quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Podemos dizer e fazer o que muito bem quisermos


Podemos dizer e fazer o que muito bem quisermos. Para o melhor e sobretudo para o pior! Em certo sentido a liberdade é como o ar que respiramos. Não o interrogamos, não perdemos tempo a discuti-lo, a argumentar sobre ele, a pensar nele. O caso agora relatado pela imprensa, como de resto muitos e muitos outros, é igual.  São longas e antigas histórias cheias de vicissitudes e raramente trazidas a público, interrogadas, discutidas. Serão talvez histórias da história recente de Portugal onde tudo e todos se arrogam o direito, digo bem, o direito, imagine-se, de trapacear o próximo, pois um “país livre” pode dar-se ao luxo de garantir que aquilo que fazemos jamais estará destinado a atingir o seu objectivo. Sério, que mostre honestidade! É este o paradigma actual. Será resultado de exemplos maiores, torpes e nefastos trazidos à estampa por gente de baixa condição moral que tem dirigido os negócios do país desde há longos anos a esta parte? Talvez, quem sabe? E depois? Esta postura legitima outras que se lhe seguem indefinidamente e sem retrocesso à vista? Não e não!! Mas para muitos, sim e sim!!  A imagem de burla motivada por ambições pessoais, planeada e intencional, com autor reconhecido, está firmemente implantada no senso comum do tipo de sociedade que hoje temos mas que nunca desejámos. Qual liberdade, qual verdadeira democracia? É, em grande medida, devido a esses pressupostos antes enunciados que a nossa atenção se volta mais para a nossa não-liberdade do que para a genuína e impoluta liberdade a que aspiramos. Só espero que a ausência de acções punitivas não continue a dar cobertura a desejos suspeitos e demolidores de uma democracia perene. Mesmo que a respeitadora liberdade de cada um deixe de estar, como já está, no centro das nossas atenções, não nos iludamos. Todas as vontades são livres, mas algumas mais livres do que outras e grande número das acções humanas condenáveis são por vezes reguladas por forças supra-individuais que tanto podem vir de “dentro” como de “fora”. Seja como for, venham de onde vierem, importante é denunciá-las e o quadro mudará completamente logo que consigamos impedir certos “obreiros” de seguir profissões de que possam tirar fraudulentas vantagens. Vai demorar até que o núcleo germinador se extinga e depois se aniquilem os "sucedâneos", mas vale a pena insistir no anúncio público do que leva Portugal à tragédia.  
«E não estou a ser pessimista, antes um optimista bem informado»  – provérbio russo

Mário Rui