sábado, 31 de março de 2012

Guerra




Por que estamos sempre preparados para a guerra se queremos a paz? Se gostamos tanto de sossego, e não tenho razão para duvidar que a maioria de nós deseja isso, por que nos entregamos tão facilmente ao ódio que consome o nosso equilíbrio emocional?

É que valorizamos a guerra. Aprendemos que a capacidade de lutar é uma qualidade absoluta. Por isso costumamos dizer que uma pessoa que vence grandes obstáculos é guerreira na vida. É apenas uma questão de escolha da palavra? Questão semântica? Ser guerreiro poderia ser dito lutador? Ou um batalhador? Um combativo? Qualquer que seja a palavra, todas têm o mesmo sentido, o de vencer algum confronto.

A acção de deslindar uma situação adversa poderia não ser encarada como uma batalha, não ser comparada a uma guerra. Por que não designá-la de desafio? Melhor ainda, de dificuldades? Mas essas palavras não são as preferidas. Talvez porque desafios e dificuldades não sejam tão emocionantes. Faltam explicitar inimigos. Não evidenciam que existem pessoas a serem combatidas e que se sentirão derrotadas.

Queremos, e deveríamos cooptar as pessoas para uma causa que tem como conceito a não-violência, o respeito pelos outros. Destruindo tudo o que é a favor da guerra, da violência, do acicatamento de espíritos mais exaltados. Às vezes conseguimo-lo, porém, à custa de um desgaste mental que, na maior parte dos casos, se nos afigura como tarefa dificílima e por consequência muitas vezes intangível.

É que quer o egoísta, quer o avarento, quer mesmo o veemente revoltado contra a menor espoliação, chegados à última hora, mandam juntar à sua volta o exército e então aí está a declaração final de guerra. Para mim, em todo este desencadear de acontecimentos há um factor determinante, decisivo e que abala fortemente qualquer alicerce do bom-senso. É a inteligência humana, ou melhor, a falta dela.

E o que é ainda mais criticável é que há gente que aplaude, entusiasmada, esta abnegação do ser guerreiro. Não se eleva a condição do preserverante, do verdadeiro corredor de obstáculos que a todos aborda e salta em busca do prémio. A meta.
Por esta e por outras razões é que a mente humana é diversamente insondável e no mais das vezes o que nela está submerso, escapa, mesmo aos mais atentos e mentalmente melhor estruturados.

Quanto aos outros, aos fazedores de guerras, pode-lhes ocasionalmente parecer que venceram mais uma e ainda outra batalha. Mataram muitos inimigos. Mas lá virá inexoravelmente o tempo em que meditarão e a lição que, tardiamente, aprenderão, é que a única coisa que conseguiram foi enterrar mais uns quantos. Mais. Concluirão inevitavelmente que o que fizeram foi apenas selar mortes na terra e que este acto, mais tarde ou mais cedo, mais não será que soterrar fundamento, alicerce, semente que virá a dar fruto.

Mas o que foi feito, foi feito, e o peso que lhes pesará na consciência há-de flutuar-lhes sempre em jeito de interrogação. O que há de verdadeiramente grande, espantoso, novo, quanto ao que fiz? Nada! Então querem voltar a ser crianças, começando tudo de novo. Tarde demais...


Mário Rui

quinta-feira, 29 de março de 2012

Tentações


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Estou tentado a apostar nos deputados n.º 257, 258, 262 e 743. Fica-me uma sensação estranha de que são os que melhor tratam da política europeia. Qual é a vossa opinião?


Mário Rui

quarta-feira, 28 de março de 2012

Classe social alta é mais mentirosa, trapaceira.


(Clicar p.f. na imagem para descobrir a sabedoria do povo da classe média)

Pessoas de classe social alta, com mais recursos económicos e educação, tendem a comportamentos menos éticos do que as com menos recursos. A afirmação é do pesquisador Rodolfo Mendoza-Denton, professor do Departamento de Psicologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), que assina o trabalho em conjunto com colegas da Universidade de Toronto (Canadá). "Realizámos sete estudos experimentais que nos levaram a conclusões surpreendentes, disse ele em entrevista à agência de notícias Efe. "Normalmente pensa-se que as pessoas com menos recursos têm mais motivação para se comportar de maneira imoral, antiética e violar a lei." A equipe, liderada por Paul Piff, efectuou dois testes em situações normais para avaliar as probabilidades dos motoristas fecharem o cruzamento a outros veículos numa intersecção muito transitada de duas ruas, bem como de pedestres numa esquina da mesma área de San Francisco. O factor de referência foi a marca do veículo, a idade e aparência do motorista para apontar sua classe social. Os autores descobriram que uma percentagem mais alta dos motoristas de veículos caros ("um Porsche ou um Ferrari", disse Mendoza-Denton) antecipava-se ao cruzamento de outros veículos ou dos pedestres, comparado com os motoristas de veículos menos luxuosos. Outras cinco experiências realizadas em laboratório com estudantes e pela internet, com uma amostra de alcance nacional de adultos, revelaram que os participantes que se consideravam de "classe alta" tinham mais tendência a tomar decisões antiéticas do que os da "classe baixa". Entre esses comportamentos está furtar objectos valiosos de outras pessoas, mentir numa negociação ou aumentar as possibilidades de ganhar um prémio e dar aval a uma conduta incorrecta no trabalho. "O importante não é apenas a conclusão de que as pessoas que estão mais acima tendem comportar-se menos eticamente, mas avaliar por que o fazem", declarou Mendoza-Denton. "Descobrimos que as pessoas da classe baixa ou que se percebem como tal estão mais expostas a perigos, têm menos recursos e um trabalho que não é estável, o que torna as suas vidas menos previsíveis", disse o pesquisador. "Os cidadãos desse nível social trabalham mais para garantir que as relações humanas serão fortes e duradouras", acrescentou. Por outro lado, os membros da classe alta, "como têm mais recursos, sentem-se mais seguros, têm o luxo de ser mais independentes, tendem a focar os pensamentos e as emoções em si mesmos e pensam menos nas consequências que o seu comportamento tem para outros", concluíu. Pessoas de classes mais altas também demonstraram ser menos propensas a dizer a verdade numa negociação hipotética de emprego, na qual atuaram como empregadores tentando contratar alguém para um trabalho que sabiam que seria encerrado em breve. E, quando receberam um recipiente com doces, que os pesquisadores informaram ser para crianças que participavam em experiências num laboratório vizinho, os mais ricos tiraram mais bolos do que os demais, quando informados que poderiam comer alguns. Os mais ricos também parecem ser mais focados nas suas metas, vêm a ganância de forma mais positiva e têm sentimentos mais fortes de autoindulgência, revelou o estudo. "A busca do interesse próprio é uma motivação mais fundamental na élite da sociedade e o desejo aumentado, associado a maior riqueza e status podem promover más atitudes", destacou o estudo, publicado na revista especializada "PNAS".

