terça-feira, 2 de outubro de 2012

O bodo aos pobres
















Começa a ficar-me a ideia de que tudo isto não passa de reles propaganda governativa. A SIC, na circunstância, associa-se a tão ‘nobre’ causa, a da não notícia, posto que o Estado ‘apenas’ pretende assegurar que as pessoas idosas vivam muito mais tempo. Treta, digo eu. «A escolha do grupo de pessoas com mais de 65 anos para passarem também a receber a vacina gratuitamente prende-se com dois critérios: a vulnerabilidade da idade e a vulnerabilidade da doença crónica», explicou Graça Freitas, da Direção-Geral da Saúde (DGS). «A ter que escolher um grupo, escolhemos os mais frágeis e vulneráveis». Ora aí está então o país dos velhinhos a agradecer encarecidamente gesto tão carinhoso por parte do Governo. É um favor a que todos devemos prestar preito. Especialmente estes idosos que, do tanto que descontaram ao longo da sua vida contributiva, só se devem queixar da dívida que o Estado jamais lhes pagará. Afinal nada têm a agradecer a este regime ladrão. É a única leitura possível num país onde um pretenso Conselho de Ética para as Ciências da Vida, e o seu presidente, defendem que é possível não fazer alguns tratamentos médicos a doentes com cancro, SIDA, ou doenças reumáticas, se tal não se justificar economicamente. A ideia surge num parecer pedido pelo Governo. E admitem o racionamento de medicamentos, nomeadamente a doentes terminais. Conselho de Ética? Ética é a parte da filosofia que estuda os fundamentos da moral. Moral, são os bons costumes e o respeito pela vida dos outros e nunca a vassalagem a valores económicos que trituram a vida dos mais desfavorecidos. Como dizia o prof.Machado Vaz; «neste perigoso e desumano parecer é sempre deliberadamente utilizada a palavra racionamento e UMA ÚNICA VEZ a palavra racionalização. O que significa que os subscritores sabem bem a diferença entre racionamento e racionalização e optaram conscientemente pela palavra racionamento». Chocante! E então querem que acreditemos agora na boa-vontade das vacinas gratuitas? A borla é um presente envenenado e mal disfarçado. Nem a mentir são bons estes governantes e demais actores da chamada saúde que devia ser pública e séria.

Quanto ao jornalismo da SIC, também seria bom que percebessem de uma vez por todas que, para ser notícia, deve ser fresquinha, ter proximidade, ser factual e de interesse humano. Se assim não for, o que ouvimos ou lemos mais se assemelha a propaganda e desinformação.

Mário Rui