quinta-feira, 24 de março de 2016

Encéfalos com gangrena!



Bruxelas 22 de Março de 2016

Se o verde e a água, se os sonhos das crianças, se a natureza e o sol que encima a minha terra servirem para mais do que aquilo que imaginamos, pois então que seja para nos afastar dos olhos o firmamento imbecil dos que, na cara de todo o mundo, nos querem legar catálogos intermináveis de barbaridades. Por cá, é Primavera, nota-se. Olhamos em redor para um sítio que subitamente se enfeita de cores mas, a seu lado, há um outro que num raio doloroso nos faz perceber que a chuva do ódio cai, que o chão abunda de sangue, que as roupas cheiram a pólvora, que os corredores da vida são estreitos quando feitos por mãos assassinas. Convém espalhar a Primavera, mas não menos importante é mostrar ao verde, à água, ao sol, à natureza e em particular aos sonhos das crianças, esta triste condição de haver sentimentos que não são imediatamente acessíveis ao outro. E porque são apenas intuitos de desgostos causados à Primavera dos inocentes - intentos nados e criados na estupidez facínora de mentes perturbadas - a gente não percebe como é que tanta animalidade pode servir a uma empreitada tão destruidora. É urgente, é preciso avisar a nossa diferença, mas também em muito a nossa indiferença, de modo a que a regeneração do selvagem não tenha por obstáculo a preguiça que às vezes somos. Às infâncias sonhadoras que nos sucedem, é eloquente que lhes ensinemos que um futuro só pode ser melhor se for modesto por orgulho mas intransigente por princípio! Talvez assim venha porvir são, mais primaveras que espero ainda adorar e sobretudo menos encéfalos com gangrena.


Mário Rui
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