Ora bolas! Estou verdadeiramente descoroçoado com o Departamento de Psicologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA). Então mas é para isto que o Tio Sam anda a dar dinheiro a estes pesquisadores? Francamente. Esperava mais, muito mais de uma sociedade que se diz evoluída e na vanguarda da ciência. Até já começo a desconfiar da competência do M.I.T. e quejandos norte-americanos.
Para tirar conclusões destas, em conjunto, ainda por cima, com colegas da Universidade de Toronto (Canadá), é feito de pouca ou mesmo nenhuma monta. Qualquer cidadão da classe média portuguesa, de há cerca de 900 anos a esta parte e com especial incidência para os últimos 38, já o sabia e vai continuar a prová-lo. Sem pesquisas, sem estudos, sem laboratórios. Só com a má companhia dos famélicos que por cá nos habitam. Estão a ver como este povo, às vezes, é astuto e vanguardista?

Este explodir de júbilo, pelas coisas que sabe, de uma classe média portuguesa é uma das mais sublimes passagens de toda a nossa história. Temos instantes em que o raciocínio nos assiste de modo mais brilhante do que relativamente a um qualquer investigador quadrado, há lá muitos, dos States.

«Povo, povo, pode haver quem te defenda, quem compre o teu chão sagrado, mas a (riqueza) da tua vida não.»

Pedro Homem de Melo - Cientista português que estudou Direito (apesar da marreca) em Coimbra, acabando por se licenciar em Lisboa, em 1926. Foi um entusiástico estudioso, pesquisador (melhor que os americanos) e divulgador do folclore português, que mais tarde viria a propiciar o bailinho político-lusitano da classe alta, leia-se política, dos anos da democracia nacional. Criador e patrocinador de diversos ranchos folclóricos minhotos, tendo sido, durante os anos 60 e 70, autor e apresentador de um popular programa na RTP sobre essa temática. Mais tarde, foi apagado da ciência portuguesa, pela lusa gula d'alguns...

Mário Rui

segunda-feira, 26 de março de 2012

A próxima década



O CEO da Stratfor faz, neste estimulante livro, uma análise de como vai ser a política global na próxima década, mostrando que os Estados Unidos continuam a ser determinantes.
A Stratfor é uma das melhores fontes de informação independentes que existe no contexto global. Quem quer estar bem informado sobre as grandes tendências políticas e económicas tem de ler os seus relatórios. George Friedman, o seu CEO, é por isso uma voz culta e atenta sobre o presente e o futuro do mundo. Como demonstra neste seu novo e incontornável livro, "A Próxima Década". Friedman foca-se sobretudo no lugar central dos Estados Unidos no globo após a queda da União Soviética e nas mudanças que isso motivou. Para ele, durante 10 anos os EUA viveram na negação de serem a única superpotência e a década seguinte numa série de guerras no mundo islâmico. E, ainda hoje, não atingiram o balanço necessário para se equilibrarem entre as suas forças e fraquezas.
Friedman é claro: os EUA representam 25% da economia global e têm tropas e bases em dezenas de países. Não deixa de ser curioso, e irónico, como os EUA foram a primeira nação moderna a ser fundada no princípio do anti-imperialismo (as suas primeiras aventuras militares, em Cuba e nas Filipinas, contra os espanhóis, foram justificadas nesse sentido). E que hoje seja o país que carrega a farda do imperialismo, depois da Grã-Bretanha ter perdido o seu império após a II Guerra Mundial e a França continuar a sua política envergonhada em África (como mostrou na Líbia).



in 'Negócios online'



Mário Rui

Dos loucos que nos habitam


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E como parar um mundo de loucos que a cada instante acossa e intimida o nosso pacato viver, o nosso incipiente sossego? De que natureza, de que massa é feita gente desta? Quem lhes ensinou que o viver dos outros é para destruir, qualquer que seja a causa e, quantas vezes, sem causa.

Que Deus é que acolhe e escolhe espíritos alvoraçados cujo único intento é fazer trespassar a face da lâmina por entre a felicidade de alguns? Díficil é a resposta, mais difícil é dedicar-lhe compreensão por tudo o que planeiam, executam e desmoronam.

Quão trágico é habitarmos uma terra que já passou por tantas ou tão poucas barbáries que, afinal, nada educaram, nada de bom trouxeram à humanidade para que ela se pudesse assumir na sua plenitude. Acima de tudo fazendo carregar por sobre os ombros de homens e mulheres um certo jeito, risonho e sábio, de estar cá.

São os loucos que ameaçam o mundo novo quer sejam, também eles, humanos, máquinas, prodígios da ciência, inovações da tecnologia. Mas a tecnologia não tem culpa. A tecnologia, a ciência, as máquinas, são o que quisermos fazer delas. São valorosas se proporcionarem o bem-estar do Homem, se permitirem que se trabalhe menos e se ganhe mais. Não necessariamente dinheiro, mas conhecimento.

Caso contrário não valem de nada. Só promovem desigualdades, ganâncias, desmedidos sentidos de poder e nefastas influências. E num eventual pacto entre loucos, máquinas e homens, eu opto pelos últimos. São e serão sempre os primeiros.

Ainda que lhes queiram trocar as voltas, aos verdadeiros Homens, serão sempre eles a caldear o azedume com o bom-senso e a arrastar para o abismo o que é supérfluo, o que não nos faz falta alguma e, desse modo, a dar-nos serenidade no que pensamos e fazemos.

