quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A norma e o país.


A imprensa de hoje faz o favor de informar o País que 30 figuras de topo tiveram conhecimento dos factos que configuram indícios de um crime público que agora virá a ser investigado formalmente. A mim, fica-me a sensação de que se trata de um inquérito que surge, aparentemente, dada a pressão mediática que por aí anda, mesmo depois de se já ter percebido que apresenta todas as possibilidades de não conduzir a qualquer acusação e muito menos a qualquer condenação.

Se de facto assim não é, então eu, e muitos como eu, perguntarão porque razão não foram abertos outros inquéritos que igualmente se impunham por maioria de razão e por factos idênticos e de natureza ainda mais grave. É caso para perguntar a quem de direito, leia-se o M.ºP.º, qual a razão da escolha deste caso e não de todos os semelhantes que por aí campeiam? Estou a falar de igualdade de todos perante a lei, que é assunto arredado da justiça portuguesa. O circo mediático que se vai espraiando no Portugal de hoje, é sintoma de um país que ainda não percebeu, via jornalistas, que, como diria Eça de Queirós «o jornal é o fole que assopra a vaidade humana. Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as acções» menos as boas digo eu.


E com esta reflexão, não pretendo passar um esponja e apagar o que de pouco ético foi feito na Madeira. Quero só lembrar que a superioridade dos povos e das nações, a superioridade que há-de acabar por triunfar, consiste no maior número de espíritos que são capazes de optar pela norma quando ela se encontra em conflito com a vida. Mas antes de tudo é preciso que exista norma. Se assim não acontecer, então nem há norma nem há país!
Mário Rui