quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Dos homens superficiais.



Há muitas luzes apagadas e aquele que com a vista penetrou bem fundo no Universo, adivinha muito bem quanta sabedoria reside no facto de os homens serem superficiais.

Marinho e Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados, foi constituido arguido pelo crime de difamação de um juiz. Pelo que disse publicamente de um juiz de direito, em diversas ocasiões, nunca lhe citando o nome, num exercício corajoso de ignomínia. Já estamos fartos de almas como a deste bastonário. Não é, nem nunca será um verdadeiro e puro artista , nem na concepção, nem na execução. É justamente por isso que o seu drama é uma coisa ao mesmo tempo fria e ardente, tão apta para gelar como para inflamar. A justiça precisa é de quem faça sempre a mesma coisa. Pode ser fria ou ardente, mas que seja sempre e só uma. De outro modo, qualquer dia só lançará mão de palavras com intenção difamadora e ao mesmo tempo verborreia afável. Assim, ninguém compreenderá que tipo de homem é este. O conselho que lhe dou, também sou conselheiro, é que viva com uma imensa e orgulhosa calma: sempre para além de. Ter e não ter, arbitrariamente, razão, há-de levá-lo um dia ao deserto. E aí, mesmo as palavras fortes, somem-se com os ventos fortes de tal lugar. De facto há homens muito superficiais e há sempre, mais tarde ou mais cedo, um tímido olhar de solidão. Porque não te calas, Marinho?

Mário Rui

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