Já não sou miúdo, como gostaria de o ser, mas continuo a ler a ver e a escrever. E ainda assim me ficam manias. Especialmente a mania de que há-de vir um D.Sebastião, ou então um cerrado nevoeiro que envolva num manto enorme um guia a quem possa idolatrar e o seu saber me possa elucidar sobre o que não se explica.

Pagarlhe-ia caro, acreditem, os juros do seu talento. Podia ser poeta, filósofo, prosador, cantor das desigualdades, mas que fizesse suas as nossas inquietações. E que levasse os loucos para bem longe da nossa pele. Reproduziram-se e generalizaram-se à velocidade da Revolução Industrial e por cá ficaram, vingaram.

Até que se construa uma Pátria utópica, não os conseguiremos afugentar com pomadas domésticas. Que pena eu tenho!


Mário Rui

Leituras




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Afinal nada é tão estranho quanto parece.


Mário Rui

domingo, 25 de março de 2012

Papa Mariachi


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Papa Mariachi.

Mário Rui

O CO2 é lindo.


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Estruturalmente o dióxido de carbono é constituído por moléculas de geometria linear e de carácter apolar. ( Em zoologia diz-se da célula nervosa arredondada ). Como tudo bate certo!

Mário Rui

sábado, 24 de março de 2012

Envellhecimentos







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Envelhecer Uma pessoa envelhece lentamente: primeiro envelhece o seu gosto pela vida e pelas pessoas, sabes, pouco a pouco torna-se tudo tão real, conhece o sginificado das coisas, tudo se repete tão terrível e fastidiosamente. Isso também é velhice. Quando já sabe que um corpo não é mais que um corpo. E um homem, coitado, não é mais que um homem, um ser mortal, faça o que fizer... Depois envelhece o seu corpo; nem tudo ao mesmo tempo, não, primeiro envelhecem os olhos, ou as pernas, o estômago, ou o coração. Uma pessoa envelhece assim, por partes. A seguir, de repente, começa a envelhecer a alma: porque por mais enfraquecido e decrépito que seja o corpo, a alma ainda está repleta de desejos e de recordações, busca e deleita-se, deseja o prazer. E quando acaba esse desejo de prazer, nada mais resta que as recordações, ou a vaidade; e então é que se envelhece de verdade, fatal e definitivamente. Um dia acordas e esfregas os olhos: já não sabes porque acordaste. O que o dia te traz, conheces tu com exactidão: a Primavera ou o Inverno, os cenários habituais, o tempo, a ordem da vida. Não pode acontecer nada de inesperado: não te surpreeende nem o imprevisto, nem o invulgar ou o horrível, porque conheces todas as probabilidades, tens tudo calculado, já não esperas nada, nem o bem, nem o mal... e isso é precisamente a velhice.

Sándor Márai, in 'As Velas Ardem Até ao Fim'


Mário Rui

Pássaros




Solidão



Represas



Quietude



sexta-feira, 23 de março de 2012

Óscar político



E o nomeado é .... ... ... T.S., pois claro!

Mário Rui

Que fazer? Que esperar?


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O outro, o fascista, era mau, muito mau. Apesar de tudo, com muito ou pouco pão lá íamos vivendo o dia-a-dia. Mandava bater nos estudantes, nos adversários políticos, nos comunistas, enfim era um festim. Mas era selectivo…

Os de agora, os democratas, para além de nos terem roubado o nosso pão, o que os coloca no mesmo patamar do outro, o fascista, dão ordem à polícia para desancar sem piedade a quem se lhes atravesse no caminho. Sem piedade, sem dó e de modo indiscriminado. Não sei se os manifestantes da greve de ontem se portaram assim tão mal. Nem sequer sei se a carga policial, qual violência guerreira medieval, foi despoletada por um qualquer acto hostil por parte de quem grita por melhores condições de vida.

Esta mobilização popular, vinda do lado que veio, também sempre me leva a desconfiar dos seus propósitos políticos. Agora uma coisa eu sei. A inusitada selvajaria de ontem por parte do corpo policial é a característica comum a regimes tirânicos, opressores, curtos de vista. Também desconheço se existe, ou não, um manual, pelos vistos de maus costumes, por onde esta gente aprendeu a lidar com o descontentamento da plebe.

Se existe, então devia lá constar uma alínea, nem que fosse única, onde se pudesse ler e apreender:

1.- Nunca houve na nossa terra desgraça tão grande, mal-estar tão horrível! A ira, a crueldade, a necessidade de perseguir, tudo isto se dirige contra o possuidor de tais instintos; eis a origem da «má consciência». A consciência é o melhor livro de moral e o que menos se consulta, daí que, antes mesmo de saírem do quartel, a todos incumbe o dever de interiorizar a ideia de que se devem arrefecer os instintos animalescos de certos agentes policiais. Ou de certos agentes do Governo.

O que não pode acontecer são cenas de pancadaria gratuita contra quem reclama direitos que lhe assistem, porque deveres já os têm em demasia.

Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela Política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura. (Eça de Queirós)

Mário Rui

Connosco ou contra nós




A actual situação do país exige reivindicação por parte daqueles que sofrem na pele as actuais políticas. A greve é, por isso, um direito que assiste a qualquer cidadão português e até me fica mal dizer que sou a favor dela, dado o facto consumado que ela representa para mim.

Médicos, professores, operários, maquinistas e até a própria polícia têm sido o rosto da indignação geral do estado do país e é, por isso, de crer que, independentemente da classe a que pertençam, se unam em prol de um objectivo comum. Mas não!Aqueles que mais nos deviam proteger são aqueles que, já depois de terem cuspido no prato de onde comeram, nos levantam o bastão em primeiro lugar. Uns dirão que a carga policial que já começa a ser habitual nas manifestações é apenas o cumprir do dever da classe que nos devia proteger. Outros, como eu, dirão que o dever moral que, pelos vistos, não prevalece sobre qualquer outro, devia ser norma e que o facto de estarem do nosso lado não significa que estejam do lado errado da lei.

