segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Desvio colossal na RTP


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«Ao invéns, alguns ‘spin doctors’ da nossa educadora praça, fizeram-nos o favor de nos bombardearem com os mais diversos, hilariantes e ao mesmo tempo estúpidos comentários a propósito das tais palavras loucas do nosso primeiro. Jornais, comentadores, oposição ao Governo, historiadores, investigadores de linguística, sociólogos e finalmente vários ‘cientistas sociais’, deram à estampa opiniões para todos os gostos.

Foi um tal vender papel, preencher horas de rádio e de televisão e o contribuinte a pagar. Melhor fora que, quer o primeiro-ministro, quer toda esta onda de contorcionismo jornalístico-político, não tivessem perdido tanto tempo e dinheiro a ocupar-se de assunto que, para o crescimento económico do país vale zero.

Conclusão; um, uns e outros, são todos a mesma e uma só coisa. E se todos eles alguma vez pensaram que disseram ou escreveram algo com virtude, então desenganem-se porque, às vezes, é pelas próprias virtudes que se é mais bem castigado. Nós bem vos entendemos, aos três. Mas os espectadores que ainda vos prestam alguma atenção quando em presença de um ‘não caso’ como o acontecido, também percebem da razão que lhes assiste quando vos ouvem ou vêem.»

Isto foi o que escrevi há uns tempo atrás, a propósito da expressão utilizada pelo primeiro ministro quando, dirigindo-se ao país, se terá referido aos portugueses como sendo “piegas”. Achei e continuo a achar que esteve mal, de resto opinião que deixei bem retratada no que então escrevi.

Mas avisado como sou, também disse e reafirmo que há entre a classe dos jornalistas uns tantos, muitos, que de jornalismo percebem tanto ou menos que eu de lagares de azeite. São os que eu apelido de ‘jornalistas-fatela’. Gente que não respeitando o seu próprio Código Deontológico, quanto mais a ética profissional, como que fazendo jogo baixo, ignóbil, vão dando notícias falsas. Notícias que lhes são trazidas por ventos diabólicos, assim como que ventos que querem tornar falsidades em verdades.

Claro que todos percebem o rumo e o efeito que se espera de tais ventos. Às vezes rumo e efeito que acabam por ser contraproducentes. Foi o caso! Quando meio mundo criticou o que Passos Coelho teria dito, que não disse, a propósito do “desvio colossal” que teria herdade do Governo anterior, este tornou-se o primeiro grande caso político-jornalístico, em 2011, desde que o líder do PSD lidera o Governo.

Afinal, as palavras que lhe atribuíram não foram aquelas que uma agência pública de notícias, a LUSA, que todos nós pagamos para nos informar com isenção, “mandou” cá para fora. Se têm dúvidas, ouçam o que PPC disse, clicando no vídeo. Chegou tarde, mas ainda a horas de separar o trigo do joio. E eu que até critico com toda a veemência os políticos que temos, também sou capaz de reconhecer aqueles que às vezes têm alguma coerência e sobretudo seriedade no que dizem.

Podem dar um trato inconveniente à coisa pública, ou seja a todos nós, mas pior que isso é darmos ouvidos a algumas vozes que mais não querem senão semear tempestades onde elas não existem. É caso para corrigir-me quando, na tal crónica de que vos falei no início, disse: « um, uns e outros, são todos a mesma e uma só coisa». Agora apetece-me dizer: uns e outros , são todos a mesma e uma só coisa.
Amanhã, se for o caso, voltarei a incluir o “um”. Por hoje assim fico.


Mário Rui