sábado, 16 de fevereiro de 2013

O Malhadinhas



























"Subitamente a aeronave põe-se a vogar num meio branco, gelatinoso, granulado, flocos de penas, vapor, miolo de sabugueiro, bruma de cortar à faca. É branca e maciça, quase mármore. Destas brumas que incorporizam os lobos no assalto aos currais e os D. Sebastiões envergonhados para sempre da sua derrota inacreditável."


Aquilino Ribeiro - 'O Malhadinhas'


Foi assim, com toda esta "razão" e "paixão" que pareciam prevalecentes, que se fecharam a sete chaves e para todo o sempre, urgências hospitalares (também e sobretudo na minha amada terra), maternidades e outros bens que confortavam a nossa existência enquanto cidadãos de pleno direito. Disseram-nos que era para melhor. Uma saúde mais dirigida, de melhor desempenho, mais próxima e com evidentes ganhos para os utentes. Balelas! Há homens que se enganam miseravelmente quando julgam achar a felicidade dos outros mais na forma dos seus governos que nos direitos que a esses outros assistem. Direitos que afinal deveriam, isso sim, ser o espelho de inquestionáveis reformas de costumes. Mas isso não interessa nada. Em algumas democracias há um certo trono e habitualmente é a anarquia e a incompetência que o ocupa. Essa é a razão que leva muita gente a criticar o que vem depois e a nunca querer perceber o que ela própria pariu! Ainda pior, só a culpa que morre solteira e que parece conferir a tais remédios (leia-se decisores políticos) uma autoridade, que não têm, e que só agrava frequentes vezes os males e os tornam incuráveis. Realmente os que melhor discorrem sobre a virtude são os que mais vezes ficam calados!


Mário Rui

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