O problema é que aquele bastão já não pertence sequer à mão dos próprios polícias, mas antes a uma ditadura dissimulada do nosso Governo, aos tentáculos de um polvo que se diz democrático, mas que desqualifica e despreza constantemente o nosso país e, mais perigoso ainda, o nosso povo.

A carga policial que varreu os trabalhadores indignados na última manifestação em Lisboa devia fazer-nos questionar o estado da nossa Democracia e, sobretudo, fazer-nos reflectir se é de uma autoridade policial assim que precisamos quando tudo o resto deixou de funcionar. E se não for, o que acontecerá depois?

Apesar disso, é bom que não esqueçamos que a imoralidade destes actos começa bem lá em cima em que nos governa. Eles sim, os verdadeiros responsáveis por esta trapalhada toda e por atentarem constantemente contra os nossos direitos. Por isso, a realidade portuguesa que mais me preocupa é esta: a única força que devia estar do nosso lado e que sofre também na pele as políticas que prejudicam a sua classe, é a primeira a esquecer a moralidade das suas acções e a atacar-nos tal e qual como o Governo nos faz.

Posto isto, expliquem-me: as autoridades policiais deste país estão connosco ou contra nós?


Rui André

quarta-feira, 21 de março de 2012

Vivências


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Toda a alma digna de si própria deseja viver a vida!


Mário Rui

Desilusões ou ilusões?



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Mário Rui

José Gomes Ferreira: Henrique Gomes "perdeu o braço de ferro com uma gra...



Um Povo Resignado e dois partidos sem Ideias Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. [.] Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas. Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.


Guerra Junqueiro, in 'Pátria (1896)'

Mário Rui

terça-feira, 20 de março de 2012

Comunicando governação




Espíritos dirigentes e seus instrumentos

Mário Rui

Quanto mais abstracta for a verdade que queres ensinar, mais tens que desencaminhar os sentidos para ela (Freud)


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Tive hoje oportunidade de ler a crónica azeda de mais um iluminado economista da nossa praça. É mais um daqueles que, a seu tempo, não conseguiu descobrir o que aí vinha e muito menos nos avisou do que nos esperava. Repito, se médicos e engenheiros fossem como este e muitos outros economistas que por aí 'palram', então a população portuguesa já tinha morrido. Mesmo assim arroga-se o direito de escrever como escreve sobre o actual primeiro-ministro português.

Até nem discordo totalmente do que diz e, se quer dizer, pode e assiste-lhe todo o direito para tal. No entanto, para um economista feito ao mesmo tempo jornalista, tudo o que disse e escreveu lhe fica mal. Fica-lhe mal porque em tempos idos , nunca lhe ouvi um discurso tão agreste contra quem mentiu, contra quem prometeu a felicidade e também só nos deu amarguras. Não lhe deu vontade de, nesse tempo, assim falar? Porque será? São dois pesos e duas medidas, não é?

Fala dos portugueses que são agora levados à miséria e à subserviência estrangeira, mas enquanto fez contas no tempo socrático, pelos vistos, nunca conseguiu obter resultados insatisfatórios. Nesse tempo, as contas davam sempre certo e, está bom de ver, em favor da população que agora afirma definhar com a gestão de Passos Coelho.

Olhe, por mim sou tão fã de Sócrates quanto de Passos Coelho. Agora o que nunca faria era enganar quem o lê, quando subrepticiamente critica um e parece aplaudir outro. São os dois quase iguais, homem. A haver alguma pequena diferença, essa situa-se no patamar do que um fez e o outro tem que fazer. Sim, porque de facto o estado calamitoso deste país a tanto deve obrigar.

As suas linhas escritas no Expresso, só enganam os incautos. “Sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes”, afirma o senhor. Só agora? Então e nunca lhe deu um arrepio pela medula-espinhal abaixo, ou acima, noutras alturas? Ora vá lá encher-se de moscas mais o que pensa e escreve! Mais uma vez se atrasou no cálculo de estatísticas e probabilidades e, sendo assim, até eu opino do modo como o meu amigo faz, tão matematicamnte letrado, ou numerado.

O seu modo discursivo de pôr a coisa, parece-se exactamente como o dos políticos que temos. 'Eu é que sou um bom primeiro e o que me antecedeu era uma nulidade'. A menos que também já tenha essa miragem de chegar aos assentos da Assembleia da República. Acredito mesmo que, quem assim fala, algum objectivo, que não o de dar a mão a quem mais precisa, tenha. Insondável por enquanto mas perceptível desde logo.

Não será essa sua decepção uma dissimulação? Como antes referi, Sócrates ou Passos, são iguais . Como agora refiro, economistas feitos o senhor Nicolau Santos, também não são flores que se cheirem. Ser-se falso com uma certa candura ou bonomia, na apreciação de um governo e impetuosamente contra um outro, cheira-me sempre a ser do F.Clube do Porto e do S.L.Benfica. Mas isso são “futebóis”.

Falar para o povo que compra o seu jornal, é outra coisa completamente diferente. Fundir-se num papel, numa máscara, numa aparência, às vezes resulta num serviço de limitada utilidade imediata. Não vai ser com os seus sempre atrasados e demasiados sectários artigos de opinião que as famílias do baixo povo, aquelas que foram sempre obrigadas a lutar pela existência sob a opressão das contrições e de severas escravidões, se vão ver livres destas amarras.

Quando o vir a escrever de modo menos enunciativo e mais descomprometido politicamente, então sim, saudá-lo-ei por estar a falar de maneira isenta e tão-só amiga de quem precisa de mão afável. Até lá já não há pachorra para tantos dislates e usuais diatribes nem para as palavras incendiárias e agressivas que continuadamente "bolsa" quando mais lhe convém.

É tão lindo e bom o desengajamento político que até já creio que, Sócrates, Passos, economistas e alguns jornalistas, são o mal de toda a nossa lusa-pátria. Comprem o divã que foi de Freud e meditem, meditem ....

Mário Rui

segunda-feira, 19 de março de 2012

A arte do artista


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Desenhos que podem ser confundidos com fotografias são a especialidade do artista hiperrealista escocês Paul Cadden, que é parte de uma exposição numa galeria de Londres. Aí está um artista que ultrapassa todos os mais na sua arte de encontrar tonalidades para exprimir a sua genialidade.

