domingo, 31 de março de 2013

Merkel menina e moça

























Dizem tratar-se de Angela Merkel nos seus tempos de menina e moça. Mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível. O nosso!

Mário Rui

Finalmente























Mário Rui

Chipre e a constante de Kennedy


















Mesmo dando de barato que Chipre se havia tornado numa imensa lavandaria de dinheiro sujo, a céu aberto, convém que fiquemos de pé atrás e orelha guiada relativamente aos ‘bondosos’ propósitos do chamado Eurogrupo e em particular aos do seu presidente. O sr.Dijsselbloem, que lançou uma Dijsselbomba, é um holandês obstinado que continua a dizer, quando interrogado sobre a implicação do "modelo cipriota" para outros países da zona euro com rácios de sectores financeiros em relação ao PIB muito mais elevados do que Chipre, como são o caso do Luxemburgo e Malta, que: "lidem com o problema antes de entrarem em sarilhos, a resposta não será mais automaticamente – ‘nós entramos e vamos resolver os vossos problemas’ ".

Europa solidária, esta a dos 27. E muito séria. Veja-se a primeira medida considerada; taxar pesadamente os depósitos dos pequenos aforradores como se fossem estes os verdadeiros culpados da pré-bancarrota dos bancos cipriotas e da economia do país. Então mas só agora é que este Eurogrupo se apercebeu do peso do dinheiro russo na ilha? É tão forte que o país decidiu naturalizar alguns de seus investidores mais importantes para assim poderem beneficiar do seu paradisíaco regime fiscal. Também não viram isto a tempo e horas? O casino dura há tantos anos e só agora o perceberam? Ou não convinha perceber antes?

Então e as medidas a adoptar têm de ser postas em marcha numa madrugada de sexta para sábado? Convinha mesmo apanhar os cipriotas, os sérios, a dormir?

Então, e o resgate em si mesmo não é sequer objecto de deliberação no Parlamento do Chipre, mas antes vai a votos no parlamento alemão? O direito de cada povo decidir sobre o seu futuro é uma regalia cada vez mais rara e, mesmo assim, só vale quando “respeita” os interesses do eixo Bruxelas-Berlim?

Com esta democracia toda, o remédio, podendo até ser o indicado, especialmente para os jogadores de casino, deixa a Europa descrente quanto aos métodos que só exprimem péssimos juízos de valor. Bem sei que a democracia, a verdadeira, não pode subsistir e progredir sem moralidade pública, sem cidadãos esclarecidos e responsáveis. Porém, lançando mão da outra, a falsa, ficamos todos a pensar que vale mais uma acção de ajuda desinteressada e que age com dignidade do que boas vontades interesseiras.

A união europeia, a da solidariedade, há muito que é só uma experiência! Mas ainda pior, é basear-se na ideia de que a experiência que não dói pouco aproveita. E dói muito a muitos, como alguns pretendem.

A esses muitos, aconselho a Constante de Kennedy; não se zanguem; vinguem-se!

Mário Rui

sexta-feira, 29 de março de 2013

Questões


















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À medida que a confiança nas instituições políticas (partidos e suas representações parlamentares e governamentais) se evapora, a grande questão para a qual se procura urgentemente uma resposta é "Quem vai fazer?" e não tanto "O que deve ser feito para melhorar a sociedade?". Enquanto a primeira não encontrar resposta, a segunda parecerá a muitas pessoas uma dúvida ociosa e indigna de ser levada a sério.


