domingo, 11 de setembro de 2011

Mentira



Viver sob o signo de uma mentira não é fácil. Primeiro, porque na maior parte das vezes não nos queremos conformar com a veracidade dos factos, mesmo quando eles estão à nossa frente. Algumas pessoas chamam a isso estupidez, outras ingenuidade. Depois, porque uma mentira repetida muitas vezes jamais se torna uma verdade.


Mas há mentiras boas e mentiras más. As boas pressupõem uma surpresa agradável ao homem ou à mulher da nossa vida, uma partida ao melhor amigo ou um “eu não sei de nada!” que nos protege de qualquer inconveniência da qual não fizemos parte.


As más, pelo contrário, não são agradáveis, antes corroem o espírito de quem engana e de quem é enganado e deixam ao descoberto a mesquinhez e a falsidade de quem as alimenta.
As mentiras más são isso mesmo. Más. Mesquinhas. Vis. Não importa quem as inventa, quem as diz ou quem as sustenta. Não importa a sua forma, cor ou conteúdo. Não importa sequer a raça, o credo ou a religião de quem as produz.


Depois existem as mentiras grandes e as mentiras pequenas. As mentiras óbvias e as mais discretas. As dos que nos governam e as dos que nos querem governar. As dos casais e as dos solteiros. As dos assistentes de vendas e as das empregadas de limpeza. As dos vizinhos e as dos desconhecidos. As dos pequenos e também as dos mais crescidos.


Seja como for, uma mentira má é sempre condenável. Por isso, por muito tentadora que seja, não nos devemos nunca sujeitar a ela. Fuja-se que ela é um mal que arde por dentro e incendeia a alma dos que gozam com ela e dos que com ela sofrem.

E apesar de curta, a mentira dói sempre mais do que a verdade porque nela vive a única coisa que precisa de ser provada: o incerto.

Rui André

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