Mário Rui

Aí está ele de novo


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Depois do escândalo das escutas que arrasou com o “News of the World”, Rupert Murdoch está de regresso ao mercado dos semanários com um novo jornal. Chama-se “Sun on Sunday”, custa 60 cêntimos (50 pences), promete respeitar a ética jornalística e esmagar a concorrência com uma impiedosa guerra de preços. A ver vamos! Mas atenção, porque o jornalismo moderno tem uma coisa a seu favor. Ao oferecer-nos a opinião dos deseducados, ele mantém-nos em dia com a ignorância da comunidade.

Mário Rui

quinta-feira, 15 de março de 2012

Otelo e a história do capuchinho vermelho




A grandiloquência política deste homem e deste discurso, espanta-me. É caso para que me seja permitido o plebeísmo e afirmar que “e ele a dar-lhe e a burra a fujir”. Otelo quer outro happening como em 1974 e insiste na ideia já peregrina de refazer a revolução. Parece querer reviver uma revolução que, iniciada e assente em princípios que até pareciam nobres e justos, rapidamente se transformou numa caça ás bruxas de que Otelo terá sido o verdadeiro mentor e depois executor.

E a quem fez o que fez, se honra e ética houvesse, não deveria sequer ser-lhe dada a palavra no que à democracia ocidental diz respeito. Até podia ter razão de queixa do já longínquo e persistente estado de subserviência e dependência a que o país chegou. Podia sim senhor, mas não tem. E não tem pela simples razão que, em si mesmo, ele não personifica nenhuma mudança confiável.

Se já não o foi há 35/36 anos, com um percurso nebuloso para não lhe chamar de criminoso, desde então, como poderíamos hoje dar algum crédito ao que vocifera e vaticina para o futuro de Portugal. É o veho dilema do crédito e do débito. Fica-me quase sempre a ideia, quando leio ou ouço o que tem para nos dizer, que bem melhor seria estar calado. Todos nós estamos altamente insatisfeitos com a lamentável cidadania a que uma classe política, impreparada para gerir uma área geográfica de pouco mais que 92 0000 km², dita soberana? e unitária, nos conduziu.

Tudo o que tinham para governar se situava à volta de 10 milhões de almas. Tão pouco para tanto mal que nos fizeram. Em todo o caso, se com estes agrestes políticos não fomos capazes de arrancar vitória, muito menos a iríamos conseguir à paulada, ao assassinato dos que não afinam pelo mesmo diapasão dos outros e, ainda por cima, como que comandados por um qualquer militar sedento de poder que facilmente se transforma em sangue.

Para desassossego, já temos que chegue! Posto deste modo o problema, já que é de problema que se trata, prefiro que nos viremos para gente, ainda que de fraca consistência política, mas ainda assim com dois dedos de sensatez. Não lhes retiro um cantinho que seja do rótulo que lhes aposto. Porém, guerra é guerra, e desengane-se aquele que pense que é com esse recurso que saíremos do atoleiro.

É pois, por todo este conjunto de visões que eu tenho, que não acredito e jamais acreditarei nas ousadas palavras do senhor de Otelo. E entretanto, meu amigo longínquo, não me venha falar no imperativo categórico!... É uma frase que sempre me fez estar na defensiva e nunca me poderia impedir de rir se o voltasse a ouvir a dizer o que diz, apesar da sua tão séria presença.

O que nós queremos é fazer como Rafael, o artista, e não pintar mais martírios. Entre outros aspectos do seu discurso e prática – porque há muitos outros – a luta que o senhor sempre idealizou, representa seguramente e apenas o combate das naturezas mesquinhas e vulgares. Dos que ruminam longas desconfianças quanto ao valor da vida e de um povo.

Boa noite senhor Otelo e espero que lhe passem depressa esses acessos napoleónicos de despotismo. Durma, durma muito e sossegado que nós, os remediados, não o acordaremos.

L'aventure c'est l´aventure. Já a tivemos noutros tempos... e até a história do capuchinho vermelho já está gasta de tantas vezes contada.


Mário Rui

Irmãos



Aos filhos únicos, sinto muito, mas os irmãos são essenciais.

Mas a relação nem sempre começa com essa percepção. Os irmãos começam, geralmente, por ser os piores inimigos um do outro. Envergonham-nos em frente às miúdas giras da escola, recusam levar-nos com eles nas primeiras saídas à noite, acusam-nos pelo vidro partido enquanto jogávamos à bola no pátio da avó, culpam-nos e insultam-nos pelas birras infantis no restaurante, roubam-nos a última batata frita do prato e enquanto fugimos depois de termos tocado à campainha da vizinha, eles ficam para trás para lhe dizer que foi o “meu irmão, dona Zelda”.

Depois desta fase, é com os irmãos que vêm as primeiras noções de lealdade e de fidelidade, as primeiras alegrias e tristezas partilhadas e o companheirismo e a cumplicidade, até que chegamos finalmente ao ponto em que eles nos pagam um copo em frente à miúda de quem nos costumavam envergonhar em pequenos.

Com os nossos irmãos aprendemos também a enfrentar o mundo e os mauzões que nos atormentavam lá na escola, a ludibriar os nossos pais com a sua preciosa confirmação de que “não foi o mano que partiu o vaso do jardim”, a ignorar os joguinhos das miúdas que primeiro mexeram connosco, a manter a postura nesta ou naquela situação e até as primeiras técnicas de engate.

Os irmãos são como os profetas – e contra mim falo - que acham que sabem tudo, mas sabem, no fundo, tanto como nós. Essa é a má notícia. A boa é que para nós, tudo o que eles digam ou façam será sempre tomado como exemplo. E dos bons!

Ter irmãos é maravilhoso e ainda bem que eu só tenho um. Dois dariam muito mais trabalho.

Não sei como é não ter irmãos, porque nasci depois do meu. Mas presumo que seja extremamente triste não ter um a quem possamos desligar a luz do quarto de banho ou o esquentador no preciso momento em que ele se prepara para entrar no banho.


