segunda-feira, 18 de junho de 2018

Um ano sobre os trágicos incêndios florestais de Pedrógão


Passa hoje (17 Junho 2108) um ano sobre os trágicos incêndios florestais de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Ansião, Sertã e Pampilhosa da Serra. Por aqui me fico, não vá um qualquer leitor dizer que eu, em sonhos, ouso proferir com êxtase o número indescritível de área ardida e, sobretudo, de vidas sacrificadas às chamas. E afirmo isto com tanta mais segurança quanto é certo que para me não escaparem outras assinaláveis desgraças, reparei com grande cuidado em todas elas e demais criaturas atingidas. Entretanto passaram, segundo opiniões que por aí ouço aos que as deviam ter evitado e não evitaram, umas doze luas de mel que, supostamente, terão servido para reunir uma famosa colecção de meios técnicos e humanos que, no próximo período crítico, tudo resolverá. Desejo que sim, que assim seja, mas como vivo também um pouco por este mundo do “estamos a caminho da solução”, há décadas, reservo-me o direito de achar tudo isto coisa bastante completa de estratégia e astúcia política. Assim, dobro esta cartilha e guardo-a, até que sejam conhecidas as provas. Ademais, descubro ainda quando quero, como qualquer outro, o sentido das palavras que humedecem de ternura os olhos dos arregimentados que as lêem. Porém, gosto muito mais de palavras que humedeçam de facto a caruma que arde. Mas uma coisa confesso para tranquilidade dos que me lerem; se realmente tudo correr bem, como espero e quero, cá estarei para abrir então a cartilha e me penitenciar do meu pessimismo antecipado. Se o objectivo for conseguido, direi que finalmente saudável figura rebentou do chão antes ardido como uma planta em flor. Talvez até condene tanto pluviómetro, barómetro, termómetro, anemómetro, o telégrafo, a telefonia sem fios, o telefax, tudo meios que sabiam sempre de que lado estava a chuva, o vento, a comunicação eficaz. Difícil foi sempre encontrar de que lado vinha o fogo, entender o que faria, como todos vimos. Mas uma certeza eu tenho; se muito correr mal, então voltaremos à inutilidade da prevenção e, pior, insistiremos na improficuidade da carta de outorga que alcunha de responsáveis os que do ofício nada percebem.

 

Mário Rui
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