sábado, 17 de agosto de 2013

Não matem os jornalistas

 
 
Por descuido meu, penitência a que me devo obrigar de modo a tentar expurgar o gesto impensado de abusar do comando da televisão, dei comigo a ver o início de uma entrevista da locutora Judite de Sousa a um tal milionário brasileiro que levita aí pelas écrans cor-de-rosa de um canal que se chama TVI. Ontem mesmo. Acto contínuo, abusei de novo da moderna tecnologia e, vai daí, há que saltar de canal. Se tivesse que ser o da “Mancha”, não hesitaria em fazê-lo. Nem que me debatesse em águas revoltas, preferiria isso a ter de assistir a tal nojo. É, não lhe encontro melhor adjectivação. Nojo (des)informativo que infelizmente roça o impensável, fere gravemente o brio dos verdadeiros jornalistas. Quanto à estação que permite encaixes destes, já nem falo. Pois se tudo nela é narcótico, que mais há a dizer? Só a pedir: fecham-na rapidamente pois se isto é ser “educador público”, então os réprobos da terra, isto é, aqueles que ainda não têm acesso às “delícias” desta forma de vida, devem beneficiar da ajuda de um advogado que auxilie as suas exigências. Só vi a introdução e bastou-me. O resto imaginei e pelo vistos não me enganei. É só ler o que por aí corre sobre o assunto. A instantaneidade, o imediatismo balofo, a vacuidade que é marca distintiva da TVI, fazem com que se assista, não só à contracção do tempo e do espaço em que vivemos, como também à humilhação de muitos telespectadores, curiosamente coincidindo com a “inglória” de uma classe profissional que não merece prestações do tipo aludido. Este canal, e pelos vistos algumas más companhias a que se junta, precisam urgentemente de consultar um psicanalista que os possa integrar, ou reintegrar, na comunidade humana. Só seguidamente conseguirá, talvez, «refazer» essa ligação com os outros. Se a conflituosidade permanecer irreconciliável, então convoque-se  o juízo para trancar a porta. Há tanta gente para dizer bem e não pode. E gente sem futilidade inerente. Como é fácil “matar” os bons profissionais da imprensa.

Mário Rui