Rui André

quarta-feira, 14 de março de 2012

Ortografias e outras manias



Já um destes dias discorri sobre o Acordo Ortográfico que algumas mentes brilhantes portuguesas decidiram impôr por decreto lei. Como ainda hoje não vislumbrei qualquer vantagem neste acordo, continuo convicto, isso sim, de que na génese deste compromisso linguístico, apenas estão interesses económicos, corporativos e de uma outra natureza, essa sim, insondável e pouco confiável, ou não fosse ela engendrada por alguns portugueses desconhecidos e muitos brasileiros duvidosos.

Que interesses? Coveniências pessoais, de grupo e, olhando em redor destas duas jovens democracias e seus exemplos de beberagem narcótica, até me parece que se tratará também da força despótica da renovação primaveril que não se vê antecedida de chuva.

Afinal, é esta a questão! Para quê o Acordo Ortográfico? Clamam os portugueses por escrever “ação” em vez de “acção”? Existe ou existiu algum movimento, entre os que escrevem livros ou nos jornais e nas revistas ou entre os professores de português, para que seja alterado o nosso modo de escrever? Não!

Andaram ou andam aflitos os agentes económicos portugueses, pela perda de mercados ou de negócio por causa da maneira como escrevemos a nossa língua? Não!

Então, para quê empurrar e impor por via legal uma grafia para as palavras baseada na comparação com a grafia utilizada pelos falantes de português de outros países, mas onde a língua, muito naturalmente, seguiu e segue outros rumos e teve e continua a ter outras influências – diferentes, evidentemente, do português falado e escrito em Portugal?

O acordo ortográfico não tem qualquer vantagem para os brasileiros, os angolanos, os moçambicanos, os cabo-verdianos, os guineenses ou os portugueses. E tem desvantagens óbvias. Quem ganha com o acordo e o que se ganha com ele? Esta é a questão importante. E só vejo duas respostas.

Primeiro, ganham os intelectuais que fizeram o acordo, que ficam assim na história. Triste maneira de ficar na história, diga-se de passagem: como autores de listas de palavras. Enfim. Segundo, ganha talvez o Brasil, porque usa o acordo como uma maneira de tentar cativar os mercados africanos, para se abrirem mais às exportações do Brasil e menos às da China.

Contudo, não é o acordo em si que facilita tais exportações: é apenas um sinal de aproximação do governo brasileiro que poderá fazer os governos africanos abrir-lhes mais as fronteiras. Não haverá uma maneira mais simples de conseguir esse objectivo? Penso que sim.

Acordos comerciais bem pensados e economicamente vantajosos para todos os países que falam português não serão difíceis de conceber e efectivar. Bom, excepto para quem pensa que mudar a ortografia de dois por cento do léxico é um passe de mágica para a afirmação do português no mundo.

Tudo isto vale para o esteta pelas sensações que lhe causa. Afinal, tudo isto bem me contentaria se eu conseguisse persuadir-me que esta teoria não é o que é.

Mário Rui

sábado, 10 de março de 2012

Só para relembrar


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Trabalhadores fazem as suas refeições no interior do túnel do metro que está em construção em Wuhan, na China. E fazem-no porque nunca quiseram ser sindicalizados. Se o fossem, então outro galo cantaria. Ora atentem em Fernando Pessoa:

««A sindicação, saída da liberdade como o monopólio espontâneo, é igualmente inimiga dela, e sobretudo das vantagens dela; é-o com menos brutalidade e evidência e, por isso mesmo, com mais segurança. Um sindicato ou associação de classe — comercial, industrial, ou de outra qualquer espécie — nasce aparentemente de uma congregação livre dos indivíduos que compõem essa classe; como, porém, quem não entrar para esse sindicato fica sujeito a desvantagens de diversa ordem, a sindicação é realmente obrigatória. Uma vez constituído o sindicato, passam a dominar nele — parte mínima que se substitui ao todo — não os profissionais (comerciantes, industriais, ou o que quer que sejam), mais hábeis e representativos, mas os indivíduos simplesmente mais aptos e competentes para a vida sindical, isto é, para a política eleitoral dessas agremiações. Todo o sindicato é, social e profissionalmente, um mito.
Mais incisivamente ainda: nenhuma associação de classe é uma associação de classe. No caso especial da sindicação na indústria e no comércio, o resultado é desaparecerem todas as vantagens da concorrência livre, sem se adquirir qualquer espécie de coordenação útil ou benéfica. O caráter natural do regímen livre atenua-se, porque surge em meio dele este elemento estranho e essencialmente oposto à liberdade. A vantagem pública da não elevação desnecessária de preços desaparece por completo, pois por haver sindicato, é fácil a combinação e a "frente-única" contra o público e, por esse sindicato ser tirânico, é fácil compelir à aceitação de novas tabelas os profissionais pouco dispostos a aceitá-las. Quanto ao aperfeiçoamento dos serviços comerciais ou industriais, que a concorrência estimula, o sindicato diminui-o na própria proporção em que diminui o espírito de concorrência e, como nunca é dirigido por grandes profissionais, mas por políticos de dentro da profissão, pouco pode animar diretamente a técnica da indústria ou do comércio que representa. Nem resulta da acção do sindicato qualquer coordenação útil que compense estas desvantagens todas. Não tendo uma verdadadeira base de liberdade, o sindicato não coordena a classe como indivíduos; não tendo nunca uma direção profissionalmente superior, o sindicato não coordena a classe como profissionais; não tendo outro fim senão o profissional e o económico, o sindicato não coordena a classe como cidadãos.»»



Fernando Pessoa, in 'Ideias Filosóficas'



Mário Rui

Mais um a encalhar.



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Será 2012 o ano do mar ou da pouca perícia dos "velhos lobos do mar"? Mais um a encalhar.


Mário Rui

sexta-feira, 9 de março de 2012

Que "ganda" filme. Pobre Europa, ao que te obrigaram...



