terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A um amigo e para os que ainda duvidam

 
 
A um amigo e para os que ainda duvidam.
 
Não é o teu caso, caro amigo, mas eu percebo da razão que levou muita gente a surpreender-se com a dimensão nacional, e não só, de Eusébio. Mas ainda bem que assim foi pois que “estranhar-se”, é começar a entender. Ainda agora se devem estar a interrogar como foi possível a um «homem agradável com pouca cultura, mas evidentemente que não se estava à espera que ele fosse um pensador»,  chegar a um estatuto moral tão distinto. Ciúmes, caro vizinho, ciúmes dos que professam a exaltação do eu e a excitação da sua própria volúpia.  A isto chama-se insolência que, infelizmente, pertence ao estilo do tempo que vivemos!  Quanto à dúvida a que alguns aludem sobre o direito, ou não, de vir a ocupar o Panteão Nacional, a par de outros ilustres portugueses, sejam eles jogadores de futebol, cavadores, carpinteiros, ferreiros ou cirurgiões, para mim, desde que impolutos, de carácter sublime, justos, virtuosos, livres de falsas convicções políticas e religiosas e detentores da quase perfectibilidade infinita do género humano – se é que existe -, especialmente quando posta ao serviço de uma nação, deviam, todos eles e desde logo, ter lugar reservado nesse oráculo. Mas atenção, só os que fizeram do dever um culto dedicado aos seus semelhantes. Só não gostaria de lá ver os velhacos e os que sempre foram viúvos da glória! E eu bem sei como tu me entendes amigo vizinho posto que, nós os dois, embora não tenhamos tido uma “educação esmerada num colégio da Suiça”, somos seguramente detentores de uma polidez de modos e práticas inigualáveis, ou não nos tivesse este oiro sido transmitido por progenitores da mais fina condição humana. À nossa saúde e à de todos os bons espíritos, aqui vai um abraço reconfortante. Fica bem!
 
Mário Rui