sábado, 2 de novembro de 2019

Daquele frio nascido fora de nós


 
 
Mário Rui
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O terramoto de Lisboa de 1755

 
"Na manhã do dia 1 de Novembro de 1755 a terra tremeu durante vários minutos, derrubando edifícios e espalhando os seus destroços por toda a parte. Foi o mais destrutivo sismo de que há registo no nosso país. A capital portuguesa sofreu grandes estragos e mortandade também devido ao maremoto e ao incêndio que se seguiram. O litoral sul português e o Algarve foram igualmente atingidos. Minutos depois o rio cresceu pelas ruas da cidade, invadindo a baixa. Muitas pessoas que tinha fugido para as margens do Tejo com o objectivo de escapar aos edifícios que ruíam foram apanhadas pelas águas. Quando as ondas se retiraram ficaram os incêndios que queimaram o que restava".
 
 
Mário Rui
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Por aí


 
 
 
Mário Rui
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O trabalho que o trabalho dá

Numa luz muito mortiça que nem é bem a da tarde, nem é bem a da noite, o terreno vê-se revolto de pedrinhas miúdas e ervaçal que tornam penoso o movimento dos braços.
 
 
Mário Rui
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Se nisto Portugal também já mudou, então não vai deixar endereço

 
Se nisto Portugal também já mudou, então não vai deixar endereço.
E lá vem aquilo que eu abomino. Aquilo que desnacionaliza o que de melhor temos no que à diversão, à romaria popular, à nossa tradição festeira, diz respeito. Pobre terra esta que de ordinário não se importa nada com o que importa, e menos ainda tem o costume de nada se importar com o que não costuma exportar, e devia. Bem que podíamos mandar para os EUA o rancho de Santa Marta de Portuzelo, o Tá-Mar da Nazaré, o Dia da Espiga, a Batalha das Flores, as nossas Marchas Populares, o Jogo do Rapa ou o da Macaca. Isso é que eles iam aprender o que era arraial do bom. Ou até, para ajudar à festa, umas uvinhas só nossas, daquelas que passam as passas do Algarve só para conseguirem chegar à América. Meia dúzia delas já era coisa para pôr os americanos em estado de não mais mandarem para cá bruxas. Por um lado, já temos que cheguem. E, por outro, finava-se essa tradição noctívaga e tétrica ‘secularmente enraizada” na cultura popular portuguesa. Eu sei que é divertimento por cá transmitido de geração em geração, e que calça que nem uma luva connosco, pois claro. Mas, que diabo, por que razão importamos tanta porcaria lá de fora se o português pode produzir tanta coisa linda cá dentro? Até pode ser um bocadinho chata a coisa linda, mas é muito mais chata a coisa ser feia e, ainda por cima, não ter nada a ver connosco.
 
Mário Rui
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