quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Abaixo o ACORDO que por aí se congemina


É sempre no intuito de manter connosco cordiais relações de amizade e liberdade de expressão que essa desprezível canalha do lápis azul nos põe a faca aos peitos. É sempre por nos dar mais um penhor da sua ternura, que ela decide calar os que são incómodos. Ameaça, a rir, a imprensa livre. Ameaça-nos a rir, com o ar de lhe ficarmos ainda por cima agradecidos. Pobre país que se quer reconstruir mas pela frente só pode assistir imóvel a esta pasto de feras! Olhem só se fosse a direita a calar a voz a alguém. Chamavam-lhe regime de subserviência, sem dignidade e mau. E onde estão neste momento tantos escarros cuspidos contra essa direita, quando faz uso do mesmo lápis, que já não servem agora para denunciar esta nódoa com laivos de esquerda? Democracia? O tanas! Apenas cinismos de conveniência. E VIVA A IMPRENSA LIVRE!!! ABAIXO O TRATADO QUE POR AÍ SE CONGEMINA!!!
 
Mário Rui
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terça-feira, 27 de outubro de 2015

Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo



Tem dias em que não me apetece escrever e, se nesses dias escrevo, é porque vejo neste recinto com cancelas e grades, dividido em várias partes, uma porta que não se abre aos calmos, sorridentes, mas taciturnos com o resto da vida que lhes sobeja. Penso na armadilha que essas portas nos armaram e nos homens que revelam um sentimento de perigo do que poderá vir deles. Até que consigo abrir uma cancela e fico com a harmonia dos que me acalmam, os simples - acham alguns pobres de espírito – mas que são grandes pela singeleza de carácter e que nos dizem tudo sem traição!  
 
Mário Rui
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Não, não e não


Não, não e não (LER AQUI)! Desculpem lá. Podemos estar todos falidos, podemos ter o dorso curvo de tantos sacrifícios, podemos ir fuzilando as nossas próprias cóleras pelo tanto que nos pedem, podemos domesticar ferocidades de temperamento por sabermos que estamos num país violentamente empobrecido e até podemos ir concedendo, ainda que hermeticamente fechados, o benefício da dúvida a quem tem de gerir o pouco que Portugal tem. Mas tudo isto não se pode trocar por cinismos a que alguns votam os mais carentes, dizendo-lhes despudoradamente que isto é uma luta imprescindível. Caramba, isto é fazer violência à mais necessitada natureza de quem não pode! A vida dos que lutam pela vida, o desespero da luta pela existência, a desesperada guerra em que muitos se vão, merece mais respeito! Se temos de perder uma pessoa que nos é muito querida, serão estes excrementos de leis que fazem justiça à condição humana? Mas pode um escravo da doença ser dupla vítima pela maleita e pela injustiça de alguns homens? Sabem, seus burros legisladores, a bondade que nasce do cansaço de sofrer, às vezes é um horror mais suportável do que esse silencioso mas matreiro colapso dessas câmaras de decretar leis que vocês idealizam. E se ninguém vos chamar os nomes que eu vos chamei, um dia v.exas. transformarão os baptismos em culto de fraqueza e os enterros em humor! Há dor que está no peito de quem se sente arrombado para a vida e a mim dói-me saber que também há gente que não sente qualquer dor pelo padecimento de quem se despede de nós. Não haverá por aí sítio melhor onde se procure dinheiro que remedeie tão pegajosa tristeza em que estamos? É mesmo necessário aconselhar que coma menos quem está morrendo de fome? Não dá para pedir aos fartos que comam menos? E essa da “esperança de vida de três anos de vida” faz-me pensar se não terão os legisladores virado deuses. A vontade constante de Deus passou agora para as vossas mãos? Peço desculpa pela linguagem, mas se em todas estas medidas a força da indiferença acaba por triunfar, porque é que devo ser educado com a ingratidão?
 
Mário Rui
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Entrega do Prémio Nobel


27 de Outubro de 1949: entrega do Prémio Nobel

O médico, professor e investigador português António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz (1874-1955), Avanca – Estarreja, partilha o Prémio Nobel da Medicina com Walter Hess (1881-1973), pela "sua descoberta do valor terapêutico da leucotomia em certas psicoses".