Zygmunt Bauman

Mário Rui

Chuva-prata




















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Mário Rui

quinta-feira, 28 de março de 2013

Os meus embustes




















Eis a agitação das supostas audiências que só existem na narrativa e na cabeça de alguns jornalistas, comentadores, políticos e na de uma mão-cheia de partidário-arregimentados. Em tudo igual ao futebol, quer se trate de um Porto-Benfica ou outro qualquer clássico. Discurso que cheira a tradição escrita ou oral de coisas muito duvidosas ou inverosímeis. Vale para Sócrates, ontem mesmo, como vale para Passos, Tozé, Ca..vácuo. O que me dói saber da não existência de estadistas que me falem do homem-novo e do país igual, amigo, para quase todos. Para o melhor e para o pior, a vida tem uma só entrada; à míngua de grandes líderes tem sempre cem saídas. Cada uma delas ao jeito destes indivíduos cuja imaginação própria exagera, a razão escasseia e o juízo não regula. Muitos bens resultariam para a felicidade individual e social se as intemperanças pessoais, plasmadas no ataque ao outro, dessem antes lugar ao progresso de Portugal e ao bem-estar dos portugueses. Mas não! O que importa é discutir o acessório. Marcam-se ‘golos’ e assim o povoléu rejubila.

- o meu ponta-de-lança é melhor que o teu.
- então de cabeça é um exímio jogador. Apostemos nele e o título será nosso.

Esta modalidade desportiva semelhante ao futebol, com regras políticas adaptadas para ser jogada num campo de areia movediça, iguala-se ao teatro deste país onde a cada instante saltam inumeráveis actores aos quais sucedem imediatamente outros que continuam e executam, sem interrupção, os dramas infinitamente variados que no dito ‘teatro dos sonhos’ se representam.

«E aí está! Nós a pensarmos que um navio ia vigiar o litoral, garantir a paz interior, impor o respeito ao estrangeiro, dar protecção ao comércio, - e no fim o que o navio vai fazer é significar às colónias que a Pátria melancólica lhes manda muitos recados e os seus suspiros! Ora neste caso a marinha pode ser dispensada» (Eça de Queiróz de “As Farpas”)

Mário Rui

quarta-feira, 27 de março de 2013

Primores




















Chuva, chuva e mais chuva! Tempo escuro que uniformiza a monotonia e preenche as nossas ambições com um vazio de meros desejos. De sol, de tardes longas, de noites cálidas e já agora de companhias variadas e sedutoras. Que falta nos faz um tempo assim. Pode ser apenas com sol, areia e mar. Se mais faltar, cá nos arranjaremos. Mesmo que venham só os efeitos, depois acrescentaremos os primores!

Mário Rui

terça-feira, 26 de março de 2013

Falsificações morais!





































 

Ex-espião Silva Carvalho vai ter cargo na presidência do Conselho de Ministros


Aí está a prova provada, aqui! Os chamados direitos adquiridos são só para alguns. Para outros, são letra morta. Ainda que quiséssemos, mesmo não querendo, seria desumano abençoarmos quem nos amaldiçoa! Que país é este, que Estado é este? Elevação transcendental do supremo disparate, escárnio que vomita sobre a cabeça honrada de uma Nação! Deixemo-nos de ser anjinhos já que é absolutamente necessário eliminar o sistema que permite a alguns chegar a ser diabos muito eficientes. Época vil, esta que nos dão para arrastarmos a nossa penosa e sofrida existência e ainda nos pedem sacrifícios. Quem acolhe medida tão absurda quanto esta, só pode estar a aprovar a sociedade do espectáculo. Espero que, assim sendo, quem o fez venha a ser urgentemente vítima das suas próprias falsificações morais.

Mário Rui

segunda-feira, 25 de março de 2013

Confrangedora Europa!

























Em países ditos sob resgate, a democracia vale tanto quanto a honra que se vende em algumas manhosas cortes europeias. Veja-se o último plano ardilosamente traçado para o Chipre. Pese embora o desgoverno do sistema financeiro cipriota, também há limites para o despudor dos fortes. É caso para perguntar se o voto popular tem alguma utilidade? E ainda há quem diga que as medidas tomadas são um bom exemplo para outros países intervencionados! Na leitura desta gente, há povos, povos que são meros cabides e mais nada. Confrangedora esta Europa.  

Mário Rui 

Revolução social?




















O que verdadeiramente me espanta é saber de alguns "passarinhos" que acreditam que isto é uma miragem. Não falo do "abandono" de incertos, porque quem foge perde a força moral da reabilitação, mas antes da possibilidade de tal 'revolução social', ainda por cima lembrada por alguém que recusou abandonar o seu povo.

Mário Rui

domingo, 24 de março de 2013

Germânicos pensamentos mal pensados


“Um método infalível para apaziguar um tigre é permitir-lhe que nos devore”.
 
(Konrad Adenauer , político alemão democrata-cristão, 1876-1967)

Mário Rui

sábado, 23 de março de 2013

É o que temos.

























A propósito do anunciado regresso de Sócrates ao espaço televisivo português, primeiro passo para outros voos semelhantes aos que já fez no passado e com péssimos resultados, é bom que todos percebamos duas ou três coisas essenciais à compreensão do ‘modus faciendi’ da tristérrima política nacional e da não menos censurável comunicação social que temos. Desde logo, e dando por adquirido que lhe assiste todo o direito de falar, o que me custa perceber é a razão pela qual o nosso audio-visual acha que só os políticos devem ocupar espaço e tempo nas suas emissões. Verdade incontornável, quer o interlocutor se chame José, Leite, Ângelo, Mendes, Sousa ou outrossim! Há, no universo de quem tem por missão informar o país do que se vai passando quotidianamente, não uma nobre vontade de fortalecer mentalmente os destinatários quanto ao que os rodeia mas, isso sim, uma espécie de promoção de uma mercadoria que se vende. Neste domínio, a informação televisiva em particular, e de modo sectariamente dirigido, veio fazer com que o princípio de neutralidade e objectividade destronassem as boas lições de moral pública. Um noticiário, uma entrevista, um comentador político com assento numa TV, são idealmente construídos para além do que nos interessa verdadeiramente. O primado das inverdades, para não lhes chamar mentiras, sobre os bons valores, entra casa adentro do espectador num misto de espectacularidade, de sensacionalismo que apenas evidencia uma concorrência partidária e nada mais que isso. Este é o pior lado de um jornalismo que bem se pode chamar o dos fretes. Depois, bom depois temos os aproveitadores destas inenarráveis façanhas ditas comunicacionais, que tão bem transformam em capital próprio, ou de grupo, as suas alocuções inflamadas. O comentário político desta gente não pretende auxiliar ninguém na busca da resolução dos seus problemas diários, mas antes dar palco à teatralização do desempenho que tiveram enquanto ex-decisores de qualquer coisa, desempenho que, no mais das vezes, apenas serviu para nos deixar assim prostrados como país que queríamos ser. Serve assim como uma espécie de expiação de pecados pessoais, como se tal pudesse apagar do nosso viver o mal que nos causaram. Junte-se-lhe depois, com identidades diferentes, é certo, a indomável necessidade na defesa do partido, do programa, da bancada, do grupo! Não existe mais nada no absoluto destes comentadores que vá além disto. É pouco, não é? Mas é o que temos. Lamento que, na liturgia do que deveria ser comunicação social austera e pensamento político ensinador, apenas tenhamos referentes éticos de baixo valor. Deste modo, não consigo descortinar processos de integração ou de normalização social que nos acudam nos difíceis tempos que correm.

Mário Rui

quinta-feira, 21 de março de 2013

Brevemente, numa televisão perto de si
























Sócrates volta à cena política para ser comentador da RTP


Irá comentar a crise, ou a crise, finalmente, ocupar-se-á de o comentar?

E será que a RTP não podia convidar também o Sr. Oliveira e Costa para comentar os problemas da banca?

