domingo, 29 de outubro de 2017

161 anos de comboios (Outubro de 1856/2017)


161 anos de comboios (Outubro de 1856/2017)
Desapareciam as carroças e nascia o caminho-de-ferro, que tomou esse nome porque os veículos se deslocavam em carris de ferro. Em Portugal, depois de muitos projectos falhados e da constituição de várias empresas fracassadas, foi inaugurada a primeira linha de caminho de ferro entre Lisboa e o Carregado, numa extensão de 37 Km. A primeira viagem realizou-se no dia 28 de Outubro de 1856 levando a bordo o Rei D. Pedro V.
Quantas foram as histórias contadas, vividas, ouvidas no comboio? Quantas viagens típicas, simbólicas e míticas nessas carruagens? Quantos bilhetes cobrados feitos pensamentos novos nessas viagenzinhas do progresso? Devagar, às vezes devagarinho, mas progredindo sempre. Quantas pressas em chegar tantas vezes incertas no ânimo de ter alguém à espera? Quantas vezes corremos a apear-nos no elegante da Estação e no abraço, no beijo aguardado? Quantas paisagens comidas com os olhos nessas estradas de ferro? Fumos e vapores, uma vez ou outra, açoitavam a delícia de se ir e voltar, mas íamos e voltávamos. E digam lá o que quiserem mas o comboio foi um romantismo que se entalhou na alma de quem nele tomou assento. Tinha paladar próprio, atrelado a locomotiva, rainha por direito que puxava sonhos rolantes. Desvaneceu-se o prestígio? Não! Talvez só a sua lembrança. Daí que a traga agora à memória porque não sou muito dado a distrações. O comboio merece-a. A recordação e um grande poema de epopeias!
 
 
Mário Rui
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Uma imagem é muitas coisas





Mário Rui
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EStarreja

 
 
 
Mário Rui
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Dia das Bruxas? Nem de veludo!


Desculpem-me o anual afoitamento mas afinal de quantas sarroncas se compõe a tradição do meu país? Bruxas, vestes rasgadas, reluzentes chapéus fatídicos, gritos de dor, lança em punho, quando não espada desembainhada, tudo isto é memória ancestral da minha comunidade? Defendam-nos os deuses se um dia alguém tiver de perguntar aos vindouros onde estão os descendentes e os representantes das antigas tradições portuguesas. Americanizamo-nos? E depois? Desaportuguesamo-nos? Cortamos tolamente o fio da nossa história? De quantos sumos é feita esta importação tétrica, de trevores, ainda por cima encenada pelos mais pequenos? Não haverá coisinha mais virtuosa vinda do lado de lá do oceano? Coisa assim de pezinho leve, olhar travesso e sorriso tentador. É a isto que se chama infância e adolescência, que aos ditos também encanta e aos cotas toca meigamente durante o correr inteiro desses anos. Tanto melhor se risonhas fadas, muito pior se rua cheia de dramas julgados humorísticos e de tridentes em riste.

  

Mário Rui
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Egas Moniz


27 de Outubro de 1949 

O médico, professor e investigador português António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz (1874-1955), Avanca – Estarreja, partilha o Prémio Nobel da Medicina com Walter Hess, pela "sua descoberta do valor terapêutico da leucotomia em certas psicoses".

 

 

Mário Rui
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Oh diabo!

Oh diabo! Esta é que eu não conhecia. Anda a UE a dizer que a culpa é apenas dos desmandos dos pescadores e vem agora o CM esmagar reputações a esmo. Afinal, em que é que ficamos? A chuva molha, o vento abana, o sol queima. E o roaz? O que faz? Come sardinhas? E o jornal, o que escreve? Tem sempre nos ouvidos o estrondo de uma bomba que não rebenta?

“Se fores um dia ao mar,

Que a fortuna te não deixe;

Bota a rede e vai-te embora,

Quanto mais burro mais peixe”

 
 

Mário Rui
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A casa do senhor ministro foi assaltada!

 

A casa do senhor ministro foi assaltada. O país, a imprensa, está alerta! A polícia dá giz no taco. A mais extremada investigação está em curso, o caso faz barulho na terra que somos. Mas se isto fosse uma razão para falar, muita gente estaria calada neste país de palradores. Uma passadeira de comoções jornalísticas deixa atrás de si um largo traço de espuma condoída. O senhor ministro ficou sem o telemóvel e os escribas salpicam-lhe veneras por tão hediondo crime sofrido, duro. No norte e no centro prepara-se a proibição da pesca da espécie. E num entardecer de Outubro, que lá para 29 deste mês vai começar a ser o ‘prestígio’ de dias que escurecem mais cedo, uma comissão de sardinhas vai cumprimentar um pescador pelos seus trabalhos marítimos. Os bravos que se arranjem, que mudem de emprego, e os palradores do costume, descuidados num grande ar de alheamento pela sorte dos humildes, nem dão pelo momento de confusão dos que pescam sobrevivências, nem ouvem os gemidos dos que sofrem, nem assistem às convulsões dos que agonizam. A casa do senhor ministro foi assaltada e a atenção deles concentra-se nesta perturbação de lesa-pátria. Como se não fosse abominável atirar para o nada desempregos que alvorecem. A norte e no centro. A sul, só os telemóveis desaparecem. Caramba, tudo acontece ao norte e ao centro. E então, muito calmo, muito resignado, como quem aceita os fados, agora é o norte do pescador que vira poente, como outrora foi a agricultura que virou ocaso. Até das minhas dúvidas já duvido, mas há algo que sei; em jeito de quem dizia examinar as coisas com tino, a lavoura nacional tinha muito de admiração mas afinal não fazia nada por Portugal. Fizeram-lhe um enterro cheio de graças mas, sabe-se agora, num cumprimento desrespeitoso. Repetir-se-á a história? Da pesca pouco sei e das reservas do pescado ainda menos. Conheço bem é os ladrões que se aproveitam daquela espécie de sono hipnótico para aligeirarem os bolsos dos que pouco têm. Estou insatisfeito com recordações tristes do passado e com muitas apreensões pelo futuro. Que se lixem os telemóveis e ministros também há muitos!

 

Mário Rui
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Estarreja


Estarreja - Outros tempos.
(Casa dos Correia Telles-Beduído)

 
Mário Rui
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Elegâncias

 
 
 
 
Mário Rui
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A hora


um século a atrasar os relógios. Oh tempo, volta para trás? Até parece que foi o relojoeiro quem fez o mundo.
E assim, de quando em vez, há um mundo que muda a hora não vá a hora mudar o mundo.
“A génese está relacionada com a poupança de energia, mas hoje já não há grandes poupanças, trata-se de uma questão de comodidade”, afirma o director do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), Rui Agostinho.

 

Mário Rui
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Azuis lindos

 
 
 
Mário Rui
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