sábado, 25 de agosto de 2012

Tubarões à vista




















Muitos ignoram a sua imensa riqueza até ao dia em que aprendem a das pessoas  que ela tornou ladrão.

Mário Rui

"Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade"

























"Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade"

Mário Rui

Incoerências entre actos ou ditos sucessivos


Por ora não me interessa a notícia? em si mesma. Diz o que diz e está tudo bem. O que me preocupa é o modo como alguns jornalistas ainda escrevem. Que mau uso fazem da língua portuguesa. Que péssima redacção! Que canseira para perceber esta escrita obtusa - atentem no escrito a cor azul. Será que o defeito é meu? Alguém percebe o que aí é dito?

Começa logo mal, a pobre Ana Cristina Pereira, quando escreve; «Beneficiários de RSI vão poder ser forçados a trabalhar em troca de nada.»  Razão tem a Helena Matos que, no blogue 'Blasfémias',  diz; « Ora se é em troca de nada não são beneficiários de nada logo não recebem RSI.

Já tinha jurado a mim mesmo que deixaria de comprar este 'Público'. Agora, juro solenemente que o vou fazer. Vou reler as minhas redacções da escola primária! Mas antes gostaria de lembrar que este jornalismo tipo-fatela nunca soube fazer uma notícia. É pena! É a morte anunciada de um jornal que nasceu bem e fina-se numa pobre miséria. E ainda há quem se espante com licenciaturas obtidas aos domingos e com equivalências duvidosas.

1- Numa notícia, tudo se escreve sempre do mais importante para o menos importante.
2- Uma notícia escreve-se sempre na 3ª pessoa (do singular ou do plural).
3- Não se dá opiniões, nem sugestões, nem se avalia, nem se lamenta, nem se deseja nada, nem se dá parabéns.
4- Quando não se presenciou, recorre-se a fontes diversas ou a citações, tendo sempre o cuidado de indicar que os dados estão de acordo com as referidas fontes
5- A linguagem deve ser simples e clara, para que todas as pessoas a possam entender.
6- Deve-se transmitir o máximo de informações num mínimo de palavras. Um jornal não é um exercício de retórica.
7- A linguagem deve ser atractiva. Caso contrário, o jornal perde compradores!

Mário Rui
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Beneficiários de RSI vão poder ser forçados a trabalhar em troca de nada

Medida aprovada ontem em Conselho de Ministros prevê até 15 horas de trabalho semanal em instituições não lucrativas

Está decidido: os beneficiários de Rendimento Social de Inserção (RSI) podem ser forçados a “actividade socialmente útil” até 15 horas por semana, não mais de seis horas por dia. De fora ficam os beneficiários que, tendo capacidade para trabalhar, tenham crianças ou idosos ao seu cuidado.

O diploma foi ontem aprovado em Conselho de Ministros. A actividade, que se pode estender por seis meses renováveis, tem de ser compatível com as aptidões, habilitações e experiência profissional dos beneficiários. E não poderá pôr em risco outras formas de inserção, como a procura de emprego, a frequência escolar ou a formação profissional.

Haverá uma lista de actividades enquadráveis. Podem candidatar-se instituições privadas ou públicas sem fins lucrativos – instituições particulares de solidariedade social, misericórdias, mutualidades, cooperativas, fundações, juntas de freguesia, câmaras municipais, governos regionais. Caberá ao Instituto de Segurança Social avaliar as candidaturas e colocar os beneficiários. “Queremos privilegiar uma lógica de proximidade que é essencial para definir as necessidades sociais e comunitárias”, explicou o assessor de imprensa do Ministério da Segurança Social, por email.

Os beneficiários de RSI já tinham de aceitar “trabalho socialmente necessário”. Só que, nesse caso, o serviço prestado é pago: a pessoa cumpre horário e recebe 419 euros por mês. Neste caso, mantém a prestação social que, no máximo, atinge os 189,52 euros por titular, 94,76 euros por qualquer outro adulto e 56,86 euros por cada criança. Se a actividade ultrapassar as quatro horas diárias, terá direito a subsídios de alimentação. Pode haver também transporte e seguro de acidentes pessoais.

“Esta medida não pode ser classificada como trabalho”, argumenta o assessor. Será “diferente”, no que concerne a horários e a funções: ocupará até três dias por semana e compreenderá “tarefas que, na sua maioria, não integram o conteúdo funcional dos lugares previstos no quadro de pessoal”.

“É trabalho”, afirma Elísio Estanque, especialista em sociologia do trabalho. “Outros beneficiam do seu esforço e do seu tempo”, explica. Se houvesse remuneração, parecia-lhe um modo interessante de combater os efeitos nocivos do desemprego de longa duração. Assim, parecelhe “trabalho forçado”, o que, em seu entender, levanta questões de “legitimidade” e até de constitucionalidade.

“Estamos perante uma mudança de paradigma”, nota Rui Valente, especialista em Direito do Trabalho. Exige-se uma contrapartida a quem beneficia de uma prestação não contributiva – a proposta original, que o PSD levou ao Parlamento e que PS, PCP e BE chumbaram em Maio de 2010, abrangia os beneficiários de subsídio de desemprego. Será um modo de tornar o RSI uma medida “pouco atractiva”, uma tentativa de promover a procura activa de emprego. Os efeitos disso, no mercado de trabalho, “são imprevisíveis”.

Elísio Estanque teme que tal hipótese seja usada para suprir postos de trabalho. Agostinho Rodrigues, assistente social que investiga na área do trabalho, acha que não. A maior parte dos beneficiários de RSI está embrulhada em complexos processos de exclusão. E mais interessante do que isso para as instituições é o Contrato Inserção +: a pessoa trabalha a tempo inteiro e a instituição só paga 15% do salário, subsídio de alimentação e transporte, isto é, gasta 120 a 130 euros por mês.

Ana Cristina Pereira in jornal 'Público' de 24/8/2012