Mário Rui

Uns e os outros


Não deixa de ser curiosa a discussão, que alguns já levaram a cabo, sobre os vencimentos que são pagos a diferentes classes sociais. Digo curiosa já que tal situação espelha bem a mentalidade democrática de países diferentes e povos distintos. Cada qual, com os dirigentes que elegeu, apresenta visão diversa sobre o assunto, o que no fundo mais não é senão o retrato fiel da condução de políticas, acertadas em alguns casos, ruinosas noutros, feitas por gente que tanto pode ser amiga e digna, como pode ser a personalização mais gloriosa da soberania do desprezo pelo trabalho dos outros. São mentalidades que assistem a muito boa alma a cuja consolação de cumprir um destino um dia julgou estar destinada e, afinal, na maior parte das vezes, acabou traída pela sua própria sede de ganância. Felizmente para algum mundo, ainda subsiste um naco de erudição política que concorre para o bem comum e, desse modo, há sítios onde não habitam essas chamadas naturezas vulgares que tudo esmifram e pouco repartem. Ora, ao invés, o que sucede com as consciências boas, conscientemente reflectidas e reforçadas na mais legítima compenetração do dever, é que pensam na honra e dignidade dos mais desfavorecidos e, vai daí, sempre conseguem fazer prodígios de economia que a quase todos contentam. E o mais elucidativo deste fenómeno radica no facto de não estarmos a falar em países ricos por natureza, mas antes governados com juízo, com prudência. A Suiça será certamente um desses lugares. Embora boa parte do território seja coberta por lagos e montanhas, com poucas áreas cultiváveis e o país não seja rico em recursos minerais, a Suíça é uma nação altamente desenvolvida. Poderíamos ficar aqui horas intermináveis a tentar perceber das razões que levaram esta nação à prosperidade e felicidade q.b. do seu povo. Escasseando os recursos da mãe-natureza, apostou nos recursos humanos, o melhor meio para alcançar o desiderato do bem-estar dos seus habitantes. Sociedade perfeita? Não, mas muito melhor que países que se tornaram verdadeiros serviços de enterramento tal foi o bucentauro que dilacerou as entranhas do seu povo. De resto, se alguma similitude fosse possível entre nós e eles, os suíços, então aí estaria a discussão de que falava no início deste escrito para deitar por terra semelhante aspiração. É que lá já se discutiu e decidiu o que fazer quanto à limitação dos salários máximos, exorbitantes, de algumas pessoas. Cá, tão-pouco conseguimos acertar o salário mínimo a atribuir a quem dele mais necessita. Há melhor prova quanto à infância do nosso pensamento político ou humanista? Lá, referendou-se o assunto. Cá, ainda temos cristãos da igreja primitiva para quem o baptismo, a confissão, a missa, a comunhão, a prática de todos os sacramentos e de todas as cerimónias a mais não os educou senão ao desprezo por quem labuta por um futuro com pão. Chamem-se eles de Belmiro, Ulrich, Gaspar, Sócrates, ou o raio que os parta!
Mário Rui

terça-feira, 19 de março de 2013

Rádio Voz da Ria



Um amigo, o Tony Garcia, 'tocou-me', no "Facebook", com o desafio do regresso à Rádio Voz da Ria. Motivo para me lembrar do modo como eu e os demais, não muitos, conseguimos dar império a tão arrojado projecto. Juntámos estrelas, fontes e mágoas e a aparição contentou muitos e a poucos desagradou. Amassámos os nossos esforços com os nossos génios e valeu a pena. Acabaram por servir de pedestal à comunidade que, connosco, cantou esta princesa encantada. A Rádio de Estarreja! E hoje, eu convido-vos a colaborar, a estardes unidos e a construírdes uma grande e ainda maior figura que enriqueça cada um, que o faça participar de todos. Se encerro a RVR no domínio do meu amor, se a elevo à condição de filha de todos nós, como há-de passar-me pela cabeça resistir-lhe? Até um dia. Um abraço forte para a Rádio Voz da Ria.

Mário Rui

A vontade de seguir caminho




















Vítor Gaspar garante que a taxa sobre depósitos, aprovada no Eurogrupo para o Chipre, está fora de questão em Portugal.

