terça-feira, 15 de novembro de 2016

Tiros na muche?


Uns agridem um, estamos ainda à espera da justiça que há-de vir das mil e uma noites de Bagdad. Outro mata uns, dá à sola e é a TV que, parecendo investida de propósitos justiceiros, cede a um furor de informação persuadida de que tomou o lugar à polícia. As ruas têm drama, sítios por onde infelizmente muitos deambulam por entre a derrocada física e mental definitiva. Quanto a gatunos, incorrigíveis e precoces, passeiam-se por aí aos magotes, impunemente. Mas o que importa tudo isto à altivez da nossa mediocridade genealógica? Ao país importa é inverter a polarização dos actos necessários e vitais, a nossa cultura moral, e falar, falar muito daquele “horrível crime”, inoportuno, acontecido num corredor entre dois futebóis. O país capta essa brisa condensando-a numa auréola de prodígio pensante. Que sono de país, que preguiça de gente. Será que não há por aí umas abundâncias de assunto importante que acabem de vez com esta monotonia de critérios populares?  
 
Mário Rui
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