 
Mário Rui
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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Jornalismo deste é que não vale nada


Título da notícia no Público:   LER AQUI
“Nacionalistas eurocépticos vencem eleições na Polónia”
 
Subtítulo:
Lei e Justiça, do ex-primeiro-ministro Jaroslaw Kaczynski, põe fim a oito anos de poder da Plataforma Cívica, do centro-direita.

 
Lá p'ró fundo:
Nenhum partido de esquerda teve votos suficientes para entrar no Parlamento

 
Para o Público nem tudo é título. O critério que os distingue – aos títulos - varia muito no tempo e no modo segundo o ‘interesse’ da sua linha editorial. É por isso que a importância de um título – leia-se dar a essência da notícia – para o Público é salientar quem ganha eleições – eurocépticos, claro - no subtítulo quem foi o general que liderou essa batalha – figura que derrotou o centro-direita, claro - e, finalmente, lá bem para o fundo, apenas rumorejar sobre quem não teve número de votos para se constituir em força parlamentar – a esquerda, sem claro, pois claro. E está tudo bem, pois isto aconteceu na Polónia. Lamento é que por cá o critério jornalístico do Público, nas recentes legislativas, tenha sido exactamente o oposto, isto é; a esquerda venceu as eleições, Costa foi o timoneiro da conquista e a direita não soma votos que lhe garantam o governo do país. Valha lá o que valer a política, a direita, a esquerda, o centro e as braceletes que tilintam, jornalismo deste é que não vale nada!
 

Mário Rui
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Vai-te catar, Entidade... e fala-me do sério!!!


E se a preocupação da ERC se virasse antes para a TDT que não se vê? Isso é que seria exemplar comportamento social! (VER AQUI)
“A ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social), notificou a Hot TV para cumprir as percentagens de filmes porno de produção nacional que a lei impõe e que estão, neste canal, aquém das previsões legais”

Quanto a esta sentida preocupação da ERC no que toca à Hot Tv, agora já só falta a Entidade vir dizer-nos que a parte que em nós sofre é sempre a parte inferior, como, de resto, a parte que goza. Daí mais e melhor porno nacional! Obrigadinho, ERC! O que vale é que a nossa parte superior ainda é serena.
Ah, e não te esqueças, ERC. Acaba já com essa moda da dança do varão que agora virou desporto pois qualquer varão ou mesmo vara, está cheia de subentendidos sugeridos precisamente pela sua verticalidade. O que vale é que a nossa prumada ainda é serena.

Vai-te catar, Entidade... e fala-me do sério!!!
 

Mário Rui
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Afinal parece que o tamanho não conta!


Afinal parece que o tamanho não conta!

Mário Rui
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Verbos tristes


Tem sido de tal modo descabelado o discurso político dos últimos dias, nomeadamente o vindo de quem deveria ser exemplo de bom senso quanto ao verbo, que de facto toda essa torrente de repugnante verborreia está a transformar o país em verdadeira lavandaria badalhoca, sítio onde gente que está com o diabo no corpo se julga empossada de força divina que, supõe apenas, lhe confere o direito a revelar uma superioridade moral que afinal não detém. Por mim, o que realmente têm dado à saciedade é a imagem do melhor - ou será mesmo do pior? – do seu decaído civismo. Regressou o PREC, e com ele a soberba da estupidez de muitos que espero que envelheçam depressa antes que seja tarde. Se é gente que diz nada ter a temer, então porquê tantos esgares e tão abjectos, tão odiosos, nesta refrega que ruge buscando a quem devorar? Injúrias, desejos de vingança, são as únicas preocupações que vejo e observem-se as maldades que o ódio mortal consegue engendrar; a lenta agonia de um país que merecia políticos – alguns, que não todos – mais lavados! E que pena também tenho em ver alguns dos meus patrícios quando acendem velas sem chama em honra do monumento da grosseria dita que diligentemente lhes engrossa o ego. Lamentável!


Mário Rui
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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Legislativas 2015


 

P.R. indigitou líder do maior partido da coligação que venceu as eleições para formar governo.
 
No mais das vezes não gosto nada dele, mas lá vem uma em que lhe aprovo a medida natural dessa necessidade que é a resistência aos que se acham no direito de jogar roleta russa com a cabeça dos eleitores!. O resto, é lodo de perdedores, e para o resto do resto lá estará o Parlamento para decidir o que houver a decidir! Foi por isso que votei em deputados e não e não em cargos ministeriáveis!
 