O site do jornal britânico “Guardian” revelou esta semana que a UE teve que suspender a exibição do vídeo que acompanha este texto, já que as muitas críticas de que o mesmo promoveria o racismo, a tanto obrigaram.
O vídeo em causa traz à memória os jogos estilo “Street Fighter”, com uma mulher, loira por sinal, e com roupagem parecida com a da protagonista de “Kill Bill”. A cena passa-se num armazém, grande, e a tal mulher solitária. Ou estava, já que aos poucos é atormentada, ameaçada, por um “ninja” chinês, um indiano e um brasileiro (este fazendo movimentos de capoeira). Que tríade.

A mulher, entretanto feita lutadora, forma um círculo em redor dos seus oponentes. Surgem então as estrelas-símbolo da União Europeia e as legendas: “Quantos mais formos, mais fortes seremos”
Dizem eles, os tais mentores desta ideia peregrina, que o vídeo tinha como propósito os jovens entre os 16 e os 24 anos, familiarizados com a linguagem de vídeo-games, e que esse público-alvo recebeu bem a mensagem que gostariam de passar – a adesão de novos países à UE.

Para além de considerandos vários que possamos fazer, realmente este vídeo apareceu no momento certo. Onde estarão os ideólogos de tão “acertada” encenação? Mas que raio de “paulada” é que deu a esta gente? Então este é o momento oportuno para a apresentação de tão infeliz peça? Com a forte crise económica europeia que por aí vai, não reforça ainda mais a xonofobia contra os imigrantes?

Mesmo a mensagem de que são precisos mais países para tornar a União Europeia mais forte não é coerente com o momento de crise que a Europa atravessa. Trazer um país com estrutura problemática para a União Europeia só potencializa o risco de lidar com uma nova Grécia ou Portugal no futuro.

Mas nós, portugueses e europeus não percebemos nada de política. Tratada desta maneira, até nos pode ficar a ideia de que somos todos uns atrasados mentais. Lá, no parlamento de Estrasburgo, expressão democrática de 374 milhões de cidadãos, é que estão as mentes iluminadas que nos vão presenteando com filmes destes. Do tipo do vídeo ora surgido e de outros ainda mais incompreensíveis. Nem os jovens entre os 16 e os 24 anos o perceberam, quanto mais os outros mais velhos.

À beira destes político-realizadores, o João César Monteiro, aquele do filme a preto sem lugar a outras cores ou personagens, era um génio. Pobre Europa, ao que te obrigaram...


Mário Rui

Girl - The Beatles




Às vezes descobrir profundidade em certas coisas, pode ser uma simples canção, é uma qualidade algo incómoda. Não porque não gostemos do que nos chega aos ouvidos e nos inunda a cabeça, o coração e o mais que quiserem, mas porque faz com que se gastem incessantemente os olhos e que por fim se encontre sempre mais do que aquilo que se desejava.


Mário Rui

CSLSX - Keep On Shining



Vá lá, ponham os auscultadores e ouçam bem. Libertem-se de preconceitos musicais porque o som não tem barreiras. Já agora continuem a brilhar ...


Mário Rui

quinta-feira, 8 de março de 2012

Ainda o Dia da Mulher



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Bom, convenhamos que uma já está no chamado crescimento póstumo. A outra parece já ter o seu trabalho pronto, logo o homem o completa de um salto. Assim agrada-me mais uma vez que, comemorando o Dia Internacional da Mulher, há sempre lugar para nós, os homens, nos podermos associar a esse Dia.

Mário Rui

Dias Internacionais


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Adoro as mulheres que se manifestam deste modo no dia que lhes é consagrado. O Dia Internacional da Mulher. Mas porque carga de água não se despem na totalidade? É que muitos homens, e não só, consideram a mulher um belo animal sem pelo e cuja pele é muito procurada.

Para quando o Dia Internacional do Homem?


Mário Rui

terça-feira, 6 de março de 2012

Agência de notação conjugal



Esqueça o défice do país. Preocupe-se com a sua dívida afetiva. É o que há de mais importante
A REALIDADE É INDESMENTÍVEL: a conjugalidade tornou-se uma instituição: instável, insegura, imprevisível, mas também emocionalmente muito rica, onde se pode ser igual a si mesmo, quase sempre com forte solidariedade interna e sexualmente vantajosa pelo conhecimento progressivo da intimidade física de cada um.
Esta conjugação de variáveis torna aconselhável que cada casal crie a sua agência de notação conjugal, de modo a não entrar em default, termo hoje muito em voga, mas que em português quer dizer “devedor”, “caloteiro” ...
Cuidado com as ofertas oportunistas de agências externas ao casal: psiquiatras e psicólogos, assistentes sociais, técnicos da segurança social, conselheiros conjugais, enfim, todos os que têm um molde conjugal e procuram aplicá-lo a todos os casais. A primeira condição para que cada casal crie a sua agência é aceitá-la. A segunda é que qualquer dos membros do casal pode ser notador. A terceira é que qualquer notação do AAA+++ a lixo é para ser levada a sério no máximo durante uma semana. Depois terá de ser revista…
Classificar uma relação conjugal é, muitas vezes, um ato de momento, não nos podemos esquecer que o mercado relacional é influenciado por variáveis voláteis, tais como os momentos de paixão, ternura, raiva, desconfiança, proximidade, distanciamento, conflitos com as famílias de origem.
Cada notador deverá comunicar ao outro membro do casal, oralmente, por mail, SMS ou por gestos o seu rating da relação, mas a classificação de lixo deve ser acompanhada de maiores cuidados, pois acelera o risco de downgrading da relação por parte do outro, podendo desencadear um processo irreversível de falência.
Neste caso diversas soluções podem ser encaradas, sendo que a ida aos mercados é a que acarreta maiores riscos, por um lado porque mais cedo ou mais tarde é-se apanhado, tal como a Grécia, por outro porque pode ficar-se refém e nunca mais voltar. Mas não deixa de ser uma saída possível...
Uma alternativa à ida aos mercados, se ainda for possível, é recorrer ao BCE - Banco Comum Emocional - e fazer ativar os mecanismos de resgate que ainda estiverem disponíveis.
Alguns exemplos:
Para eles, ouvi-las em discurso direto a contar as últimas histórias do trabalho, sem ligar a Sport TV, de preferência com um sorriso terno e nunca lhes negando toda a razão do mundo.
Para elas, depois de um dia extenuante e de os miúdos estarem na cama, não ter dores de cabeça ou, no caso de as terem, acreditar que as endorfinas são terapêuticas e fazem subir o rating masculino da relação para AAAAAA.
Os maiores riscos para o rating do casal surgem quando um ou os dois criticam sistematicamente o valor do outro, levando-o a sentir-se lixo e o BCE do casal já não tem recursos para iniciar o resgate.
Se faz parte de um casal, “desconfie” quando o seu parceiro/parceira deixa passar muito tempo sem atribuir um rating, seja ele qual for. Pode estar a acontecer uma viagem, sem regresso, para os mercados emergentes e, quando se der conta, ouve: “Desculpa, mas fartei-me, já nem sequer estou zangado/a contigo, prefiro ficar só que andar a pedinchar ternura”.