O homem teórico é sempre capaz de encontrar uma satisfação infinita em tudo quanto o cerca. Esquece é os que deixaram de viver na antiga ilusão derramada sobre as coisas. Os que agoniam quando olham o futuro. Será que ainda há esperança no repouso? Já não há paciência para acolher esta 'velha' linguagem. Já se torna muito difícil descobrir em nome de que virtude irrealizável havemos nós de apostar. Para animar os homens e as mulheres que se atolam cada vez mais na dúvida, só nos resta construir argumentos tão sólidos que deitem por terra as justificações dos que, repetidamente, vão ofertando 'festejos' públicos que até podem divertir os mais novos mas só dão motivos de reflexão aos mais velhos. Ninguém vive sem mudança. Talvez seja chegado o tempo de parar a caravana. Enquanto não perdemos o essencial. A vontade de seguir caminho!

Mário Rui

domingo, 17 de março de 2013

Fortes com os fracos

























CHIPRE - O plano de resgate
Fortes com os fracos

Confesso a minha ignorância em termos de economia e finanças. Ainda assim arrisco uns comentários, os meus, posto que, a exemplo de muito economista que por aí peregrina e sem qualquer utilidade colectiva, também me acho no direito de divagar a propósito do que não sei mas pressinto.

Chipre - Perda dos depósitos até 10% em todo o seu sistema bancário.

O Eurogrupo decretou a Chipre que tirasse 6.75% a 10% das contas bancárias de todos os depositantes com dinheiro no país.

O plano de resgate contém uma cláusula impensável e sem precedentes na UE: uma taxa de 6,75% sobre o valor dos depósitos até 100.000 euros e de 9,9% para depósitos acima de 100.000 euros. Em troca, os depositantes “penhorados” parece que vão receber acções dos bancos. Nem falo das contas chorudas. Extraordinária é a medida, leia-se taxa, aplicada aos pequenos aforradores cipriotas. Estaremos nós livres de coisa parecida? Sei lá!

Aqui chegados, das duas uma: ou nas próximas eleições votamos num banco ou então o melhor é guardar o dinheiro debaixo do colchão!

Mário Rui

sábado, 16 de março de 2013

As capas de Portugal


Lamento profundamente que muitas esperanças tenham sido depositadas em gentes impreparadas, concedendo-lhes ainda assim que algum esforço tenham feito a pensar num país melhor, sendo que o problema, afinal, assenta basicamente numa premissa: é que ninguém consegue ensinar aquilo que não sabe. De que vale, ou valeu, a aposta em condutores que ao longo de tantos e tantos anos nos levaram a este caos, qual servilismo nosso que lá os colocou, para agora concluírmos que todos esses pensadores políticos apenas conseguiram convencer-se a si próprios. Nunca aos outros. Apetece dizer, no seio de tamanha turbulência, que hoje é suspeito todo o pensador, deste calibre, que pretende demonstrar algo. Na nossa democracia, alguns ainda a entendem assim, esta tirania, esta arbitrariedade, esta rigorosa e grandiosa estupidez, educaram o espírito de muitos portugueses que, julgando-se em boa companhia, e na inocente interpretação cristã-moralista, mais não ganharam senão o estreitamento da perspectiva da sua própria vida. Como uma espécie de jejum inteligentemente engendrado, talvez única matéria feita com ‘acerto’ , em proveito próprio, por quem nos tratou da vidinha, estas políticas de quase 40 anos de existência, habituadas a mentir, atingiram finalmente o seu próprio clímax. A consistência de tais meios que a este lugar nos empurrou, conseguiu de facto o notável feito de persuadir muito eleitor a contentar-se com uma espécie de auto-intrujice. Quem tiver investigado a história da nossa história recente só pode nela encontrar um fio condutor para a compreensão do mal que nos assola: a matreira e velhaca vontade das fantasias de gerações de “cientistas” políticos que sempre acharam que o incerto também tinha os seus encantos. Afinal, o que temos nós em comum com a dívida pública, de que modo estamos envolvidos com o ‘déficit’ de Portugal, que mal lhe fizemos para que tenha terminado o ano acima ou abaixo do PIB? Não trabalhámos uma existência inteira, não contribuímos com o nosso dinheiro e sobretudo com a nossa moral do sentimento para manter vivo um país? Fizemo-lo! O país indisciplinado, o paradoxo da democracia livre da regra do dever, a erosão da solidariedade, a deslegitimação da benificência, o saque nacional que serviu a espiral dos ideais de autonomia individual, isso sim, está na base do desmoronamento dos grandes projectos políticos que deveriam ter guindado Portugal ao êxito. Os demolidores de uma construção assim traçada, têm nomes que não os nossos. E deveriam estar hoje na barra do tribunal. Tenho a certeza que a única via que depois lhes restaria, seria o castigo. Merecimento singular por todas as trevas em que nos enclausuraram. Dirão alguns: « calma, não vamos por aí.». Pois não. E agora quem tratará dos meus, dos nossos soluços incontidos, do futuro dos nossos filhos, dos testemunhos intímos e enfermos de quem chegou à miséria? Já nem se trata da aceitação, resignada ou não, deste tempo que nos ofereceram mas, antes, se nada mudar para melhor, de começar a preparar a nossa ingratidão futura quanto ao que, ou a quem, nos sentou no terror desta angústia.

