terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Basófias




O jornal Público de ontem, dia 20 de Fevereiro, brinda-nos com uma primeira página onde o destaque vai todo para Eduardo Catroga, esse eminente economista que, a par de outras mentes brilhantes da nossa economia, nos salvou da insolvência enquanto País. De resto, o jornal, dá-se ao cuidado de titular: “o homem que fez um governo e ficou de fora”.

Francamente esperava, não muito mais, mas ainda assim um tudo-nada de independência jornalística e respeito pelos poucos leitores que este periódico, senão já pasquim, vai tendo. É quase uma primeira página para um exemplo que de político imaculado e norteador do rumo de um povo, nada tem a dizer. Só posso encontrar uma explicação para este destaque.

Ou o jornal está pelas ruas da amargura ou então enveredou pela vulgaridade do que titula e escreve, e assim não lhe auguro grande futuro. Quanto ao artigo em si, logo perdi a vontade de o ler tão-só porque a capa elucidou-me quanto ao teor que adivinho pobre. São apenas sinais jornalísticos, ou plásticos?, para conceitos de alguns articulistas que se acham como fazendo parte de grupos de sensações que se repetem e juntam frequentemente.

Qual será verdadeiramente o objectivo de tão ilustre escrita em relação a tão sublime político que , somado a outros cuja cintilância arde ainda hoje no céu da nossa cultura europeia? Só pode tratar-se de perturbação, de pequenos acessos de tentativa de estupidificação em relação aos leitores.

É que estamos, ou está o Público, a falar de alguém que foi candidato a ministro e que, com 70 anos de idade continua agarrado à coisa político-partidária, agraciado com 45 mil euros mensais na EDP, somados a uma reforma doirada, para não dizer milionária, de que não abdica. Isto roça a raia do pornográfico. Talvez tenha a ver com a história dos “pentelhos” e com a sua nomeaçao para a presidência do Conselho Geral de Supervisão da EDP.

Agora do que eu não tenho dúvidas é que esta operação jornalística só pode, a aduzir às outras razões antes apontadas, ser como que uma espécie de sabonária que tudo lava. Até a imagem daqueles que mais e melhor beneficiaram com a mudança de Governo.

Na verdade, uma coisa que se explica, deixa de nos interessar. Piedade para com todos. O jornal e o homem. Observamos mal a vida se não tivermos também visto a mão que, de uma maneira especialmente enganosa como a do Público, nos ludibria, e a do homem que por amor narcísico pouco tem a ensinar-nos.

O narcisismo é uma barbaridade: porque se exerce à custa de todos os outros. Acabo já! Deixem-me apenas acrescentar o que diz o suplemento do P2 a propósito do economista: “Competente, dinâmico, empenhado, impulsionador, independente.” Eu insisto na necessidade de deixarmos de vez de confundir ética com basófias. Que dose de cretinice tudo isto.. ...

Mário Rui

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