 
Mário Rui
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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Assim pensava outrora, mas agora sei!



Simples e sem ornatos, sem exageros, superlativos ou retórica, assim são os dias de hoje. Assim pensava outrora, mas agora sei!

 

Mário Rui
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domingo, 18 de outubro de 2015

O "arco" ou como a esperteza aqui se liberta, hem?


Ah, pois. Então o “arco da governabilidade”, não é?  E os habitantes , não sei agora de que país, quando lhes chegou o leve rumor de que se aproximavam os seus inimigos, não quiseram dar ouvidos a tal dito; mas quando viram os inimigos já a marchar para as suas portas e preparados para os surpreender, começaram então a fortificar e a resistir, mas já era tarde de mais.  Então e não teria sido melhor um prévio “arco de responsabilidade”?  Coisa assim que escangalhasse a náusea causada pela abundância de tanta governabilidade em lugar de responsabilidade, agora que por toda a parte anda tudo em República?
 
Mário Rui
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sábado, 17 de outubro de 2015

Há muitos relógios a dar horas


Não sei se o tempo existe mas que há muitos relógios a dar horas, há! Até parece que foi o relojoeiro quem fez o mundo. E foi tanta a imensidão da hora feita, e tantas são as suas celebrações, que o mundo ficou mudo de sonhos e alguém lhe disse que afinal esse era um detalhe que não tinha a menor importância. E assim foi avançando a hora de não sonhar, em triste bebedeira cada vez mais solitária, até ao fim do dia. Umas seguidas de outras, as horas foram dormir. Veio a alvorada e a hora encontrou o mundo ofendido sentado na rua, exausto de esperança de tanto se queixar do sonho fugido. E o anunciado detalhe sem importância visto e sentido sem sonho possível, às primeiras horas do dia desvaneceu-se em pouca vontade de continuar sofrendo e em muita de vingar-se. Foi já pela manhã que o mundo acordou de vez de um sono que lhe haviam dito ser cura para o sonho amputado, detalhe sem valor, então tomou um bom banho, um café quente e, ao meio-dia, arrependido de ter dormido com um sonho mal contado, se ergueu arrependido e se perguntou; «que fim deram aos meus sonhos de juventude?». «Porque me agitaram, me fizeram sofrer, me deprimiram em horas que me levaram aonde eu não queria ir?» Foi essa a hora que fez tocar as campainhas do mundo e o mundo disse; «como tenho muita vontade de que reparem em mim, a partir de agora mudo a hora quando muito bem me apetecer! Tenho de dar duro para parecer menos idiota do que sou». E assim, de quando em vez, há um mundo que muda a hora não vá a hora mudar o mundo. E assim, esse mundo já não precisa de passar as horas todas aprendendo e compreendendo o que não deve, antes usa o tempo para imitar os sonhadores, as respostas, os modos de agir e sobretudo para evitar as preocupações que sobram dos grandes erros dos maus conselhos de certos tempos.


Mário Rui
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Desmandos do jornalismo contemporâneo


Claro que nada me move contra o senhor Eduardo Barroso e portanto não é dele que quero falar. Apetece-me é dizer que leio com alguma frequência o jornal i e começo a ficar cansado por ter de dedicar letramento a revista cor de rosa. Jornal, deve ser leitura que oriente a opinião da semana, algo que consista em informar acontecimentos de importância geral, ou de notoriedade incontestável, e não gazeta que sacie curiosidades ociosas. Mas esta é a minha expectativa quanto ao prazer de leitor e à necessidade de informação e se quiserem não lhe dediquem muito crédito, mas deixem-me desabafar assim.  Averiguada a falta de livros que por aí anda, eu apostaria no desenvolvimento de jornalismo didáctico em lugar de desmandos do jornalismo contemporâneo. Não me interessam fait divers, toilettes, passagens de carácter exclusivamente pessoal , graças mundanas e muito menos intimidades. É uma abdicação total do conveniente em favor do fútil e daí que, ainda que amavelmente céptico, eu passaria tudo isso para a tal revista do social que muito leva em conta as preocupações estéticas dos colunáveis. Disse! E qualquer dia não dou mais um centavo ao i.