Mário Rui

sexta-feira, 15 de março de 2013

Vaticano


















Peregrino quer Papa pobre e que fale do regresso de Cristo

Vestindo um hábito franciscano, Massimo Coppo, 64 anos, chamou a atenção de quem circulava pela Praça São Pedro.

Vestido com um hábito franciscano em juta, carregando um cajado, uma sacola pendurada nos ombros e com os pés descalços, Massimo Coppo, 64 anos, chamava a atenção de quem estava na Praça São Pedro durante a Santa Missa para a Eleição do Romano Pontífice, realizada na passada terça-feira, dia 12 de Março.

Ajoelhado, com os pés inchados e sob uma forte chuva, este peregrino veio de Assis, a 180 quilómetros de Roma, só para assistir ao anúncio do novo Papa. E apesar da aparência de maltrapilho, Massimo dava entrevistas a jornalistas do mundo inteiro - um deles chegou a ajoelhar-se ao seu lado para conseguir um melhor ângulo para a TV.

Na sacola trazia o livro que escreveu e que foi traduzido para português por uma admiradora que o conheceu em Assis: "Da terra de Assis o espírito de profecia sobre a queda da economia."

Falando fluentemente inglês e italiano, Massimo quer dar uma ‘volta’ aos fundamentos da Igreja, com um Pontífice “pobre e que se aproxime dos pobres, que fale de eternidade e inferno, do retorno de Cristo”. Decepcionado com a politização da Cúria Romana, o peregrino afirmava que o Conclave “não é uma eleição para um chefe de Estado, mas uma eleição que escolherá o chefe espiritual” dos católicos do mundo inteiro.

Mário Rui

terça-feira, 12 de março de 2013

“Manifesto pela Democratização do Regime”

















Nao sei o que daqui pode nascer mas tenho a certeza que os governos dos tolos,  mais os conselhos dos moços partidários  que resultam das suas ilusões, mais os charlatães  políticos que prometem muito e tudo cobiçam,  foram sempre mais infestos ao povo que a tomada de posição de quem quer mudar pela ressurreição, evitando, enquanto  é tempo, a insurreição. Vale a pena ler (aqui) o “Manifesto pela Democratização do Regime”

