domingo, 23 de janeiro de 2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Sorria, está ser espiado

O novo ano está aí e eu ainda estou para perceber qual é a piada de celebrar com champanhe e passas a chegada de um ano que sabemos que vai ser terrível para todos.
Tirando isso, nada melhor para começar o ano do que saber que a Associação do Comércio Audiovisual de Obras Culturais e de Entretenimento de Portugal (ACAPOR) vai avançar com queixas-crime contra mil portugueses por pirataria ilegal de filmes através da Internet. Bem bom, hã? E mais, garante Nuno Pereira, presidente dessa Associação, que esta vai apresentar todos os meses mil queixas na Procuradoria-Geral, a começar já no dia 5 de Janeiro. Ou seja, ou eu muito me engano ou o Orçamento de Estado para 2011 vai ter de ser revisto para englobar os custos de construção de novas prisões em cada cidade, vila e aldeia. Sim, porque a Internet também chega às aldeias! E a ser verdade a concretização dessa medida, estarão os Tribunais cheios de ‘piratas’ informáticos até 2047 - partindo do princípio de que o mundo não acaba em 2012, obviamente.
Ao que consta, o download ilegal de filmes prejudica grandemente a indústria cinematográfica. E eu até podia concordar com isso se não continuasse a ver o Tom Cruise a viver numa casa de 40 milhões ou o George Clooney a passar férias em Itália no seu pequeno iate. E quem fala em cinema fala obviamente em música. Os bonzinhos, coitadinhos, os que se sentem lesados pelo download ilegal de músicas ou filmes, querem fazer dos outros os maus da fita por violarem os Direitos de Autor e por partilharem ficheiros ilegais na Internet. Na minha modesta opinião, eu acho que eles querem encher ainda mais os seus já largos bolsos.
Pergunto eu: se um cliente paga mensalmente à sua operadora telefónica ou por cabo para poder ter um limite de downloads, isso não significa que já está a pagar pelos downloads que efectua? Uma pessoa que aceda ao Youtube e aos conteúdos ilegais (?) lá depositados, está também a cometer um crime? Se querem efectivamente irradiar o download ilegal de filmes e músicas, sugiro que se centrem em quem fornece ou disponibiliza esses ficheiros e não em quem os descarrega. Ou seja, ir directamente à fonte de pirataria. E uma coisa é usar esses ficheiros para consumo próprio, outra é usá-los com fins comerciais. É tudo farinha do mesmo saco?
E perguntam vocês e muito bem: então e como é que eles têm acesso a informação privilegiada sobre o que cada um de nós faz ou deixa de fazer na Internet? Eu não faço a mínima ideia, mas acho que a espionagem de comunicações alheia é um crime grave. Com que autorização acedeu a ACAPOR aos IP’s e aos conteúdos acedidos pelos ditos piratas (?) informáticos? Partilhar ficheiros para consumo próprio não é crime. Crime é o preço dos CD’s e DVD’s, dos concertos e dos bilhetes de cinema. Isso sim, é um crime gravíssimo!
Rui André de Saramago e Sousa da Silva Oliveira

