quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O milagre panegírico e o costumado ecúleo que desabrocharam hoje em mais uma ‘prestação’ (a)social a mim entregue!





















 
 
 
 
 
 
 
 
O milagre panegírico e o costumado ecúleo que desabrocharam hoje em mais uma ‘prestação’ (a)social a mim entregue!
 
Se é verdade que se regista um ligeiro crescimento da economia portuguesa, não é menos verdade que este incremento não pode ser apelidado, como por aí ouço, vindo de hostes partidariamente engajadas, de «milagre  da periferia». Chamar-lhe-ia antes de «periferia do milagre», posto que o momento actual e a previsão que se  anuncia, não são flores que se cheirem. Afinal, tudo a que tenho assistido é à degradação da vida real das pessoas, nomeadamente das que trabalham e das que trabalharam. O resto, é fanfarronice política. Como diria Lipovetsky, “A Era do Vazio”, está para ficar! Sim, é que à força de tanto insistirem no facto natural de semelhante milagre, para mim oposto à condição actual do país, talvez alguns se sintam impensadamente induzidos na ajuda ao fogueteiro da costumada ciência pirotécnica dos últimos governos, para não recuar ainda mais, de Portugal. Despojem-se os incautos de qualquer optimismo ingénuo e centremos a atenção na análise das incoerências e dificuldades desta democracia real. Basta abrir o recibo de vencimento, da reforma, da pensão, ou ler o periódico, para percebermos do modo como «algo vai mal no reino de Portugal» ( na Dinamarca tudo vai muito melhor). A saber: a sobrevivência das oligarquias e do respectivo poder invisivel, continua firmemente assegurada. A revanche dos interesses do povo, entenda-se recuperação do perdido, continua por acautelar. As promessas não cumpridas estão também por explicar. Todas são situações a partir das quais não se pode falar de presente, e muito menos em futuro risonho. Não entendo a que factos paranormais se referem alguns. Para mim, milagre, acontecerá no dia em que eu, semelhantes meus, o povo enfim, nos voltemos a sentir cidadãos de pleno direito e assim deixemos de lado o súbdito em que nos transformaram. Milagre, virá no dia em que me restituírem o justo ordenado que entretanto me roubaram, a reforma que levaram aos nossos pais e avós, quando de novo um governo digno por cá resolver poisar o reino da virtude perdida. Posso admitir que estejamos todos, os bons, a lutar por estas causas com “sangue, súor e lágrimas”, mas dificilmente acredito na vitória se acompanhados nesta batalha, como estamos, por homens que não merecem respeito maior que um espantalho ou um monte de lama. Associarmo-nos a tal estirpe virulenta é uma desonra, e esta desonra traduzida em ofensa grave é, nem mais nem menos, reconhecer que os governos de Portugal, e especialmente os seus variegados suplementos, depois do 25 de Abril e salvo um, ou dois casos, não mais, foram uma espécie de exército invasor que tornou um país escravo dos desejos esfaimados de tal força beligerante. Velhacos, eu que nunca me recusei a pagar um imposto, pois sempre desejei ser tanto um bom português quanto um mau súbdito, vejo-me agora na real contingência de exigir a restituição dos abonos que me saquearam em defesa da minha exemplar cidadania. Fazem-me falta! Nunca julguei aqui aportar porque nunca ajudei ao naufrágio. Quem devia estar a padecer com a grande deterioração social que a todos inquieta era o leque alargado de gente, que de desastre em desastre, tornou incontrolável a gestão do país. Não nós, que jamais nos metemos em gueto fortificado que prejudicasse terceiros.
 
Mário Rui

Sem comentários: