quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

25 anos com Zeca Afonso




Há duas espécies de génios: uma que, antes de mais, gera e quer gerar, e outra que prefere ser fecundada e parir. Acho que Zeca Afonso está na lista dos génios que geraram. Que felizes somos por sentirmos ainda a sua voz, a sua música,a sua boa sociedade, o seu entusiasmo terno, a sua delicadeza de coração, o seu desejo do gracioso, a sua fé num Portugal novo. E tudo, tudo isto, gerado e depois arquitectado de uma forma tão humilde, tão simples, que só um ser superior, que nunca tem dúvidas quanto às sílabas decisivas para o ritmo que quer e deve impôr, o sabe fazer. Ainda se chama Zeca Afonso. Sim, porque afinal ainda não encontrei quem se lhe compare. Quer no seu ofício de luta, quer na honradez da sua persistente coerência. E pouco me importa se a saga é ou não em nome de bons princípios. Há homens em quem devemos depositar as nossas esperanças. Ainda que nos pareçam possuídos de princípios que não os nossos. Bem gostaria de conhecer outros assim. Não os há, ou se existem vivem com demasiado cio da ribalta... Ao Zeca, e deixem-me recordar também Adriano Correia de Oliveira, muito deve o meu país. E como foram, e são, ainda hoje, tão maltratados! Honra lhes seja!


Mário Rui

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