domingo, 23 de fevereiro de 2014

Inconveniências governativas


 
 
 
 
 
 
 
 
Há governos que, lançando mão da melhor das nossas bondades, mais não são que uma mera conveniência. Mesmo assim, talvez não viesse mal ao mundo conquanto não fossem, normalmente, uma grande inconveniência. Mas são! Ou porque governam mal, ou porque apesar de serem a maneira escolhida pelo povo para dirigirem um país, se deixam a certa altura enlear no abuso e na perversão julgando deste modo passarem inalterados à posteridade. É a fase em que demonstram até que ponto o povo pode ser enganado e, pior que isso, é o momento em que verdadeiramente mostram do que são capazes no que de pior vem das suas entranhas; o fatal silenciamento forçado das vozes descontentes que se fazem ouvir, o discurso apontando aos desagradados a culpa pela desobediência civil que a estes últimos assiste. Correm tais governos supostamente democráticos a tapar velozmente todas as fendas por onde possam entrar lufadas de ar fresco. É ar contaminado, dizem eles! Só reconhecem o direito de revolução por parte dos aborrecidos com tal modalidade de governação se estes aborrecidos não aborrecerem a lealdade ao governo instalado. Que linda revolução permitem. Ao não perceberem que a sua própria tirania ou ineficiência no mando da coisa pública é insuportável aos olhos dos outros, só lhes dá para calar vozes incómodas, seja com o bastão ou com a espingarda, tanto faz. A táctica é sempre a mesma, quer falemos da Ucrânia, como da Venezuela. Em todo o lado há felizmente homens que têm uma espinha nas costas que não se deixa dobrar e quando alguns mandam sufocar uma insurreição de desgostosos, então aí não há mesmo dorso que vergue. Somo a Venezuela actual a este estado de autoritarismo que negligencia e despreza partes importantes da sua gente já que por lá também vivem muitos dos nossos patrícios que, por opção, se mantêm lusitanos mas igualmente pessoas com direitos, justas aspirações e bons cidadãos . Neste país, quer alguns queiram quer não, já se iniciou um processo de insurreição e explosão social com protestos suficientes para acharmos que não serão certamente vindos de forças ocultas da América do Norte ou da Colômbia. O mal está no modelo de regime que implementado acaba por não mostrar o novo dia que anunciava, provando afinal que há tradições de governação que há já muito perderam partes substantivas da sua integridade. Pena é que ainda encontremos gente que acredita que as milícias, os carcereiros, a polícia política, são formas democráticas de governar pelo discernimento ou pelo senso moral. E o Governo de Portugal? Já lhe ouvimos uma palavra de sossego quanto aos que tão portugueses como nós por lá temem pelas suas vidas, pelos seus bens e pelos seus filhos? Não! A única reciprocidade de obrigações e interesses foi a do Partido Comunista que joga na caduca mensagem de “solidariedade para com o povo e o Governo de Nicolás Maduro na sequência da violência que já provocou três mortos e dezenas de feridos no país”. Tarda enviar igual conteúdo ao 'democrata' Viktor Yushchenko, na Ucrânia!. Porque esperam? Para os portugueses que lá vivem, nada! E eu a julgar que o PC já tinha crescido politicamente.
 
Mário Rui
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