quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

25 anos com Zeca Afonso




Há duas espécies de génios: uma que, antes de mais, gera e quer gerar, e outra que prefere ser fecundada e parir. Acho que Zeca Afonso está na lista dos génios que geraram. Que felizes somos por sentirmos ainda a sua voz, a sua música,a sua boa sociedade, o seu entusiasmo terno, a sua delicadeza de coração, o seu desejo do gracioso, a sua fé num Portugal novo. E tudo, tudo isto, gerado e depois arquitectado de uma forma tão humilde, tão simples, que só um ser superior, que nunca tem dúvidas quanto às sílabas decisivas para o ritmo que quer e deve impôr, o sabe fazer. Ainda se chama Zeca Afonso. Sim, porque afinal ainda não encontrei quem se lhe compare. Quer no seu ofício de luta, quer na honradez da sua persistente coerência. E pouco me importa se a saga é ou não em nome de bons princípios. Há homens em quem devemos depositar as nossas esperanças. Ainda que nos pareçam possuídos de princípios que não os nossos. Bem gostaria de conhecer outros assim. Não os há, ou se existem vivem com demasiado cio da ribalta... Ao Zeca, e deixem-me recordar também Adriano Correia de Oliveira, muito deve o meu país. E como foram, e são, ainda hoje, tão maltratados! Honra lhes seja!


Mário Rui

Efemérides




22 de Fevereiro de 1972. Uma data que haveria de fazer toda a diferença no que toca ao mundo de antanho. Um presidente norte-americano, Richard Nixon, apertava a mão a Mao-Tsé-Tung, aquele que, na altura, se dizia o patrono da luta "anti-imperialista" e "anti-capitalista" em todo o planeta. Passam hoje 40 anos sobre essa data.

Ainda estou para perceber, se é que me interessa muito, se lhe deva dirigir uma leve palavra pelo que foi a sua estratégia política, ou se o deva simplesmente condenar pelas suas políticas de terror que entre 1949-1975, provocaram a morte de 50 a 70 milhões de pessoas. Seus compatriotas.

Afinal todas as coisas «boas» de hoje foram noutro tempo más, terríveis. Após ponderação madura e raciocínio sério, tenho de agir segundo o meu carácter. Podemos perdoar-lhe esse sacrifício humano, tal como a Hitler ou a qualquer outro monstro. O que não podemos é esquecê-los, pelas piores razões.


Mário Rui