domingo, 14 de julho de 2013

Tudo vive no Universo



Kremlin volta a máquinas de escrever para evitar fugas  (ver aqui)

Tudo vive no Universo.

É curioso. Toda esta gente foi e é responsável pela aparição de uma nova sociedade. Não pretendo sequer qualificá-la pois não sei se lhe conseguiria apostar o rótulo certo. O que retive foi a lição que nos ensinaram e segundo a qual o novo espaço que habitamos já não é o espaço-tempo, mas antes o espaço-velocidade. A isto acrescentaram, e conseguiram na prática, fazer com que todos fossemos dependentes uns dos outros e nada do que hoje fazemos é indiferente para o destino dos nossos semelhantes. Por um lado ainda bem, mas como qualquer moeda, o mundo em que vivemos também tem, pelo menos, duas faces. Uma delas já a mostrei. A outra tem a ver com a “nova modernidade” que nos impingiram, a tal do espaço-velocidade. Puseram-nos a navegar na rede, conquistámos uma renovada filosofia de vida, na perspectiva de muitos urgentemente necessária, tendo tudo isto levado à aparição de uma comunidade claramente imaginada por alguns. Se, mesmo assim, lucrámos com isso? Claro que sim. O problema não mora na abertura ao conhecimento que nos foi facultado. O problema reside no facto dessa sociedade ter nascido da mente de muito poucos em detrimento do pensamento da maioria e igualmente desprezando as evocações do que tinha outrora credibilidade. Foi pena ter-se avançado desse modo. Na espuma dos dias que correm somos inundados e alertados para a co-presença de um número imenso de outros, os caminhos que percorremos estão apinhados de ecrãs de televisão, de botões, de imagens apelativas, de convites irrecusáveis, todos podem «surfar» no ciberespaço, mas a verdade é que todas estas crescentes liberdades individuais são afinal objecto do controlo, muitas vezes irracional, do inventor de um mundo globalizado, em suma agência fiscalizadora colectiva da vida da humanidade. Assim é mais fácil adquirir a soberania estatal. É como uma espécie de seguro fidedigno contra a eventual resistência ou a rebelião apontada aos poderes estabelecidos. Não é preciso diabolizar, ainda que o mereça, este estado de coisas. É preciso é percebê-lo e desarmá-lo passo a passo. No mínimo, não lhe dar muita confiança pois que a contínua globalização da dependência humana, ela própria se encarregará de nos mostrar o caminho certo. Nas grandes mudanças actuais, sociológicas e tecnológicas, devemos preocupar-nos com a avaliação exacta daquilo que ganhamos e do que perdemos. Só isso. E nunca acreditar obstinadamente que o novo é sinónimo de moderno. Vamos devagar, pensadamente e não nos iludamos. Quantas vezes o novo é apenas aproveitamento do velho que jogámos fora. Mais digo; virá o tempo em que a moderna tecnologia e as novas formas de viver se queixarão dos velhos avarentos que não quiseram fazer testamento por se arrepiarem da palavra “deixo”. Felizmente que muitos o não fizeram, tendo deixado legado e seguidores à altura que, aproveitando casos e sucessos antigos, determinaram a sua existência na ordem e no progresso dos eventos do nosso actual mundo. Um mundo que, como a Lua, tem fases. A antiga e a nova, mas tem apenas um pacto que é a sabedoria humana!

Mário Rui