para o estrangeiro, mas nunca colocaram a possibilidade de qualquer exercício de penalização ao nível do consumo de bens vendidos pelo grupo Jerónimo Martins, proprietário dos supermercados Pingo Doce.
Para o porta-voz do CDS, «se é legítima» a opção de um empresário nacional transferir a sua sede social para outro país, «ainda que possa ser criticável, também é legítimo aos consumidores retirarem consequências dessa opção e adaptarem o seu comportamento».
«Como é evidente, qualquer consumidor tem todo o direito, perante uma opção destas do empresário, de adaptar o seu perfil de consumo», acrescentou João Almeida.
Tal como antes fizera o deputado do PSD Virgílio Macedo, também João Almeida situou a causa do problema da decisão do grupo Jerónimo Martins na perda de competitividade fiscal do país.
João Almeida referiu a este propósito que, durante a vigência dos governos socialistas, 15 dos maiores grupos económicos nacionais também mudaram a sua sede social para o exterior, «realidade que o PS agora pretende ignorar».
Na resposta, o deputado do Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares acusou o CDS de revelar que «o seu amor pelos contribuintes já desapareceu».
«Afinal, o CDS acha normal que este grupo económico saia do país, porque no passado outros 15 já saíram», respondeu o dirigente do Bloco de Esquerda
Lusa/SOL