sexta-feira, 23 de março de 2012

Connosco ou contra nós




A actual situação do país exige reivindicação por parte daqueles que sofrem na pele as actuais políticas. A greve é, por isso, um direito que assiste a qualquer cidadão português e até me fica mal dizer que sou a favor dela, dado o facto consumado que ela representa para mim.

Médicos, professores, operários, maquinistas e até a própria polícia têm sido o rosto da indignação geral do estado do país e é, por isso, de crer que, independentemente da classe a que pertençam, se unam em prol de um objectivo comum. Mas não!Aqueles que mais nos deviam proteger são aqueles que, já depois de terem cuspido no prato de onde comeram, nos levantam o bastão em primeiro lugar. Uns dirão que a carga policial que já começa a ser habitual nas manifestações é apenas o cumprir do dever da classe que nos devia proteger. Outros, como eu, dirão que o dever moral que, pelos vistos, não prevalece sobre qualquer outro, devia ser norma e que o facto de estarem do nosso lado não significa que estejam do lado errado da lei.

O problema é que aquele bastão já não pertence sequer à mão dos próprios polícias, mas antes a uma ditadura dissimulada do nosso Governo, aos tentáculos de um polvo que se diz democrático, mas que desqualifica e despreza constantemente o nosso país e, mais perigoso ainda, o nosso povo.

A carga policial que varreu os trabalhadores indignados na última manifestação em Lisboa devia fazer-nos questionar o estado da nossa Democracia e, sobretudo, fazer-nos reflectir se é de uma autoridade policial assim que precisamos quando tudo o resto deixou de funcionar. E se não for, o que acontecerá depois?

Apesar disso, é bom que não esqueçamos que a imoralidade destes actos começa bem lá em cima em que nos governa. Eles sim, os verdadeiros responsáveis por esta trapalhada toda e por atentarem constantemente contra os nossos direitos. Por isso, a realidade portuguesa que mais me preocupa é esta: a única força que devia estar do nosso lado e que sofre também na pele as políticas que prejudicam a sua classe, é a primeira a esquecer a moralidade das suas acções e a atacar-nos tal e qual como o Governo nos faz.

Posto isto, expliquem-me: as autoridades policiais deste país estão connosco ou contra nós?


Rui André

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