segunda-feira, 28 de maio de 2012

Clube Desportivo de Estarreja - Um sonho, uma obra




















A propósito deste clube, maior que todas as vitórias alcançadas, poderia ficar horas a discorrer. De todo o modo seria fastidioso, para alguns, lerem o tanto que eu tinha para contar. Já são seguramente 50 anos de mútua companhia. Companhia sempre agradável, pesem embora algumas derrotas que sempre nos prostram e nos deixam tristes.

Mas a verdade é que sobre essas tristezas, amarguras às vezes,  sempre o C.D.E. soube destilar  a sua doçura. Uma doçura que ontem, como hoje, assenta essencialmente nos homens e mulheres que sempre lhe deram corpo, alma e alento. Mais jovens, menos jovens, idosos, toda uma panóplia de gente cuja única meta foi, e há-de ser, o erguer bem alto o nome de uma colectividade de provecta idade, mas sempre rejuvenescida.

São caminhadas longas que felizmente muitos bem conhecem. Fazem parte intrínseca do nosso ego.  Ontem fomos mais uma vez campeões! Alturas houve em que já o havíamos sido. Não importa o dia, importa sim que por cada vitória conseguida, todos nós nos emocionámos , todos nós vertemos uma lágrima, todos nós aplaudimos de pé os feitos obtidos. A nossa fidelidade, quer se trate do adepto, do técnico, do dirigente, do jogador, do roupeiro, e do mais que vos aprouver, como se tem visto ao longo de tantos anos, faz parte do amor intrínseco que ressalta da sua própria definição: Clube Desportivo de Estarreja.

É como uma espécie de reconhecimento, ou de idiosincracia do gosto – ou ainda mais pungente – trata-se de afinidade electiva. Que mágoa me percorre por não poder aqui citar os nomes de todos quantos, à sua maneira e com o seu contributo, sageza e coragem, nunca deixaram que esta ideia viva de se ser C.D.E. esmorecesse. Até os velhos amigos, já desaparecidos, o que remendava as redes das balizas, o que consertava as botas de travessas, a senhora que vendia tremoços e castanhas assadas à porta da sua casa, há que anos, até o vendedor de chupas-chupas, até o adepto mais incómodo, todos eles engrandeceram sabiamente a beleza de uma obra.

Acho mesmo que o mundo deste clube, repleto de belas coisas do passado e do presente, vai continuar rico de felizes instantes porque sempre há-de fazer boa cara à desventura que por aí possa vir. Que venha. Todos juntos, como sempre foi nos momentos mais difíceis, cá estaremos para, em uníssono, dizermos: « Pois muito bem! Vamos lá experimentar-te». Há pois, dentro de nós, um, ou vários imperativos categóricos.

Saudar efusivamente as morais que até aos dias de hoje mantiveram acesa a chama. Todas as morais. Aplaudi-las, prestarmos as nossas homenagens. Agradecer também aos que, ao clube, trouxeram honrarias na disputa da bola no sítio onde ela deve ser discutida. No campo que foi pelado, tanto quanto no campo que hoje é relvado. Devemos prestar provas ao C.D.E., perante nós mesmos, para demonstrarmos que fomos, somos e continuaremos a ser o fiel companheiro desta sublime entidade.

Aos campeões de outrora resta-nos o agradecimento sentido pelos feitos alcançados. Aos campeões de hoje resta-nos o humilde, mas muito fraterno acenar de parabéns que mais não é senão o nosso desejo de que sejam matéria, fragmento, abundância, barro, para uma carreira pessoal e profissional prenhe de alegrias.

Obrigado a todos!  Obrigado C.D.E.!

Mário Rui