quinta-feira, 28 de abril de 2016

Ria de Aveiro



 
Já houve tempo em que atravessar a Ria de Aveiro também era coisa para se fazer com braçadas longas vindas de corpos afoitos que se lançavam à água. Braçadas fortes, não tanto para ganharem taça que não tentava sequer passar por champanhe, mas antes porfia prazenteira. Nadar, nadar sempre, como se se tratasse de iludir um invisível perseguidor. Era o tempo em que a água ia farta, a perder de pé, e a travessia era distância onde se distinguia o cintilar longínquo das ondulações. Hoje, resta-me a resignação de fel do quotidiano que vejo. E faço por esquecer, ignorar, soltar as amarras que me prendem a esta talvez doentia obsessão de não compreender onde estão os que deviam dar uma mão à Ria, um olhar que fosse. Devia talvez, acima de tudo, impedir-me de pensar. Mas não posso. Quando assisto a tanta manifestação ciclável, tanta vontade de pôr um país em cima de um selim, não que esteja contra mas só porque já me começa a cheirar a manifestação reservada a um enorme bolo sem velas, e assim esquecendo a nossa Ria de charmes e sorrisos, só me posso indignar. Já tem pouca água, sobeja agora menos distância, mais silêncio, mais vazio e ainda mais lodo em sítio que devia ser cama de água. Sinto que tudo falhou, sinto que a Ria de Aveiro nunca mais vai ser o que tinha querido ser, sinto o seu destino transformado num descalabro sem regresso. E sinto ainda mais; o seu charme e sorrisos de antanho, circulando entre os seus milhares – talvez milhões – de convidados, são hoje porta sem saída pois a de entrada há muito que está fechada. A regeneração resume-se, até agora, a uma chuva de conselhos ditos mas nunca feitos e é por isso mesmo que repito, repiso e quero prestar quotidiano testemunho do fracasso disfarçado! Mas como o futuro tem inesperadas formas de se vingar, talvez um dia nademos, pesquemos e comamos montados em bicicleta que há-de rolar em mais uma via em sítio que outrora foi Ria. Talvez depois nos interroguemos; não há ninguém em quem pendurar a culpa? E não sou contra a bicicleta, embora isso desse jeito a alguns. Sou é contra a voluptuosa catalepsia mental que faz soçobrar a Nossa Ria!

 

Mário Rui
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30 anos depois

 
30 anos depois
Trinta anos depois da explosão de um dos seus reatores, em 26 de Abril de 1986, uma zona de exclusão ainda vigora em redor da instalação nuclear de Chernobyl, na Ucrânia - então, uma das repúblicas da antiga União Soviética.


Mário Rui
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E a mãe natureza?


E se um dia vos disserem que o mundo é só uma tecnologia, se vos repetirem que tanta elevação é porta-voz do progresso, então perguntem ao mundo para onde foi a neve que caía, o sino que repicava, a natureza crestada pelo Sol, o aroma dos largos prados e também a alegria das águas mansas que corriam entre as ervas altas. E se houver quem vos recite esses dias de apetite poético, então essa voz será a mais imutável fortaleza de vetusta ciência. Ideal, mesmo ideal, seria que, a haver dois mundos, com fins diferentes, um deles não baralhasse a viril, nobre e bem ponderada argumentação do outro. Que caminhassem paralelamente na civilização, um com o título de fabricante, outro com o nome emblemático de mãe-natureza que é afinal coisa sã e cerrada de irreprimíveis simpatias.
 

Mário Rui
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O vigésimo quinto dia


O vigésimo quinto dia
Podemos ficar com a mágoa por não termos conseguido o “melhor dos países”, mas apesar de tudo convém lembrar que conseguimos um país melhor. E a despeito das vicissitudes e de alguns pessimismos circundantes, também será de lembrar que afinal foi Abril quem trouxe bom clima a muitos dos que hoje ainda não acreditam, sequer, numa aparência de vantagem que o tal vigésimo quinto dia lhes ofereceu.

 

Mário Rui
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Não foi possível ganhar


Não foi possível ganhar. Paciência. Se quisesse falar, referiria coisas bem ratonas que se passam neste e noutros relvados. É que qualquer vontade medianamente enérgica de ganhar a certos adversários, faz medo a esses mesmos e ainda muito mais ao único trio em campo. E quando o triunfo se alcança pela audácia de quem devia julgar atinadamente, então percebemos como são bem doseados os sopros intencionais do apito que abre caminho a vitórias desmerecidas. Tem decisões, tem apitadelas, que achincalham a retina de quem as vê. Falo de fábulas alheias que nos vão açoitando domingo a domingo. Mas há uma coisa que ninguém nos tira; é a nossa farta monção de aplausos à equipa do CDE pelo que já fez. Merecem-nos!
 
 
Mário Rui
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À consideração superior


E nunca se deve dizer que estamos desencorajados, porque pode acontecer que nos tomem a sério.
 
 
Mário Rui
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O meu 124


Saudades. Foi sempre solidariedade certa!
 
 
Mário Rui
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Museu sobre Charlie Chaplin foi inaugurado na Suíça


Museu sobre Charlie Chaplin foi inaugurado na Suíça
O museu que ocupa dois edifícios está instalado na mesma casa onde o actor viveu com a sua família durante 25 anos, na cidade de Vevey, na Suíça. O Chaplin´s World, é um museu inteiramente dedicado à vida e obra de Charlie Chaplin.
 
Mário Rui
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