sábado, 22 de outubro de 2011

Este nosso tempo.



Por muito que me chamem de pessimista, eu continuo a defender a ideia de que Portugal está despedaçado, em cacos que jamais se poderão unir, colar, para fazer dele um novo País. De tudo o que vejo, leio e oiço , só uma impressão me fica. A partir de agora acho que nem a convicção, nem a fé nos ajudarão a chegar a um estado, mínimo que seja, de felicidade.

E, o que mais me deprime é ter a sensação, senão mesmo a certeza, de que o povo de nada se apercebe. Julga que estamos hoje como ontem, quando o ontem era uma época de alguma esperança, de algum júbilo de algum desafogo. Mas não é assim que acontece. De facto estamos mesmo muito, muito mal. Pouco a pouco não consegue este povo assimilar uma era que precisa de prazer, de fermento que refunde uma vocação de dignidade.

Tudo lhes parece bem. Tudo lhes parece nobre e, pesem embora as dúvidas e as ténues manifestações que às vezes tomam em mãos, por aí se fica este leal e passivo povo.
Tão mal estamos que já nem sei se vale a pena apontar o dedo aos que nos votaram a esta realidade.

Perguntar-me-ão, então , o que fazer. O que está ao nosso alcance para reverter o caminho que nos indicam e que nos levará pela certa ao infortúnio, à desgraça? Já por mais de uma vez o disse. Não partidarizemos este nosso tempo. Unamo-nos e dada a importância desta luta, tudo o mais há-de ser indiferente.

Esta luta precisa de quem grite, pode ser na rua – não vejo mal algum nisso- pode ser através da escrita, pode ser por meio de actos que abanem consciências maléficas que sempre nos condenaram a um estar de vassalagem, mas façam-no, por favor. Gritem contra os que nos desprezaram, contra os que sempre preferiram tomar a defesa dos seus próprios direitos, leia-se mordomias, dinheiro sujo, quantas vezes com cheiro a sangue.

Deixámo-los abusar da nossa paciência durante muito tempo. Tempo demais. É chegada a altura de termos uma conversa com essa gente. Que não há-de ser nada pacífica, nem dócil. Perante aquilo a que temos direito, seja liberdade sejam melhores condições de vida, apostemos tudo na nossa atitude de impertinência e provocação. Outros assim o têm feito e com vantagens. Não queremos estas governanças como companheiras. Só são inofensivas quando se mostram em público. Nunca para o lugar para onde nós vamos!

Mário Rui

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