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os homens e os outros


Vezes sem conta tenho ouvido falar da incompetência, e eu concordo com o qualificativo, da classe política que nos tem (des)governado ao longo de tantos anos. Um dia destes, já se conta quase meio século desde a altura em que, fazendo jus à sublime arte de enganar o próximo, uma catrefada de homens ditos públicos, o que será lá isso, se decidiu por arrasar o que de menos mau o País tinha. Arrasaram ancestrais modos de vida, é certo que nem sempre agradáveis para quem os vivenciou, sobretudo porque atrasados no tempo e no modo, mas ainda assim ávidos de melhores dias, porque sedentos de inovação. Mas não! Decidiram os tais ilustres estrategas do meu pobre País que, definitivamente, a modernidade era tão só uma ideia nova. Nada mais que isso e, vai daí, a reboque de outras tantas mentes brilhantes do velho continente, entenda-se gente que pensa e portanto sabe, estudaram no Parlamento Europeu, destrua-se o que parece improdutivo, o que se lhes afigura menos digno de uma terra moderna e aí vem um Mundo novo. De facto, se ao tempo Vasco da Gama assim tivesse pensado, certamente teria encostado o barco às Berlengas e não mais avançaria. Mas felizmente não o fez, isso era gente de outra tempêra. Livre-nos o Deus maior de qualquer comparação.
Bom, mas vem tudo isto a propósito da estocada final que há uns anos foi dada às pescas e à agricultura portuguesas. Gerações de lobos do mar foram votados ao desprezo, ao abandono, à fome e, com eles, inevitavelmente, também os barcos se afundaram. Triste sina dum povo marinheiro que outrora, na matéria, deu cartas ao Mundo e que graças a essa épica epopeia guindou este rectângulo, ou será já quadrado?, aos mais altos ditâmes de civilização que se preze. Quanto à lavoura, porque atrasada como já se disse, nem vale a pena apostar. De que vale falar em inovação se nos pagam para fechar a loja? O celeiro antes prenhe de diamantes da terra arável, é hoje um esqueleto do qual já nem memória resta. Os agricultores, essa raça que incomodava a Europa rica, era chão que já tinha dado uva. Abatam-nos pois, a uns e outros, porque a miséria do meu País é ainda mais visível à luz de cada um destes pequenos horrores. Assim devem ter pensado ministros, depois parlamentares, depois Presidentes, depois a casta arregimentada que serve de lastro a esses pobres príncipes reinantes. Por quanto mais tempo?
Ah, mas eis que novos tempos correm e novos pensadores vão agora tentar a eloquência mais convincente! Não têm os meus caros leitores dado conta do frenético clamor que por aí vai quanto ao ressurgimento destas nobres actividades? São absolutamente decisivas para o nosso futuro. Dizem eles. Os mesmos que feriram de morte este nobre povo, do mar ou da terra ou de qualquer outro lugar, reclamam hoje as cinzas, as cinzas dos mais aptos. Dos homens de excepção, hábeis, inventivos e sempre prontos a juntar um belo sentido da vida e uma bela alma. Vão lá agora pedir-lhes, a eles, que voltem a lançar a semente à terra e o barco ao mar. Então ontem deram-lhes uma esponja para apagar o horizonte e hoje querem que estas vítimas do sacrifício e do espírito de sacrifício, se voltem a sacrificar em nome da loucura das leis que tanto prazer vos dá redigir? Será que estes tais príncipes reinantes de que atrás falei ainda não perceberam que o homem comum, o lavrador, o pescador, têm de saber quais são aqueles em que a sua imaginação pode acreditar como alavanca dos seus actos?
Mário Rui



Lá, como cá!

A Lusa Democrática-recreativa

A politiqueirada portuguesa é uma gentalha execranda, parlapatona, intriguista, charlatã, exibicionista, fanfarrona, de um empertigamento patarreco — e tocante de candura. Deus. É pois isto a democracia?

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Língua em permanente evolução

Abismado: Sujeito que caiu de um abismo
Pressupor: Colocar preço em alguma coisa
Biscoito: Fazer sexo duas vezes
Padrão: Padre muito alto
Estouro: Boi que sofreu operação de mudança de sexo
Democracia: Sistema de governo do inferno
Barracão: Proíbe a entrada de caninos
Testículo: Texto pequeno
Homossexual: Sabão em pó para lavar as partes íntimas
Ministério: Aparelho de som de dimensões muito reduzidas
Detergente: Acto de prender seres humanos
Eficiência: Estudo das propriedades da letra F
Conversão: Conversa prolongada
Halogéneo: Forma de cumprimentar pessoas muito
inteligentes
Expedidor: Mendigo que mudou de classe social
Luz solar: Sapato que emite luz por baixo
Cleptomaníaco: Mania por Eric Clapton
Tripulante: Especialista em salto triplo
Contribuir: Ir para algum lugar com vários índios
Aspirado: Carta de baralho completamente maluca
Assaltante: Um 'A' que salta
Determine: Prender a namorada do Mickey Mouse
Ortográfico: Horta feita com letras
Destilado: do lado contrário a esse
Pornográfico: O mesmo que colocar no desenho
Coordenada: Que não tem cor
Presidiário: Aquele que é preso diariamente
Ratificar: Tornar-se um rato
Violentamente: Viu com lentidão

Cada vez gosto mais das novas tecnologias

domingo, 2 de janeiro de 2011

Portugal tão longe estás...



