sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Dos sagazes roedores





As flores são ‘peças’ importantes no desempenho de qualquer actividade, mesmo não se tratando de actividade de cariz profissional. Igualmente relevantes são as regalias, leia-se mordomias, quando atribuídas a gente que faz pela vida. Sobretudo pela sua própria vida. Das subvenções vitalícias nem vale a pena falar. Qualquer mortal acéfalo perceberá o quão gratificante é ter um futuro garantido e sem sobressaltos. E se as mesmas dobrarem de valor aos 60 anos de idade, então teremos ouro sobre azul. Teremos, não! Terão alguns. Golfe subsidiado também é ocupação a que se deve dedicar algum tempo de modo a afastar pensamentos negativos e especialmente esgotamentos nervosos. Junte-se a este caldo muito despesismo inútil, até parece que gasto excessivo ou infrutuoso de dinheiro, sobretudo por parte do Estado, é útil, e então estará uma certa casta de seres em presença do paraíso terreal. Uma casta que, infelizmente, nestas condições aburguesadas e desrespeitosas, nos habita. Ah, mas junte-se ao conjunto de teres antes referidos a ‘paparoca’ para a barriguinha. Quase me esquecia que sem conduto ninguém sobrevive. E, então, quanto ao manjar daqueles que insistem em comer coisas sacrificadas aos mais desprotegidos, nós todos, o que dizer? Pouco, muito pouco, despiciendo. Um olimpo intocável, vergonhoso, luxo descarado e difícil de compreender. Tão “sem” importância que eu mesmo vos adianto o menu (vinha no periódico de ontem):

"Perdiz, porco preto alimentado a bolota e lebre são alguns dos produtos exigidos pelo Caderno de Encargos do concurso público para fornecer refeições e explorar as cafetarias da Assembleia da República. Das exigências para a confecção das ementas de deputados e funcionários constam ainda pratos com bacalhau do Atlântico, pombo torcaz e rola... O café a fornecer deverá ser de "1ª qualidade" ( isto é transcrição de uma escuta telefónica?) e os candidatos ao concurso têm ainda de oferecer quatro opções de whisky de 20 anos e oito de licores. No vinho, são exigidas 12 variedades de Verde e 15 de tintos alentejanos e do Douro."

Pobre gente esta. Que trata da coisa pública, dizem. Gente que não sabe, porque não quer saber, que "quando o pobre come frango, um dos dois está doente"!

Mário Rui