sábado, 29 de outubro de 2011

Portugal pode acabar como País



Há uns tempos atrás ouvi o discurso do sociólogo António Barreto em declarações à margem da inauguração do 2º ano lectivo do Instituto de Estudos Académicos para Seniores, na Academia das Ciências de Lisboa.

Não que seja um ferveroso adepto desse tipo de cerimónias, chatas, sonolentas e quantas vezes insípidas, mas de facto de vez em quando convém lembrar que todos somos portugueses e que a nossa história, quer a mais mais longínqua, quer a mais recente, pese embora tudo o que dela têm feito, ainda consegue manter alguns traços de dignidade.

O orador, de quem de resto tenho ouvido umas coisas interessantes e sensatas, se bem que puramente académicas, repetiu o discurso corrente que tantas vezes temos ouvido pela boca de outros sociólogos, comentadores, analistas, cidadãos comuns e afins.

Por mero acaso, hoje mesmo reli esse discurso através desta rede que nos une globalmente e reparei num aspecto lá citado e do qual na altura em que o fiz, não me tinha apercebido.

Ora não é que António Barreto disse que Portugal podia acabar como País!!!! Na altura, não refelecti muito sobre esta afirmação mas, com a calma e serenidade com que pretendo gozar os dias em que não tenho que prestar contas ao meu patrão, comecei a pensar seriamente em tal dito e, subitamente nasceu em mim como que uma alma nova. «Portugal podia acabar como País». Finalmente apreceu alguém que arrasta consigo uma quase secreta esperança quanto ao nosso país.

Percebi que, afinal, assim como um bom estudante pode acabar como um excelente médico, professor ou o que seja, também Portugal poderá acabar como País. Ora aí está uma lufada de ar fresco, um instinto, um momento lúcido que ainda ninguém tinha transmitido ao povo. Ainda podemos vir a acabar como sendo um País. Não me canso de repetir este sublime pensamento já que finalmente surge uma luz ao fundo do túnel!

Em suma, e de um ponto de vista geral, António Barreto filosofou e, quem sabe, acertou. Terá sido o lado humano, demasiado humano deste homem a falar, que nos ajudou a sermos mais assertivos e mais crentes quanto ao que se passa no país, ou será que fui eu a perceber erradamente o que ele disse? O que Portugal poderá é acabar como nação, desaparecer simplesmente? Em qualquer dos casos e reflectindo ainda mais sobre o assunto, lá me volta outra vez a dúvida.

Se me lerem, peço-vos encarecidamente que me elucidem. Barreto fez chalaça com a declaração ou eu é que estou a brincar com coisas sérias? Oh António, explica-me tu!

Mário Rui