domingo, 29 de outubro de 2017

Dia das Bruxas? Nem de veludo!


Desculpem-me o anual afoitamento mas afinal de quantas sarroncas se compõe a tradição do meu país? Bruxas, vestes rasgadas, reluzentes chapéus fatídicos, gritos de dor, lança em punho, quando não espada desembainhada, tudo isto é memória ancestral da minha comunidade? Defendam-nos os deuses se um dia alguém tiver de perguntar aos vindouros onde estão os descendentes e os representantes das antigas tradições portuguesas. Americanizamo-nos? E depois? Desaportuguesamo-nos? Cortamos tolamente o fio da nossa história? De quantos sumos é feita esta importação tétrica, de trevores, ainda por cima encenada pelos mais pequenos? Não haverá coisinha mais virtuosa vinda do lado de lá do oceano? Coisa assim de pezinho leve, olhar travesso e sorriso tentador. É a isto que se chama infância e adolescência, que aos ditos também encanta e aos cotas toca meigamente durante o correr inteiro desses anos. Tanto melhor se risonhas fadas, muito pior se rua cheia de dramas julgados humorísticos e de tridentes em riste.

  

Mário Rui
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