Mário Rui
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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

As minhas contas pelintras


Eu, que até sempre me achei mais das letras - pobres, entenda-se -  do que propriamente dos números, lá consegui  fazer umas contas de aritmética pelintra, e deu nisto. Talvez seja útil aos que acham que o objectivo primeiro de uma eleição é rejeitar ao invés de eleger. Então, atentem no quadro e vejam se percebem.
 
Mário Rui
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O jogo gingado de interpretar eleições!

 
 
É esta a erudita ciência política do que aparece à consciência e interesse político de alguns. Convenhamos, é uma ciência muito útil à desonra do eleitor!
Já lá vai mais de uma semana e tudo está como dantes. Até fico com a ideia de que nada aconteceu no passado domingo 4 de Outubro posto que, a nossa democracia, dormindo repousadamente o sono que serve de pretexto a muitas trapaças, e ainda agora se voltou para o outro lado, decidiu que afinal não houve vencedor eleitoral. Ai não? Então para que serviram os votos dados, independentemente do destino que cada um lhes quis traçar? Uns ganharam, outros perderam, ponto final! E que mal há nisso? Mas quem ganha não pode formar governo? Mas as diferenças não podem, e não devem ser discutidas depois no parlamento? Não é essa a razão de ser da sua existência? E se entretanto o governo vier a cair precocemente por falta de apoio parlamentar? E então? A democracia acaba também? Mas após o acto eleitoral e conhecida a força vencedora, qualquer que tivesse sido, não discuto o povo, não há legitimidade popular para a por a governar? Mas, face ao que se decidiu no passado domingo, eu tenho de andar a aturar a ilusão de socorro que a falsa bondade dos perdedores parece querer facultar ao PS? Mesmo que ao PS fuja a esmola do regaço? Mas eu devo andar a aturar a falsa compaixão de quem perdeu por muitos em favor de quem perdeu por menos, ou não será isto mesmo uma compaixão egoísta? E o PS, democrático e de Estado, sem dúvida, estará disposto a estas conivências nascidas do facto ilusório de que os sentimentos políticos de uns radicais são imediatamente acessíveis aos outros? Lamento todas estas cenas grotescas saídas, ou melhor, confeccionadas de restos de perversidades políticas que já há muito tempo eu julgava afastadas da nossa vida colectiva. Não obstante a mágoa que aí está, ainda bem que houve um pós 4 de Outubro. Aprendi mais e entretanto arrumo as xícaras, sento-me também e espero para ver no que vai dar este jeito gingado de interpretar eleições!

 

Mário Rui
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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

E o país delira!


Um chama ela a ele, ele e os demais entram em fermentação enchendo o peito noutro peito amigo. Vem mais um e informa que estão prestes a ser todos presos, os das fugas futeboleiras, para a seguir cortar o pensamento virtual aos do clube. O das Contas resolve ir para a Fundação. Vara, paga e livra-se do monótono peregrinar a longa via doméstica. O das leis, agitado como anda, chama nomes feios aos pares de função. Os das moções de censura, muito construtivas, ufanam-se por saborosa, regalada e soberana consolação a de ver essa luz de discórdia brilhar vinda do ponto do horizonte que menos esperavam. Aparece ainda o que ganhou as primárias e perdeu as ‘secundárias’ e assim entende que o seu passado e em especial o presente lhe dá incontestados direitos. Os da esquerda sobrante, mais agitados pela sua fé, alumiam-se agora com o clarão da sua glória recente e acham que deve governar a outra maioria, pelos vistos há duas, o que faz crer que a matemática passa a ter nova cambiante que é a álgebra política. Os da direita, estendem os braços...gritam, somos irmãos! Tudo movimentos de paixões egocêntricas, de aturadas paciências narcisistas onde o que conta é que cada um se transforme na personagem do anúncio de néon que possa dar brilho aos obcecados por si mesmos, pese embora tratar-se de comparsas quase sempre socialmente defeituosos. E tu, Portugal, espera, pois então. Espera que passe esta vergonha, ou mesma a falta dela, espera que caia uma chuva encantada, essa receita que há-de levar alguém a ajudar-nos duas, três ou quatro vezes pois talvez tanta insistência os leve a ajudar-nos uma primeira vez. E tu, Portugal, espera, pois então, espera até que estejamos tolhidos pelo aperto da serpente ou, se quiseres, aguarda por crença onde todos comunguemos. Se não comungarmos, pelo menos que nos fique na boca essa rodela delgada de massa muito fina de trigo sem fermento, consagrada e oferecida. Mas espera, pois D.Sebastião chega sempre a horas!
 

Mário Rui
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As Almas São Desertas E Grandes


As Almas São Desertas E Grandes
Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Não são algumas toneladas de pedras ou tijolos ao alto
Que disfarçam o solo, o tal solo que é tudo.
Grandes são os desertos e as almas desertas e grandes
Desertas porque não passa por elas senão elas mesmas,
Grandes porque de ali se vê tudo, e tudo morreu.
Ergo-me de repente todos os Césares.
Vou definitivamente arrumar a mala.
Arre, hei de arrumá-la e fechá-la;
Hei de vê-la levar de aqui,
Hei de existir independentemente dela.
 
Grandes são os desertos e tudo é deserto,
Salvo erro, naturalmente.
Pobre da alma humana com oásis só no deserto ao lado!
Mais vale arrumar a mala.
Fim.
(Álvaro de Campos)
 
 
Mário Rui
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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Escrevo, mas só no computador é que há “Ctrl Z”. Na vida, não!


Há uma mosca casaleira que resolve incomodar-me enquanto escrevo. Parece-me tratar-se de mosca zonza com a cálida temperatura de um Outono que persiste numa certa indolência, aqui e ali entrecortado pela brisa frenética de uma eleição que já foi. Já lhe pus vinagre, mas ela persiste na vã tentativa de me levar à melancolia dessa indolência de tempo e raciocínio, causa que garantidamente não vai ganhar pois nem essa, nem outra tentativa de tédio, me vai ocupar. Insecto muito inoportuno, como igualmente inconveniente é a leitura de uma democracia que tocada a sinos no último domingo, indefinidamente parece não se querer lavar. E de que vale matar a mosca se porventura ela possui uma confiança regalada que lhe diz ser útil passear a sua fé por sobre as teclas onde carrego escrita? Que ganho eu em atacar-lhe a vontade? E que ganho eu se obstinadamente decidir atacar outras caravanas que me falam de vitória, agora que em toda a parte tudo anda em bolandas? Mas não houve eleição? Mas com vinagre ou sem ele, nada se decidiu? Se não devo matar a mosca, não será também justo desembolsar a necessária e serviçal actividade de ajudar mutuamente a minha terra, o meu país? Ainda estarei em tempo e modo de falar em fidalguias? Caramba, tanta pergunta para tantas respostas que não vislumbro que até já começo a crer que sou um justo. As diferenças não significam, necessariamente, conflitos, tal como estes não significam, necessariamente, violência! Por Portugal, admito que as diferenças possam ser duras, não admito é que as tornem absurdas!!!
 

Mário Rui
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domingo, 4 de outubro de 2015

Estou fartinho de reflexão


Estou fartinho de reflexão (VER AQUI)
Ainda que a diversidade seja uma das características da vida, há coisas das quais não nos devíamos demitir, e eu acho que ao escrever-se a edição final de um mandato, quer se defenda ou não o 5 de Outubro, o mínimo que se deveria exigir era que o PR, tão circunspecto em certos detalhes muito acabados, não deixasse outras pinturas que dão sonho à tela com traços tão mal acabados. Assim, as ausências, as abolições e as demissões, retratam apenas ideias muito pouco republicanas por parte de quem é chefe de uma República! É que a seguir virá um 1.º de Dezembro que também já não mostra retábulo onde se prante dignidade, e muito menos orgulho por 40 conjurados que cumpriram devolver o país às suas origens, teimosia que em minha opinão foi uma grandeza. A continuar esta saga fúnebre, de índole política avulsa, tudo o que restará há-de ser um forte sinal da aniquilação completa do carácter cívico de um povo! Se assim o querem, vo-lo indico; acabem também com os Jerónimos, Batalha, Aljubarrota, digam que Tordesilhas não foi, que Gama só desembarcou nas Berlengas e que Pero Vaz veio de caminha porque estava doente, de Camões não sublinhem a obra épica mas digam antes que se tratava de rapaz que comia incertezas ao almoço, de Camilo falem ter sido gabarola de decilitros, não de escrita, mas de líquidos, e por aí fora, a fonte é inesgotável. Depois de tudo isto feito, nós por cá ficaremos remoendo todo o resto da nossa vida este remorso por não termos sido capazes de evitar o furto do nosso pátrio orgulho. Ficaremos nós, e infelizmente as alcoviteiras e os cretinos que montaram banca onde se vai vendendo à parcela o pouco da honra lusitana que nos sobra. Eu bem queria ficar calado, mas não consigo! Republicano, sou eu, apesar de gostar muito de um bom bolo-rei. Boa noite e enfartem-se alguns com o seu republicanismo estremunhado.
 