Volvidos 37 anos após essa renovada esperança de uma vida melhor para o meu País, eis-nos chegados a 2011. Trinta e sete anos de caminho duro, muito duro, traçado por alguns e aceite por outros tantos. Os primeiros, quais comandantes de um pelotão que há muito se decidiu pela debandada, não governaram. Governaram-se. Contaram histórias a um povo que, pela sua incultura e impreparação cívica (lá vem outra vez o maldito Salazar como é óbvio, mais a geração de sessenta, que alguns teimam em culpar por terem construído o mundo idílico em que vivemos, mais o capitalismo selvagem, mais as guerras, mais o obscurantismo parido, sabe-se lá se tão só pela ditadura se pela democracia dos interesses instalados após Abril) nunca se conseguiu encontrar, nunca entendeu ou não quis entender porque razão chegámos ao estado lamacento em que nos encontramos. Claro que este povo também é culpado. Mas à cabeça deste País mil vezes adiado, está seguramente uma cáfila de pseudo dirigentes que mais não fez senão soterrar as legitimas ambições de Portugal. Gente que, como diz um amigo meu, nunca pôs uma colher de cimento em cima dum tijolo. Gente sem carácter nem princípios. E não me digam que o País evoluiu, apetece-me dizer, com esta escumalha. Não me falem dos sucessos conseguidos nesta ou naquela área e no mais que quiserem. É mentira! Nada temos a agradecer-vos! Se algo se modernizou, o que eu acho altamente improvável, isso só resultou da obrigatoriedade que esta classe dirigente tinha em copiar, ao menos isso, o que de melhor era feito lá fora. Não nos presentearam com felicidade, muito menos com bem-estar social, antes pintaram gerações de jovens e de menos jovens com cores que pareciam as de um País rumo ao sucesso. Enganaram-nos! Não só Portugal não conseguiu apanhar os da frente como, pior, pariu hordas de incompetentes, de novos-ricos sem inteligência, mas ricos, de gente que acha que tem história e sabedoria mas que não sabe ler e, quanto a escrever, também estamos conversados. Estes políticos descobertos com Abril não souberam, porque ninguém pode ensinar aquilo que não sabe, dizer aos portugueses que nenhum vencedor acredita no acaso. Fizeram crer aos incautos que o conhecimento não é fonte de esperança, que a profícua vida comunitária não traz sabedoria , que a tranquilidade social duma Nação, não são valores de todos. Destinam-se a alguns. Eis a lição desta gente. É o tipo de tese que, quando sentida, e escutei-a vezes sem conta, me faz comichão no ouvido. Bem sei que nós e os outros que estão piores que nós, os mais avisados entenda-se, por vezes fervemos com tudo isto. Endurecemos, como é o caso presente, arrefecemos de novo na ideia de que o ritmo de Portugal não é divino nem encontra Messias que o salve. Até sabemos, imaginem, que o tempo que vivemos é ímpio, imoral, desumano, mas agora já não é amargura o que sentimos mas antes revolta. E não nos iludam com eleições. O regime que vos encobre e que tão caro vos é - veja-se a vossa ânsia pela justa participação popular - convém-vos afinal, é o regime que afiança a vossa segurança e que vos é mais útil e importante que a verdade. Mas olhem que a nossa liberdade não se esgota no voto! Políticos incompetentes do meu País, percebam de uma vez por todas, e já agora façam constar, que esta matriz eleitoral é muito parecida com a de 1932 - também houve eleições livres e para parir um monstro. E o curioso é que o povo que deu à luz génios como Schumann, Beethoven, Bach, foi o mesmo que pariu essa criatura. Povo, povo, homem comum, vê se começas a entender a patológica degenerescência do animal político. Só tu podes libertar-te.
Mário Rui

sábado, 1 de janeiro de 2011

Serge Lama



Eis-me assim neste ramo torso,
A balançar o meu cansaço.
Um pássaro me convidou,
Um ninho de pássaro me abriga.
Onde estou então? Tão longe. tão longe...