Mário Rui

segunda-feira, 11 de março de 2013

FUKUSHIMA


















11 de Março de 2011

FUKUSHIMA - dois anos depois

Um certo tempo de feição não amigável aliado a um progresso que se quer galopante, acabou por deitar por terra o sonho de vida de milhares de pessoas. O possível não tem limite e o grande engenho também não se pode ocultar. Nas produções da Natureza ou nas obras do homem, tudo é movimento e acção. Perante tal cenário, bem podemos divagar dizendo que tudo depende das circunstâncias de tempo, de lugar, de acções, de feitos, opiniões e até de crenças. Ainda podemos explicar o acaso e o fatalismo através de uma qualquer providência divina. No entanto, nem mesmo assim conseguiríamos resolver os grandes problemas sobre a tal natureza, sorte e condição humana. Assim sendo, fico-me pelo respeito que me liga às coisas que não consigo entender e pelo preito que é devido aos que no turbilhão deste tempo se foram. Boa sorte, Japão!

Mário Rui

domingo, 10 de março de 2013

sábado, 9 de março de 2013

Presidente




















Trinta e cinco dias sem sair de Belém não é hábito presidencial, é a reclusão de quem usa hábito. Assim se pode ler esta clausura, quebrada pela recente visita a uma fábrica de moagem, que bem podia ser entendida como acto de moer a paciência a quem gostaria de ter um presidente verdadeiramente interventor. Foi tudo o que Cavaco Silva nos deu desde 30 de Janeiro último. Não obstante esta aparição, quedou-se pelo silêncio das palavras importantes não ditas, preferindo exaltar dons que só ele reconhece em si próprio; "ninguém tem a experiência que eu tenho", "trabalho 10 ou até 12 horas por dia" e "muitas horas ao sábado e ao domingo." Referia-se aos seus dez anos de primeiro-ministro e aos sete que já leva na Presidência. Foram mensagens muito importantes, o fruto mais precioso da sabedoria humana, por parte de um homem que, medroso, excessivamente prudente, acaba por se distanciar cada vez mais do país ao qual jurou companheirismo na desgraça. Claro que assim, muito poucas das nossas esperanças se realizam, ou seja, contamos com circunstâncias que não ocorrem, actos e palavras difusas que se articulam por modo diverso do que pensávamos. Mas em resposta às críticas de ausência presidencial face à crise económica e social que nos assola, Cavaco Silva escreve um longo prefácio de mais um livro “Roteiros”. Aqui sim, ele abre o pensamento político em todo o seu esplendor para nos dizer, sub-repticiamente, que o estilo deste segundo mandato é para manter. Dá-nos outra novidade, que ninguém ainda tinha percebido, ao acrescentar que o risco de insustentabilidade já não é só social, mas também político, se não houver agenda de crescimento. Há de facto ‘sabedorias’ muito sintéticas. Resumem tudo ao que todos já sabiam! E também há muitas coisas que  alguns presumem saber, julgando-se ‘sábios’,  mas que deveriam ingénua e humildemente confessar como sendo matéria que ignoram por inteiro. É caso para dizer; tanta esperança num homem que parecia dado aos lugares certos, mas politicamente tão insignificante pelo seu procedimento. Mas então um Presidente da República só serve para fazer as exéquias de um Estado?
Mário Rui

quarta-feira, 6 de março de 2013

Sherlock Holmes






























Os 127 anos de Sherlock Holmes – Março de 1886


O famoso detective, com o seu inconfundível boné de abas e cachimbo, foi criado em Março de 1886, quando Arthur Conan Doyle, um escocês de 27 anos, médico sem clientes, começou a escrever ‘A Study in Scarlet’. Era o primeiro de uma série de romances e 56 contos que acabaram por obter um enorme sucesso, mas que teve muita dificuldade para ser editado.

