quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Os progressos do atraso


O atraso económico é um dos mais perenes temas de discussão entre cientistas sociais portugueses. São-lhe atribuídas várias causas, entre as quais a situação periférica, a fraqueza da sociedade civil, a falta de recursos naturais, a inexistência de Reforma, o centralismo excessivo, o intervencionismo do Estado, os níveis de educação insuficientes, o domínio da grande propriedade fundiária e tantos outros. É possível que os especialistas nunca cheguem a acordo na identificação das causas decisivas. E talvez isso não seja o mais importante. Realmente interessante é fazer, como Pedro Lains faz de modo exemplar, um esforço rigoroso de estudo e acompanhamento, a par e passo, do crescimento económico português ao longo de quase dois séculos, o que lhe permite mostrar como o atraso não é produto de uma causa singela. Depende de variáveis múltiplas e, em cada momento histórico, da situação geral. (António Barreto) Pedro Lains é um dos pioneiros e um dos autores de topo da nova corrente de historiografia económica portuguesa. As suas conclusões são baseadas em cuidadosas investigações estatísticas e em técnicas modernas de análise económica, em vez de assentarem, como anteriormente tanto se fazia entre nós, em inferências extraídas de informações muitas vezes pouco quantificadas ou apenas parcelares. O seu livro é uma referência indispensável para o estudo da história económica portuguesa desde meados do séc.XIX. Nele se apresentam explicações fundamentais para as questões mais relevantes dessa história. Entre outras, são especialmente interessantes as suas contribuições para a discussão da falta de convergência real da economia portuguesa em relação às dos países europeus industrializados desde meados do séc.XIX até ao fim da I Guerra Mundial e dos avanços na mesma convergência durante o período posterior até ao fim do século XX. (José Silva Lopes)

Mário Rui

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