Deixem os ratings do país para quem os manipula, mas preocupem-se com a vossa dívida afetiva, verdadeiramente é o que mais conta na vida, com os amores, com a família, com os amigos.
E não tem IVA, nem paga IRS…
Está completamente nas vossas mãos.


artigo de José Gameiro (Psiquiatra)

Mário Rui

domingo, 4 de março de 2012

Perturbações




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Este fulano, sempre que fotografado, há-de estar a apontar para qualquer lado. Já o pai assim era, razão pela qual deve ser promessa. É do tipo "se estás aflito por alguma coisa externa, não é ela que te perturba, mas o juízo que dela fazes".


Mário Rui

Japão


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"A restituição do respeito é muito mais difícil do que a do dinheiro."
Padre António Vieira



Mário Rui

Arte



Não é um filme, mas também é arte. A primeira!


Mário Rui




A invenção de Hugo




Os pri­mei­ros instantes do filme não nos trazem à memória Scorsese, o Scorsese dos gangs­ters e de Taxi Driver. O trajecto do órfão Hugo recorda-nos Charles Dickens. Passados uns dias vale a pena reviver as cenas de um filme típico de óscar fil­mado, afinal, com o sabe­r e o talento de um velho senhor da sétima arte.


Mário Rui

sábado, 3 de março de 2012

108º Aniversário - Discurso de Mário Wilson



Ontem até perdemos. O que importa perder se outros nunca conseguiram ter Homens destes?

Mário Rui

Patranhas, balofas prosápias, jactâncias e bazófias.


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Até estou à vontade para opinar sobre este artigo da Manuela Moura Guedes, pela simples razão de que sempre a achei um tanto "desbocada" quanto à imagem de jornalista que insistentemente tentou criar enquanto cara da TV. No entanto, acho a crónica que agora escreve, ainda plena de actualidade mesmo que possamos entendê-la como "pedra no sapato" de que jamais se conseguirá livrar.

Os últimos artigos que o Correio da Manhã tem vindo a publicar sobre a licenciatura de José Sócrates, também pouco me dizem. Não é assunto que me preocupe se de facto tirou um curso primário, secundário ou superior. Porém, não querendo ficar arredado da opinião que formulo quanto ao que leio, o que é certo é que, de tudo o que percebi desta estranha, insólita e surreal história da licenciatura socrática, até podia ser do Chico Bifanas, fica-me uma certeza e sobretudo uma inquietante interrogação. Como é que foi, e se calhar ainda é, possível tão ardiloso comportamento de um homem que a certa altura(s) é nomeado primeiro-ministro de um país?

Como é possível que o modo de estar e ser de alguém com tamanha responsabilidade, se preste a tais actos. É absolutamente surrealista. Que terra é esta meus amigos que a tais maneiras de mentir, se presta? Que terra é esta que não quer acreditar na profundidade dos homens que não nos inspiram grande confiança? E nem sequer estou a falar da política. Falo apenas de carácteres! É inacreditável.

Que povo é este, o de hoje, que noutros tempos sentia a «verdade» de maneira muito diferente? Nesse tempo, os mentirosos e pouco confiáveis, passavam por ser de facto os seus reais intérpretes, o que obrigava o Zé Povinho a estremecer e a reagir. Qualquer injustiça do teor destas com que hoje nos confrontamos, impressionava de outra maneira. Era a desonra que nos tocava a todos e de uma forma indelével.

E o que nós fazíamos na tentativa de a afastar para não sermos, nós próprios, conspurcados por actos que não cometíamos. Outros os perpetravam. E a filosofia quando a dúvida era considerada como um dos mais perigosos pecados, blasfémia ou só desconfiança, obrigava-nos a repintar, fosse de que maneira fosse, o convento. Só para lhe salvar a honra. Agora já não é assim.

Agora os trocistas, os encantadores de ratos, já não fazem tremer nem os mais impertinentes jovens quanto mais os velhos. Estou enjoado da minha paupérrima sabedoria e da inexistente força reactiva a tudo o que se ligou, e liga, a mentiras, a piruetas de baixo nível, a patranhas, a balofas prosápias, jactâncias e bazófias. E venham elas do Zé, do Manel, do Jaquim ou de quem quer que seja.


Mário Rui

quinta-feira, 1 de março de 2012

Velhos trilhos


Velhos trilhos. Não tardará muito e também serão levados, como os outros, para uma qualquer sucata. Ou sucateiro?

Mário Rui

Todos eles escritos em português.




Mário Rui

Até que enfim! Não vai haver uma polícia da língua.



Até que enfim! Alguém fala com acerto sobre esse maquiavélico acordo ortográfico que nos querem impingir. O secretário de Estado da Cultura admitiu em entrevista à TVI-24 alterar até 2015 algumas regras do novo Acordo Ortográfico, que já está em vigor nos organismos do Estado desde Janeiro deste ano.

Por mim, bem podem acordar o que quiserem. Até podem adormecer os cansados. Uma coisa eu sei. O meu português há-de ser sempre a escrita e a leitura que o professor Vitório me ensinou na minha escola primária. Há coisas de facto primárias, que nunca devem afastar-se daquilo que nós fomos e somos. Obrigado, prof. Vitório, obrigado Francisco José Viegas e obrigado Vasco Graça Moura.

Para "brasileiradas", já me basta o Carnaval!


Mário Rui