 
Mário Rui
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Hoje, falai baixo, se falais de eleições


Bem me parecia; estes sábados de reflexão assemelham-se a meios feriados nacionais. Pena é que os outros, os verdadeiros e inteiros feriados, tenham sido abolidos pois o próximo seria certamente uma excelente oportunidade para reflectir emoções.

 

Mário Rui
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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O que vamos ter no próximo domingo

 
O que vamos ter no próximo domingo, eu não sei. O que tenho como certo, eu sei. Será um rol impressionante de vitórias vindas de quase todos os quadrantes políticos , em alguns casos não mais que uma fleumática conquista, noutros uma colérica celebração de sucesso,  haverá ainda delirantes triunfos que irão variar em função  das suas próprias mesclas e finalmente teremos também inclinações de êxito por banda dos que não ganhando nada, sempre entendem estar no pódio. De entre todos estes modos triunfais de festejo, alguns poderão ser frios e secos, outros quentes e secos, mas em suma far-se-ão transversalmente mais espessos e convictos de modo a tornar o amargo em doce e o doce em mel. E da atitude de tantos e tão diversos humores resultarão sem dúvida muitas futuras vigílias, pensamentos inquietos, sonhos realizados ou por realizar, no fundo esta diversidade de vitórias produz outra tanta diversidade de efeitos. Mas não importa nada este destino pois que jogo ganho por todos, mesmo sendo estranho e produzindo várias formas de loucura e alucinação, há-de ser coisa da qual se falará no seu devido lugar, isto é, no nosso futuro quotidiano de incertezas e dúvidas quanto aos remédios e curas que nos serão aplicadas. É muito difícil – confesso – poder discernir de onde provêm tantas vitórias, as naturais e sobretudo as sobrenaturais, mas lá que elas existem, existem. É talvez por isso que o meu coração está agitado, custa-me muito entender gente possuída!
 
 
Mário Rui
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Os 50 anos da Escola Industrial de Estarreja


E como este ano se comemora o 50.º aniversário da fundação da Escola Industrial de Estarreja, aqui estou hoje a falar dela e a deixar-vos um pequenino testemunho do que foi, lembrando uma velha foto que retrata gente de então, tudo colegas de qualidades requintadas que só podem ser preservados pelo manuseio delicado das suas recordações. Se eu pudesse lesar o tempo mas sem matar aquilo que é eterno, voltaria hoje aos bancos dessa Escola pois tenho a certeza de que teria mais a ganhar do que a perder. Com esta turma, a 5.ª, de 1965/66, e com as restantes cinco, a quem igualmente aponto o dedo inteirinho de agradecimentos pelo bem de costumes e parcerias amigas que imortalizaram, fiéis companheiros, elas e eles, de tantas mocidades. Todos abrimos, em 1965 e pela primeira vez em Estarreja, a porta da E.I.E, sítio onde depois sentámos a nossa fortuna por termos aprendido com professores, pessoal administrativo, auxiliar e tantas outras pessoas a que não aludo por me faltar tão-só a memória que não o respeito que lhes devoto, grupo enorme de interesses comuns e de boa-fé que nos mobilou a alma e o espírito de ensinamentos para a vida. Mais não digo porque esta instrução secundária não foi apenas um método, foi sobretudo uma enciclopédia de vida, uma preparação e uma verdadeira ginástica ensaiadora do que afinal viemos a ser e porque assim foi e é, melhor será acabar antes mesmo que vá de enxugar os olhos marejados. Não há poesia mais bela que a recordação; volta, minha Escola!
 
Mário Rui
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