segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

É um teatro esta imprensa


“Depois da tempestade Ana, vem aí o Bruno” (LER AQUI)
É um teatro esta imprensa
Ontem viveram-se momentos de pânico em quase todo o país devido à tempestade que se abateu sobre todos nós. Apelidaram-na de Ana e esse foi o nome adoptado por quem de direito para tornar reconhecível mais uma coisa séria do universo. Séria porque violenta, assustadora, capaz de dar sinal de vida apta para tirar outras vidas, outros bens. Mas a triste imprensa que temos, que faz do susto causado aos leitores uma ‘eloquência jornalística’, apressada que está em sacrificar a verdade à nota trágica, prefere dizer que “depois da tempestade Ana, (já) vem aí o Bruno”. Assim, secamente! Nada mais cristalino como isto, pois não acham? Inventar sendo preciso, sem remorso pelos prejuízos causados, nem cautelas pelos esforços exigidos às vitimas leitoras destas pasquinadas, jornalismo burlesco que parece querer induzir um amanhã, um hoje mesmo, com outra procela que nos há-de afligir. Não seria melhor, mais cristalino ainda, dizer antes aos leitores que Bruno é apenas um nome, de A a W, que batizará uma nova tormenta que ninguém sabe quando acontecerá? É que, explicar a coisa assim, bem procurei em todos os jornais mas todos optaram por dar à estampa a cor da neblina que tudo esfuma. Para incomodar o povo e até a Providência, basta-nos o jogo das leis naturais. Para melhor as percebermos, bem gostaríamos de imprensa mais séria e com frases de estrutura gramatical desprovida de cicios, tempestades, já agora também com menos buzinas e flautas.
 
 
Mário Rui
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