Mário Rui

segunda-feira, 4 de março de 2013

Os virtuosos

















É por esta e por outras razões que as revoluções, as que apenas regeneram as nações velhas, arruinam e fazem degenerar as novas  ver aqui. Há certamente um limite nas dores e nas mágoas de quem sofre ordinariamente  com a sorte que a sorte lhe guardou, limite que, já alcançado, jamais poderá permitir qualquer ligação entre o boníssimo que labuta com uma razão que outros pretendem escravizar e a fealdade de algumas cabeças coroadas. Para o actual estado de alguns homens que, infelizmente, parecem condenados à condição de animais de carga, vivem para trabalhar, e morrem para que outros gozem, sinceramente só tenho rasgados elogios a fazer. A bandeira da virtude de gente assim, tem por legenda: - dignidade, resistência, procedimento que atrai o respeito dos outros. Saber viver com homens desta estirpe é uma arte de tanta dificuldade que muita gente se fina sem a ter compreendido. Especialmente a gente cujos desejos se multiplicam na abundância, como a erva na terra húmida. Que triste galeria de retratos e pinturas desaguou no meu país! Como eu tenho andado enganado com homens que julguei ter por companheiros e, afinal, mais não são que moléstias aborrecidas, sedentas de glórias que não merecem. Lamento. Há verdades que conhecia, muitas que pressentia, inumeráveis as que não podia conhecer nem pressentir. Que hei-de eu fazer se as nossas cabeças só amadurecem quando envelhecem? Resta-me o laço com o qual me quero unir aos cultores de virtudes e fugir de charlatães e pedantes que não nos perdoam o desprezo que merecem. E ainda bem!

Mário Rui

domingo, 3 de março de 2013

É devagar! É devagar!






















É devagar!

É devagar!
É devagar é devagar
Devagarinho...
Devagarinho
É que a gente chega lá

Se você não acredita
Você pode tropeçar...
Sempre me deram a fama
De ser muito devagar
E desse jeito
Vou driblando os espinho

Vou seguindo o meu caminho
Sei aonde vou chegar...

É devagar!
É devagar!
Oh! Oh! Oh!
É devagar é devagar
É devagar é devagar

Martinho da Vila  
Mário Rui

Palhaços






































Beppe Grillo, recém-eleito pelo movimento italiano “5 estrelas” diz que, no fundo, não sabia, nem fazia ideia de como a coisa (a Câmara de que em breve fará parte) funciona e para quê. Por cá, também há alguns que, para além de não perceberem como foram parar à Assembleia da República, ainda hoje estão a tentar entender o que lá fazem. É caso para dizer; palhaços há muitos. Pena é que, no circo de tal política, sejamos nós os protagonistas de ilusionistas que fazem desaparecer a nossa dignidade.

Mário Rui

sábado, 2 de março de 2013

Sacrifícios


















 

Sacrifícios, já todos nós os sentimos e percebemos. Decorrem dos homens impreparados em quem votámos, os que votaram, mal e vezes de mais, e que nos aliciaram com um mar de rosas quando afinal desaguámos num oceano profundo e tenebroso de inverdades. Mentiras. Já chega!

Mário Rui

Este tempo

















As opiniões públicas, e já agora as publicadas, devem ser massivamente hostis à perspectiva egocêntrica, interesseira e avarenta de quem conduziu Portugal ao abismo. O momento actual deve estar manifestamente empenhado nesta última via. Se mais não nos for possível, pelo menos, gritemos, escrevamos, chamemos nomes feios a este equívoco nascido do promissor 25 de Abril. Os dirigentes que tivemos, que temos e que não nasceram de revolução nenhuma. Essa foi uma patranha com a qual, manhosamente, nos besuntaram o corpo e a mente. À distância de quase 40 anos, se calhar bem nos saberia hoje tê-la feito de outro modo. Teríamos certamente evitado todo este sexo selvagem característico das relações de força. O problema é que de facto não aconteceu revolução. O outro regime caíu por si mesmo. De podre! O actual também já le chegou. Tombou, fruto do extraordinário esforço de dinamização, de conservação, de gestão optimizada do “eu próprio”. O imperativo narcísico dos que podem, incessantemente glorificado pela cultura higiénica dos que aspiram a poder, levou-nos à tragédia grega. Não apostem mais neles! Suplico-vos!

 
Mário Rui