sexta-feira, 8 de maio de 2015

Eleições no Reino Unido


Quanto às eleições no Reino Unido, confesso que vi pouco. Conhecidos que estão os resultados do acto, podemos agora somar os “mas”, os “porquês”, os “pois”, os “não obstantes”, “a crise”, os “nacionalismos”, as “clivagens” e o que mais se queira. É tudo análise política que se pode fazer e, mais ainda, até pode concorrer para o gosto de uns e o desgosto de outros. É isto a democracia e uma vez que neste país funcionou de novo bem e a tempo, só devo ficar satisfeito pois, para além do regime ter funcionado com normalidade, a sociedade civil local viu-se tão mudada quanto à fisionomia que as sondagens políticas lhe atribuía que, chamado o povo às urnas, ficou claramente patente uma visão deveras estreita daquilo a que se convencionou chamar de processo de estudo de um mercado ou de uma opinião pública – vulgo sondagem. Satisfez-me porque continuo a crer que, neste particular, há, em nossos dias, uma porção de opiniões, de sentimentos, de instintos, de vontades, que devem o seu surgimento ou ressurgimento a factos alheios ao que se diz na praça pública. Mesmo lançando mão da ciência estatística e da probabilidade, o certo é que mostrar a razão de todas as nossas inclinações e de todas as nossas ideias pode assinalar bem, no sítio certo, a fragilidade do tido como antecipadamente seguro. Os fleumáticos ingleses, votaram como muito bem lhes apeteceu e os conservadores no Reino Unido obtiveram a sua primeira maioria absoluta desde 1992. Embora alguns tenham insistido, lá, ontem, como hoje cá, na descoberta prévia do sentido de voto destes e de outros eleitores, de novo erraram no que diz respeito à avaliação dos impulsos, ou mesmo dos instintos contraditórios do povo que acorreu à eleição. É assim que as pessoas erguem a sua voz, pouco me importa se para melhor ou não, porquanto não me cabe pôr em causa o resultado do seu voto. A liberdade é isto mesmo e atenção que a consequência deste sufrágio lá por terras de Sua Majestade, a Rainha Elizabeth II, bem pode ser um ‘case study’, eu chamar-lhe-ia até um Guia Prático e Essencial de Estudo Pré-Eleitoral que, se entretanto editado a tempo e horas, ainda poderá vir a ser folheado no nosso país, no mínimo pelos mais crédulos em filosofia política logo ganhadora, por forma a que possam compreender, se é que sabem ler política, da razão das coisas, sendo para tal condição necessária que não permaneçam acorrentados ao meio dominante, vislumbrando o futuro apenas através de algumas formas mais ou menos incaracterísticas. Enfim, fica a sugestão e já agora – se me é permitido - um conselho aos eleitores de cá; desviem-se de meios de sondar e de vozearias especulativas e sigam as vossas máximas de vida. Essa é uma boa filosofia de votante, a única que submete o voto à razão individual e finta os dogmas de que alguns se acham donos intemporais. Ah, e também serve para outra coisa; subtrai depois esses mesmos de toda a discussão racional deixando-os entregues ao perplexo. Mas isso é lá com eles. O importante é que cada um vote como quer e em quem quer, de preferência nos que não subvertem o mundo, claro!
 
 
Mário Rui
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