segunda-feira, 26 de março de 2012

Dos loucos que nos habitam


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E como parar um mundo de loucos que a cada instante acossa e intimida o nosso pacato viver, o nosso incipiente sossego? De que natureza, de que massa é feita gente desta? Quem lhes ensinou que o viver dos outros é para destruir, qualquer que seja a causa e, quantas vezes, sem causa.

Que Deus é que acolhe e escolhe espíritos alvoraçados cujo único intento é fazer trespassar a face da lâmina por entre a felicidade de alguns? Díficil é a resposta, mais difícil é dedicar-lhe compreensão por tudo o que planeiam, executam e desmoronam.

Quão trágico é habitarmos uma terra que já passou por tantas ou tão poucas barbáries que, afinal, nada educaram, nada de bom trouxeram à humanidade para que ela se pudesse assumir na sua plenitude. Acima de tudo fazendo carregar por sobre os ombros de homens e mulheres um certo jeito, risonho e sábio, de estar cá.

São os loucos que ameaçam o mundo novo quer sejam, também eles, humanos, máquinas, prodígios da ciência, inovações da tecnologia. Mas a tecnologia não tem culpa. A tecnologia, a ciência, as máquinas, são o que quisermos fazer delas. São valorosas se proporcionarem o bem-estar do Homem, se permitirem que se trabalhe menos e se ganhe mais. Não necessariamente dinheiro, mas conhecimento.

Caso contrário não valem de nada. Só promovem desigualdades, ganâncias, desmedidos sentidos de poder e nefastas influências. E num eventual pacto entre loucos, máquinas e homens, eu opto pelos últimos. São e serão sempre os primeiros.

Ainda que lhes queiram trocar as voltas, aos verdadeiros Homens, serão sempre eles a caldear o azedume com o bom-senso e a arrastar para o abismo o que é supérfluo, o que não nos faz falta alguma e, desse modo, a dar-nos serenidade no que pensamos e fazemos.

Já não sou miúdo, como gostaria de o ser, mas continuo a ler a ver e a escrever. E ainda assim me ficam manias. Especialmente a mania de que há-de vir um D.Sebastião, ou então um cerrado nevoeiro que envolva num manto enorme um guia a quem possa idolatrar e o seu saber me possa elucidar sobre o que não se explica.

Pagarlhe-ia caro, acreditem, os juros do seu talento. Podia ser poeta, filósofo, prosador, cantor das desigualdades, mas que fizesse suas as nossas inquietações. E que levasse os loucos para bem longe da nossa pele. Reproduziram-se e generalizaram-se à velocidade da Revolução Industrial e por cá ficaram, vingaram.

Até que se construa uma Pátria utópica, não os conseguiremos afugentar com pomadas domésticas. Que pena eu tenho!


Mário Rui

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