terça-feira, 29 de outubro de 2013

Outubro 2013






















 
Mário Rui

A Grande Depressão






































 
29 de Outubro de 1929:  a terça-feira negra
Começa a Grande Depressão
A terça-feira negra, assim chamado o dia 29 de Outubro de 1929, marcado pela série de suicídios ocorridos em resultado do desespero dos accionistas que faliram com a queda da New York Stock Exchange (Bolsa de Valores de Nova Iorque) em Wall Street.
Cinco dias após a queda brusca do preço das acções na bolsa de Valores de Nova Iorque, a bancarrota adquiriu enormes proporções e a crise económica estendeu-se a nível mundial, desencadeando um período de turbulência financeira jamais visto na história. O impacto seria projectado no alto índice de falências bancárias e de desemprego, principalmente no sector industrial. O fôlego económico só seria retomado 12 anos mais tarde, a partir da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. A Grande Depressão provocou o avanço de políticos extremistas, que assim chegaram ao governo em vários países, como no caso da Alemanha com a chegada de Adolf Hittler e do Partido Nazi ao poder.

Mário Rui 

Partes de uma gestão não participada


Parte I- É curioso. As crises políticas portuguesas, bem assim como uma certa “democracia”, dão a volta à mente de algumas pessoas. Quer se trate de monarquia ou de um dado regime em que, supostamente, o povo exerça alguma soberania, directa ou indirectamente, é sistema de governo que se presta às mais vulgares considerações.
Parte II- Vejamos, Freitas do Amaral acha que, e passo a citar; «estamos numa das situações mais graves que Portugal viveu ao longo dos seus 900 anos de história. Só comparo esta situação em gravidade, em perigo para existência de um país chamado Portugal, à crise de 1383/85, que felizmente acabámos por ganhar com a batalha de Aljubarrota, e aos 60 anos [1580-1640] de ocupação castelhana através dos Filipes» (entrevista à Antena 1, em 06 de Junho 2013)
Parte III- Cito mais; «a lei não é proporcional nem progressiva, é regressiva, visa aprofundar a destruição das classes médias», e prossegue; «ora, sem classes médias fortes e com boas perspectivas de futuro, é a própria democracia que fica em perigo. É altura de dizer basta e de fazer este governo recuar, porque a continuar por este caminho, qualquer dia temos aí uma ditadura» (jornal Económico, em 27 de Outubro 2013).
Parte IV- Pois bem, como disse no início, tudo isto é curioso. Dissecando tanto quanto possível semelhante tautologia, concluo do seguinte modo; este douto lente, sendo que neste passo entendo ‘lente’ como tratando-se de disco de cristal por meio do qual se vêem os objectos em ponto muito maior ou muito menor que o natural, acha que a actual crise só se compara às de 1383/85 e 1580-1640! Claro que crises assim vividas, pelos outros, e durante 62 anitos, é sempre coisa que convém confrontar, está visto, posto que em tudo se assemelham à de agora. Ou seja, Freitas do Amaral, concluído que foi um trabalho de pensamento político verdadeiramente “socialista”, como aliás ele sempre assumiu desde o 25 de Abril, pugnando pelo regresso dos bens e propriedades particulares à colectividade, só agora descobriu , apesar da sua tal novel nervura “socialista”, que os tempos difíceis, os de conjuntura ou momento perigoso que ora vivemos, devem ser travados, sendo então altura de dizer basta porque a continuar por este trilho, qualquer dia acordamos com uma ditadura a bater-nos à porta.
Parte última- Eu nasci ontem e como tal desculpem-me o facto de não saber bem em que altura nasceu este “socialista”. Mesmo assim, presumo que terá sido lá pelos anos de 40. Ora, como ainda por cima sou pobre de memória, outro remédio não tive senão ir à enciclopédia livre. Chamam-lhe também de ‘wikipédia’, o que deve ser qualquer coisa de suma abertura de espírito já que, neste compêndio, diz que este senhor passou por parte da era governativa de Salazar e toda a de Marcelo e demais correspondentes proporcionais. Pese embora a minha tenra idade, vi, vivi, li e senti todos esses anos de amargura e, note-se, não estou a vitimizar-me porquanto quero continuar honesto. Não fui dos mais desamparados. Mas olhei os meus antepassados próximos e os meus semelhantes a comerem o pão que o diabo amassou. Descalços, com frio e fome! Diziam, e com razão, que uma sardinha tinha necessariamente de ser dividida por cinco ou seis bocas. Os meus avós paravam por horas sofridas numa qualquer fila de espera até que recebessem uma ração de açucar e sabão! Os que comigo brincavam, no mais das vezes, à noitinha iam à “sopa dos pobres” enganar a barriga. Depois, mais anos escuros volvidos, despedi-me de amigos do peito acenando-lhes à partida do vapor que largava esperanças perdidas num mar imenso e numa guerra estúpida. Eram tão perdidas que eles próprios, os meus íntimos, por lá ficaram sem saber porquê. Nem a eles nem às suas famílias em particular foi explicado, se é que tinha explicação, a que credo ofereciam o melhor que tinham, a sua vida! Os que por cá miseravelmente iam ficando, perdiam-se em interrogações vãs pois que nem no papel podiam verter as lágrimas de tanto sofrimento. A maior parte, gente honesta, digna, de grandeza humana superior, não tinha direito a pena que escrevesse só porque não tinha escola onde aprender. É por tudo isto que jamais chegarei a “socialista” e muito menos a “novo-socialista”. É por tudo isto que, hoje, não me faz falta absolutamente nenhuma a voz do senhor Freitas. Bem gostaria de a ter ouvido nesses tempos de outra cruel crise. O senhor estava lá, já em 1967 era doutor em Ciências Jurídico-Políticas. E não falava nessa altura? E não denunciou o sujo trabalho que condenou os da minha casta a uma existência animal? E não denunciou as evidências caídas das árvores dos tristes acontecimentos que não atenderam a nenhum outro interesse que não o da amargura do meu povo? Nunca ouvi a sua voz. Ditadura, como o senhor alvitra, pode bem ser a que aí vem de novo, mas nunca a que as suas palavras nos querem fazer crer. É outra com toda a certeza, mas para essa nós cá estaremos. Mesmo sem a sua ajuda, já sabemos ler, escrever, pensar e agir. Lutar, também! Alcançámos toda esta nascente abundante de frutos à nossa custa e jamais à custa de sons inaudíveis que, no momento certo, permaneceram como eram! Hoje, prestam-se ao discurso insípido, coisa assim do género pintado com tons caritativos e humanitários como que a fazer lembrar a todos nós o que de pior tem qualquer tentativa de reabilitação política. Realmente o remorso é tão inútil depois como durante e antes do mau acto cometido. Nunca gostei de átonos! O actual governo até pode ser, sendo-o de facto, abominável. Não gosto nada dele, mas tem sobre alguns uma grande vantagem; não me engana!!!

Mário Rui