quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Mas que bela lição


Goste-se ou não dela, cada um terá a sua opinião, a verdade é que a chanceler Angela Merkel suspendeu para os sírios a regra da convenção de Dublin que permite expulsar imigrantes ilegais. A Síria tem sido palco dos mais sangrentos atentados do auto-designado "Estado islâmico". Assim, a Alemanha, é neste momento o único país que não está a forçar refugiados sírios a regressar ao país de entrada no território da União Europeia. É a própria Comissão Europeia a confirmar esta medida e a sublinhar que "neste momento, é caso único entre os Estados-membros".
Também é curioso assinalar que muitos outros que decisivamente  contribuíram para a «nova desordem mundial», cujo corolário está à vista de todos, se mantenham quedos e mudos como se nada tivessem a ver com o êxodo de milhares de pessoas  que todos os dias procuram um destino digno e atractivo. Esses mesmos países que por mote próprio ou coligados com outras forças de «libertação» potenciaram as «primaveras árabes», devem estar hoje arrependidos por tantas e tão duvidosas coligações armadas – coabitações temporárias de conveniência, apenas  – perante o gesto de Angela Merkel.  Não estou a defendê-la, estou só a dizer, em didático adágio português que « o vinho não intoxica os homens, são os homens que se intoxicam». E a bebedeira sem fim assumida por esses libertadores/guardadores de conveniências, tem aqui a resposta mais sábia da mulher que quase todos abominam; numa zona de fronteira, a agilidade e a astúcia política valem mais que uma pilha de armas! Que grande lição, Angela! O resto, o que mais se vê, vindo lá desses que puseram tudo em desordem, são palavras poéticas de solidariedade para com as gentes que embarcam numa viagem de dignidade mas no fundo o que lhes oferecem é uma viagem que nem de sobrevivência é! Pregadores entusiastas do nada, aprendam com a alemã e desfaçam o nó górdio que ataram, talvez que descobrir a maneira de o cortar seja, essa sim, uma primavera luminosa para os abandonados e oprimidos.
 
Mário Rui
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